SALVADOR
Túnel subterrâneo provoca debate na capital baiana
ABI realiza debate, na próxima terça, na sede da associação, no auditório Samuel Celestino
Por Lívia Oliveira*
O “Túnel A”, como está sendo chamado o projeto do túnel subterrâneo feito para pedestres que liga o Campo da Pólvora, em Nazaré, ao Taboão, tem sido tema de um debate acirrado. Questões como segurança e investimento têm provocado as autoridades e a população. Para sanar as dúvidas, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) realizará debate na próxima terça-feira. O evento será, das 10h às 12h, no auditório Samuel Celestino.
“Por um período muito curto é um projeto de governo. Depois que é aprovado, isso vira uma licitação, depois vira um contrato, depois vira uma obra. Depois isso se torna também um compromisso para o município, que vai pagar por essa obra pelos próximos anos ou décadas”, narra Ernesto Marques, presidente da ABI, em relação ao compromisso do projeto com a população.
O túnel de 825 metros deve transportar cerca de 3 mil pedestres por dia e ficará entre 12 e 50 metros de profundidade no solo. A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas de Salvador (Seinfra) informou que o túnel contará com escadas rolantes dando acesso às esteiras, três estações e monitoramento por câmeras de segurança.
O que chama a atenção de Armando Branco, arquiteto, urbanista e professor, é o alto custo da obra, que está em torno de R$ 300 milhões. “Um projeto deste, diante de uma cidade que tem outras demandas, a gente até se preocupa. Se fizermos um exercício muito simples, vamos ver que com esse valor nós poderíamos construir uma coisa que é vital para a nossa cidade, principalmente por causa das áreas de risco”, conta Armando.
Comparação
O arquiteto ainda menciona que, com o dinheiro investido no túnel seria possível construir cerca de 4.100 habitações e é preciso pesar as necessidades que existem na cidade, além de verificar o custo-benefício com segurança e manutenção. Ele também cita que deve haver mais discussão sobre a real necessidade do túnel.
Por isso, o debate promovido pela ABI visa se aprofundar no projeto, fazendo uma abordagem 360° e escutando tanto apoiadores quanto contrapontos.
Para Paulo Ormindo, professor, arquiteto, articulista de A TARDE e também idealizador do projeto, já foram realizadas grandes obras na Bahia, como o metrô e o BRT, sem esse processo.
“Essa é a primeira vez que vejo um tema como esse sendo amplamente debatido na sociedade e, por isso que eu acho muito positivo, independente de qual seja a posição a ser tomada pela prefeitura”, conta Ormindo ainda.
O arquiteto também não vê uma audiência pública como a maneira mais adequada de se discutir problemas que impactam toda a sociedade.
Na sua concepção, inicialmente é preciso ouvir as associações defensoras da cidade, órgãos técnicos como Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e demais órgãos ligados à área.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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