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Cooperativa de pescadores, marisqueiras e agricultura familiar, é criada entre a RMS e o Recôncavo da Bahia

Evento contou com a participação de centenas de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares

Por Redação

09/12/2024 - 17:21 h
Imagem ilustrativa da imagem Cooperativa de pescadores, marisqueiras e agricultura familiar, é criada entre a RMS e o Recôncavo da Bahia
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Neste último sábado, 7, em São Francisco do Conde (BA), foi realizada a Assembleia de Constituição da COOPEMAR - Cooperativa Multiprodutiva de Pescadores, Marisqueiras e Agricultores Familiares de Madre de Deus, Candeias, São Francisco do Conde e do Recôncavo Baiano.

O evento, ocorrido no auditório do Colégio Estadual do Campo de Tempo Integral Anna Junqueira Ayres Tourinho, contou com a participação de centenas de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares, sendo considerado, em décadas, o mais representativo avanço na convergência de interesses destes trabalhadores, em torno atividades de produção e desenvolvimento socioeconômico do setor, no Estado da Bahia.

“A constituição da COOPEMAR é fruto dos sonhos e anseios de gerações de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares, que sempre trabalharam para impulsionar a economia local e regional, sem perder de vista a proteção e potencialização dos recursos costeiros e das riquezas naturais da Baia de Todos os Santos e do Recôncavo Baiano”, ressalta Zé Túnel, pescador e líder comunitário que assumiu a presidência da cooperativa, em sua primeira formação.

Para Zé Túnel, a COOPEMAR terá como principal desafio à frente de sua constituição, a necessidade de imediata infraestruturação e fortalecimento da pesca sustentável e da maricultura regional: “Conversaremos com todos os órgãos, entidades e, muito especialmente, com a indústria petrolífera, a fim de conscientizá-los sobre a importância do apoio comprometido de todos os setores para a consolidação desta iniciativa. Não podemos mais conviver com as imensas dificuldades sazonais, indenizações que não reparam efetivamente os danos ambientais causados por acidentes ou irresponsabilidade operacional, nem com esporádicos auxílios governamentais”.

Segundo a Comissão organizadora da cooperativa, o objetivo é que - em colaboração com as diversas associações, colônias de pesca e multiformes entidades sindicais - a COOPEMAR possa, finalmente, organizar a toda a cadeia produtiva do setor pesqueiro artesanal, propiciando a estratégica inserção econômico-produtiva de milhares de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares, que habitam a macrorregião e cidades inseridas, no amplo raio de atuação da cooperativa.

Ao discursar na Assembleia de Constituição da COOPEMAR, Silas Bittencourt, eleito Diretor de Produção da COOPEMAR, deixou claro que a iniciativa visa potencializar as iniciativas isoladamente realizadas pelas diversas associações e colônias de pesca local:

“Estejamos todos cientes de que a COOPEMAR não concorre com as entidades associativas já constituídas, nem diminui a importância ou sobrepõe a função social destes entes. Tenho a convicção de que, a inclusiva proposta de sua constituição e a ampla abrangência multi produtiva de que se reveste, destacaram a COOPEMAR como a mais importante e legítima aliada institucional, tanto para a qualificação de nossas atividades profissionais, quanto para o beneficiamento e colocação dos nossos produtos em mercados antes inacessíveis”, ressaltou Bittencourt, que também é presidente da Associação dos pescadores e comerciantes de frutos do mar de Madre de Deus - ASPCOMFMADRE.

A força da unidade de representação

A criação da COOPEMAR contou com a participação de centenas de pescadores das cidades e das ilhas do entorno de Madre de Deus, Candeias e São Francisco do Conde.

Segundo Radiovaldo Costa, Deputado Estadual, que compareceu no evento, foi impactante perceber o engajamento comum de todas as comunidades: “Todos aqui presentes fazem parte de um movimento histórico, em direção à necessária cogestão dos recursos pesqueiros e da reparação efetiva de milhares de pescadores e marisqueiras que - com seu suor - nunca permitiram a extinção da atividade, embora as imensas dificuldades enfrentadas, ano a ano, em meio aos períodos de defeso e lacunas político-eleitorais.”, pontuou Radiovaldo.

Na esfera sindical, Deyvid Bacellar, Coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) da Presidência da República, reconheceu na criação da COOPEMAR a mais significativa convergência de atuação dos trabalhadores da pesca, maricultura e piscicultura artesanal baiana, em contraposição à cultura do assistencialismo e do descaso ambiental, na região: “Acompanhamos, de perto, todos os trabalhos desenvolvidos pela Comissão Organizadora, até efetiva constituição da COOPEMAR. Com genuína felicidade, parabenizo a todos e todos os cooperados, pela vitória alcançada na formação deste icônico ente de representação econômico-produtiva da categoria, ao tempo em que nos colocamos à disposição para a necessária interlocucão com a indústria do petróleo e o Poder Executivo.”.

Para Bacelar, que vem travando nos últimos anos a luta pela retomada dos investimentos na Petrobras, em todo o Brasil, tendo a reestatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde (BA), a reabertura da Fafen e do Canteiro de São Roque do Paraguaçu, a criação da COOPEMAR se soma e agrega a disposição de combate pela concretização destes anseios: “Temos trabalhado, continuamente, não somente pela volta do emprego, mas pelas multiformes iniciativas de geração de renda na Bahia, que possam repercutir em efetivo desenvolvimento social e dividendos para o estado. Sem sombra de dúvidas, a COOPEMAR contará com todo o apoio da FUP, na busca de reparação histórica dessas comunidades afetadas pelo impacto ambiental, gerado pela indústria do petróleo e pela indústria petroquímica.

Próximos passos

Segundo o Advogado responsável pela constituição da cooperativa, Celson Oliveira, embora formalmente constituída, a COOPEMAR segue para a etapa de registro perante a Junta Comercial da Bahia e ulterior obtenção de licenças operacionais: “Foram 2 anos de trabalhos ininterruptos para chegarmos ao presente estágio, em meio à necessidade de que a iniciativa atendesse a todos os requisitos exigidos pela Lei do Cooperativismo.”.

A ativa participação da comunidade também foi notada como grande avanço em direção ao desenvolvimento, regional e nacional, de comunidades tradicionais do setor pesqueiro artesanal.

“Fiquei, particularmente, emocionado ao visualizar dezenas de voluntários, trabalhando em prol da inscrição de centenas de cooperados, alguns dos quais mulheres gestantes ou idosos já em idade avançada. Estimo que a COOPEMAR se qualifique como referência nacional para outras comunidades tradicionais e verdadeira fonte de prosperidade para as gerações de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares da Região”, ressaltou Oliveira.

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