FEIRA DE SANTANA
Casal relata caso de LGBTQIA+fobia em evento do Dia das Mães em escola
Mulheres disseram que escola só queria permitir que uma das duas participasse de evento
Por Da Redação
Um casal denunciou nas redes sociais ter sido vítima de LGBTQIA+fobia em uma escola da cidade de Feira de Santana. Em postagem colaborativa com a jornalista e criadora de conteúdo Lorena Coutinho, as mães de uma aluna - que possui quatro anos e é autista -, relataram que, na homenagem ao Dia das Mães na escola Asas de Papel, a direção da instituição só queria permitir que um das duas participasse do evento.
No vídeo postado no Instagram, é exibido a mensagem que a direção da escola enviou a Mariana Leonesi e sua esposa, Larissa Porto, informando que elas teriam que decidir uma das duas para participar da homenagem.
“Boa tarde, família! Estamos entrando em contato pois verificamos dois nomes de representantes na lista de homenagens às mães ou responsáveis. Estamos preparando esse momento com todo o carinho que a mãe ou representante merece, contudo, tratando-se de um ambiente de educação, no qual a construção e cumprimento de regras inclui ética e respeito ao direito do outro, enviamos um comunicado anterior, enfatizando que cada criança terá direito somente a um representante por família. Além disso, a dinâmica e espaço do evento 2024 não permitem aglomeração. Verificamos portanto, que na lista de professora xxxxxxx, todas as demais famílias cumpriram o procedimento legal. Acreditamos que o direito de um é o direito de todos, e sei que vocês prezam por essa postura. Por gentileza, orientamos que retifiquem e enviem para a professora xxxxxxx, ainda hoje, até as 17h, o nome de um pessoas, para providenciarmos a pulseira de identificação”, diz a mensagem.
Diante da mensagem, o casal respondeu que as duas eram mães da aluna, de nome Marina, e que as duas iriam ao evento. Mariana e Larissa ainda destacaram que, se a escola insistisse no constrangimento, iriam acionar a justiça e expor o caso.
“Como sabemos, somos duas mães, por isso não temos como escolher uma para ir. Qualquer constrangimento como este será novamente uma denúncia em relação à justiça e canais de comunicação, Facebook, Instagram. Uma prática inclusiva significa que lidar com diferentes de modo diferente, ao mesmo tempo, valoriza a diversidade. Ao que saiba, na escola, as duas únicas mães somos nós, logo não tem porque na sala de Marina ter dois representantes, se todos os estudantes têm um pai e uma mãe. Sinto muito, iremos as duas”, respondeu o casal.
Em mensagem posterior, a escola afirmou que todas as famílias receberam o mesmo comunicado. Disse ainda que as outras famílias, mesmo possuindo ”avós ou tias como rede de apoio na representação materna”, concordaram em cumprir a regra da instituição. Na mensagem, a direção ainda ressaltou que ficou perplexa com a ameaça de exposição pública, e que, por isso, liberaria a participação das duas mães.
“Senhora, a escola Asas de Papel possui mil e trezentas crianças. Todas receberam o mesmo comunicado com as orientações de quantos representantes seriam, com bastante antecedência. Não tivemos problema com nenhuma família, até agora, afinal, nosso objetivo é sempre deixar claro o respeito ao senso coletivo no que se refere a isonomia. Ficamos perplexos com a ameaça de exposição pública, por estarmos exercendo o direito institucional de sermos justos e criteriosos com todas as mães, que mesmo tendo avós ou tias como rede de apoio na representação materna, sequer cogitaram descumprir o combinado. Somos corretos e honestos nas nossas ações com dados e fatos, o que nos respalda ao direito de resposta em qualquer meio de comunicação e condizente com qualquer difamação. Ninguém pode ser exposto por não atender ao desejo individual de alguém. Muitas famílias se prepararam para transmissões ao vivo da homenagem, por meio da representante. Diante da ameaça [...] posteriormente, decidimos que jamais colocaríamos um momento tão lindo em jogo, expondo as mães a momentos constrangedores citados e ameaçados por vocês. Nosso objetivo é além de nós mesmas. Este é o verdadeiro espírito de solidariedade e respeito ao outro. As duas pulseiras estarão liberadas. Aguardamos por vocês duas. Bom evento”, diz a mensagem da escola.
Apesar do ocorrido, as duas mães participaram do evento, que ocorreu em 4 de maio, na escola. Elas, no entanto, comentaram na postagem, afirmando que foram mal recepcionadas no dia da festa do Dia das Mães e que a direção da escola já não fala com elas há algum tempo.
“Eu gostaria de compartilhar que a direção já há um tempo não fala conosco! Os olhares são de muita raiva, todos os dias nos sentimos expulsas, é muito triste! No dia das mães sofremos muito, não foi fácil irmos à escola e a recepção dada foi feita pelas diretoras, nos ignorando e olhando para nós como se fôssemos monstros. Hoje a nossa relação se estabelece com algumas professoras, serviços gerais, portaria, mães e algumas monitoras! Marina ama a turminha dela, formou o vínculo e por isso a dificuldade para tirarmos. Mas, imaginem se tirássemos sempre que esses preconceitos se apresentassem?! A nossa luta já tem alguns anos com a escola, eles rejeitam disponibilizar a mediação exclusiva solicitada em laudo médico, sendo que é direito da criança com autismo, garantida por lei. Hoje nos sentimos intrusas, no entanto, tentamos resistir pelo amor e responsabilidade com a nossa filha. Não irão nos silenciar, a luta segue!”, disse o casal que possui perfil compartilhado no Instagram.
O Portal A TARDE entrou em contato com a escola Asas de Papel, para buscar um posicionamento da instituição sobre o caso, no entanto, até a última atualização desta reportagem, não recebeu resposta. [Veja vídeo do relato abaixo]
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