SALVADOR
Visitantes reclamam de insegurança em Pituaçu
Por Kleyzer Seixas
Uma área de mais de 15 quilômetros de ciclovia, encravada entre as invasões de Bate Facho e Alto do São João, policiada por, no máximo, cerca de 20 seguranças diariamente. Construído para servir como área de lazer para a população, o Parque Metropolitano de Pituaçu é considerado inseguro pelos visitantes que costumam freqüenta-lo.
O coordenador de eventos do Parque, Leno Canão afirma que a principal queixa dos visitantes está relacionada aos assaltos registrados no local. Até agentes da Polícia Militar (PM) recomendam que as pessoas evitem entrar em determinadas áreas de lazer com equipamentos caros, a exemplo de máquinas fotográficas, dinheiro ou outros objetos de valor.
Segundo Canão, os assaltos ocorrem porque o Parque, hoje, possui 10 entradas ao longo de sua extensão. Dessas, apenas quatro são oficiais. As outras não recebem a fiscalização adequada e são atalhos que surgiram ao longo dos anos para que os moradores das invasões tivessem acesso mais rápido à área.
O ideal, segundo ele, é ter mais de 30 agentes circulando por toda a extensão. O carro da polícia circula diariamente, mas o contingente é pequeno e não dá conta de atender todas as pessoas que vêm ao Parque, destaca Canão, ao alertar: As pessoas devem se precaver mais e evitar andar pelo lugar com muito dinheiro.
Devido ao problema, muita gente deixou de utilizar a ciclovia, como Patrícia Barros, de 26 anos. Ela foi assaltada há dois anos, quando pedalava na área. Levaram sua bicicleta e tênis e, hoje, ela não ultrapassa a entrada, onde fica localizada uma pequena praça com aparelhos de diversão infantil.
Patrícia continua indo ao Parque porque seu namorado trabalha no bairro e ainda ouve muitos casos. Uma amiga dela, por exemplo, foi assaltada há menos de 15 dias. A segurança não cobre toda a área da ciclovia e os marginas aproveitam para nos abordar porque sabem que não serão pegos, destaca.
As estudantes Tayná Góes, Fernanda Nereu e Michele Bocacio freqüentam o local há anos e nunca sofreram com a ação de assaltantes, mas perderam a conta da quantidade de relatos sobre violência na região. Antes desses casos de roubo havia muito mais gente no Parque, destaca Tayná.
Os casos de assalto acabaram afastando muitos visitantes, reclama o vendedor de pipocas, Antônio Izidro, que trabalha há mais de 12 anos no em Pituaçu. Segundo ele, o fluxo de pessoas era grande todos os dias. O movimento era intenso de segunda a segunda e crescia consideravelmente nos dias de folga. Mas houve uma queda muito grande, acrescenta.
Ele também atribui o problema à falta de segurança. Há quatro anos diminuíram o número de policiais e até hoje a vigilância deixa a desejar. As pessoas quando param para comprar pipoca reclamam da insegurança. Muitas delas deixaram de vir porque sentem-se ameaçadas, destaca.
Além dos assaltos, há relatos ainda de que o Parque sirva de ponto de uso drogas à noite, de acordo informações dos freqüentadores e trabalhadores que atuam no local. Segundo eles, alguns moradores das imediações usam e traficam drogas na reserva ambiental.
A poluição da lagoa é outro motivo de queixa dos visitantes e funcionários do Parque de Pituaçu. O local está impróprio para banho porque a água está contaminada por conta de problemas que atingem o rio Pituaçu, responsável pelo abastecimento da lagoa.
Até hoje não deram um jeito de limpar a lagoa, o que é um absurdo. O Parque de Pituaçu é um local de entretenimento e as pessoas não podem tomar banho na lagoa porque dizem que está poluída e também não há como andar na ciclovia, porque a chuva estragou a pista, reclama Izidro.
Questionado sobre as condições da ciclovia, o coordenador de eventos informou que a administração do Parque conseguiu três máquinas compactadoras para consertar o terreno deteriorado. A previsão é que a pista esteja reparada na primeira semana de dezembro, garante Leno Canão.
A situação do Parque seria discutida nesta quinta-feira, 23, em audiência pública composta pela Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembléia Legislativa da Bahia (CPMA) em parceria com representantes da Comissão de Defesa e Proteção ao Meio Ambiente da OAB e o Grupo Ambientalista da Bahia (Gambá). O evento ocorreria no auditório inferior da Universidade Católica do Salvador (Campus de Pituaçú), mas foi adiado.
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