BAHIA
Comunidade acadêmica vê proposta de aulas online com ressalvas
Por Vitor Castro*
Estudantes e professores têm visto com cautela a proposta de aulas online nas universidades públicas. Na Universidade Federal da Bahia (Ufba), a ideia de um semestre suplementar foi encaminhada pela administração central para o conselho universitário (Consuni) e deve ser votada na próxima terça-feira. Já na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), reuniões estão acontecendo para pensar a viabilidade das aulas.
A minuta encaminhada pela administração da Ufba, dentre outras coisas, esclarece que o semestre adicional não comprometerá os semestres letivos presenciais de 2020.1 e 2020.2. Mesmo assim, o universitário Elmo Araújo, 40 anos, que está no 3º semestre do bacharelado interdisciplinar em Humanidades, está reticente.
“Mesmo que o conteúdo seja disponibilizado em outra plataforma que eu possa acessar pelo android, acho que seria prejudicado por que é um canal limitado. Eu tenho uma limitação muito grande de visão e tempo de exposição”, disse.
Para um dos diretores da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e membro do Consuni, Pedro Diniz, “parte dos alunos não teria a opção de fazer o curso suplementar por falta de acesso à internet. Esse caminho que a Ufba vem construindo parece o mais sensato e sensível a realidade dos estudantes”.
Por meio de assessoria de imprensa, a Ufba respondeu que, por enquanto, a proposta circula entre os professores, estudantes e servidores e que mudanças podem ocorrer no projeto que pode ou não ser aprovado. O Ministério da Educação informou que disponibilizará internet para estudantes de baixa renda matriculados em universidades federais.
A presidente do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub), Raquel Nery, diz que a proposta já era esperada. De acordo com Nery, o sindicato e que a universidade está tentando se adaptar. A presidente conta que o sindicato tem analisado como serão as condições de trabalho dos professores, o impacto da atividade remota e intensidade, além do modo como as aulas serão ofertadas. “As condições de acesso dos estudantes nem sempre permitirão a participação nas atividades nem também os professores em sua totalidade. Não sabemos ainda como será, por que as formas como as disciplinas serão dadas vai depender muito dos colegiados, dos departamentos”, disse.
O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da Uneb, Gustavo Mascarenhas conta que 90 representações de diretórios acadêmicos são contra o ensino remoto. “Nenhum estudante pode ficar para trás. No entanto, estamos tentando dialogar com a reitoria sobre a possibilidade de exceções, como aqueles estudantes que estão para se formar”, disse.
O reitor José Bites de Carvalho ressalta que a proposta ainda está em discussão junto ao conselho universitário, mas diz que uma assistência universitária à conectividade dos alunos vem sendo pensada.
“Estamos discutindo as várias opções e tentando identificar qual a melhor forma para tentarmos abranger o maior número possível de estudantes”, afirmou o gestor.
Para a representante da Associação de docentes da Uneb (Aduneb) Ronalda Barreto, é importante destacar o caráter provisório das aulas remotas.
“Assim sendo, não podemos abrir mão de princípios como a isonomia na aprendizagem como direito de todos e as condições de trabalho, saúde e segurança dos servidores docentes”, disse. Ainda de acordo com a representante, deve se analisar a disparidade salarial entre os docentes. “Pode ser que esse professor não tenha condições de adquirir as ferramentas tecnológicas”.
A Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) informou que uma comissão está elaborando proposta de atividades remotas emergenciais. A reportagem de A TARDE entrou em contato com a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e não obteve retorno até o fechamento desta edição.
*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira
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