ENCONTRO
Conferência da Diáspora discute políticas entre África e Américas
Evento segue até amanhã, com objetivo de reforçar os laços e formular futuras ações
Por Madson Souza
Temas como pan-africanismo, memória, restituição, reparação e reconstrução tomaram a Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba) na cerimônia de abertura da Conferência da Diáspora Africana nas Américas. O evento segue na capital baiana, até amanhã, com o objetivo de reforçar os laços de África e Brasil e pensar em políticas possíveis para o futuro, com a presença de intelectuais, pesquisadores, ativistas e políticos dos dois continentes.
O evento é promovido pelo governo do Togo, pelo governo federal e pelo Governo da Bahia, com o apoio da Ufba e do Instituto Brasil África.
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E para representar essas instituições se fez presente o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, o reitor da Ufba, Paulo Miguez, o ministro das Relações Exteriores, da Integração Regional e dos Togoleses no Exterior, Robert Dussey, e o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco.
“Nós estamos querendo construir uma alternativa para a humanidade. É isso que está em jogo aqui. Nós acreditamos que é possível, a partir das nossas experiências de lutas e sobrevivência. Os nossos países foram vítimas do colonialismo e, portanto, tem o racismo nas nossas culturas sociais. Se nós conseguimos sobreviver a tudo isso, se os nossos ancestrais nos permitiram vir até aqui, é porque nós podemos avançar muito mais”, afirmou o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, Silvio Almeida, que foi aplaudido ao longo do seu discurso.
Afinidades
As semelhanças entre brasileiros e africanos foram ressaltadas pelo ministro togolês, Robert Dussey, durante a coletiva de imprensa de abertura do evento.
“A única diferença entre vocês e nós é que vocês têm passaporte brasileiro e nós, o africano. Além disso, não há diferença. Essa luta contra a descriminação racial não é uma luta contra outro povo, é uma luta pela sobrevivência e dignidade. É necessário um esforço de conexão na África, mas temos que buscar também o apoio de nossos irmãos nessa luta”, comentou.
Esse aspecto da conexão humana é um dos pontos fortes do evento, segundo a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
“Um evento como esse fortalece as conexões culturais e humanas. Essa ação de vir ao Brasil, fortalecer esses laços, ampliando a possibilidade de conexão é super importante. Ainda mais aqui em Salvador. Isso traz novas perspectivas, abre novas janelas de comunicação. Ações como essa ajudam a promover essa reparação tão necessária”, ressalta.
Reconhecimento
Com a maior população negra fora de África, o Brasil se apresenta como palco ideal para a Conferência da Diáspora Africana nas Américas. Já a Bahia, com quase 80% da população autodeclarada negra – conforme dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, não só é o espaço adequado para estreitar essa relação por conta de questões demográficas, mas também históricas, de acordo com Ângela Guimarães, secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi).
“A Bahia é protagonista na luta contra a desigualdade racial desde o início da sua formação. As rebeliões negras, a Revolta dos Búzios, a Revolta dos Malês, os quilombos e os movimentos populares sempre posicionaram a Bahia numa relação íntima com as lutas de independência colonial e pelo fim do colonialismo no continente africano. Este evento reafirma esse papel e nos faz olhar para o futuro, bebendo das experiências do passado para enraizar no presente e apontar para um desenvolvimento global justo, sustentável e equânime, incluindo os países da diáspora e do continente africano”, explica.
A conferência na Bahia é um evento preparatório para o 9º Congresso Pan-Africano, que vai acontecer em Togo, entre os dias 29 de outubro e 2 de novembro, com o tema “Renovação do Pan-Africanismo e o papel da África na Governança Global”.
Aqui, no estado, a conferência segue hoje, no Wish Hotel da Bahia, e amanhã, no Centro de Convenções, na Boca do Rio, limitado a participantes convidados da União Africana e das Américas.
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