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13 DE ABRIL

Dia Nacional da Mulher Sambista: artistas baianas celebram a data

Lei oficializa a data em homenagem à compositora, cantora e instrumentista Dona Ivone Lara

Por Leilane Teixeira

13/04/2024 - 7:00 h | Atualizada em 13/04/2024 - 8:42
Sambaiana, coletivo formado por seis mulheres sambistas
Sambaiana, coletivo formado por seis mulheres sambistas -

"Sonho meu, sonho meu. Vai buscar, quem mora longe, sonho meu". Quem nunca ouviu esse clássico do samba? Na voz de Maria Bethânia e de tantos outros artistas, a canção "Sonho Meu'" foi ouvida quase 57 milhões de vezes no Spotify, uma das principais plataformas de streaming de música do planeta.

De autoria da compositora, cantora e instrumentista Ivone Lara, o sucesso da canção e tantos outros feitos da artista fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva instituísse a data de hoje, 13 de abril, como o Dia Nacional da Mulher Sambista, em homenagem a artista que nasceu nesta data. Além do presidente, o texto também é assinado pela ministra da Cultura, Margareth Menezes.

O feito tem sido celebrado por artistas do meio, como a cantora baiana Ju Moraes, vocalista da banda "Sambaiana", formada por seis mulheres. Em entrevista ao Portal A TARDE, a artista disse que esse é um momento de reparação no cenário musical, sobretudo no samba, ritmo com grande predominância masculina.

“Para nós é uma alegria imensa a instituição dessa data. É um reconhecimento justo, necessário, e que finalmente chegou para todas nós, mulheres que fazemos e vivemos do samba. A data valoriza a sambista e nos dar de volta o protagonismo que foi roubado dessas mulheres por muitos anos. Os homens registravam as músicas em nome deles e em domínio público. Quem que levou o samba da Bahia para o Rio de Janeiro foram as tias. Então existe esse dever de reparação às mulheres sambistas por causa de todos esses anos de silenciamento, de invisibilidade e furto”, diz a cantora.

Vocalista do Sambaiana, Ju Moraes
Vocalista do Sambaiana, Ju Moraes | Foto: Divulgação

Machismo e sexismo no samba

O samba continua sendo hoje um gênero musical no qual há a predominância de homens, tanto dentro da indústria, como nos espaços onde ele é tocado popularmente. No entanto, cantoras, compositoras, líderes de escola de samba, musicistas, e toda cadeia feminina que faz parte do meio, já não ficam mais caladas.

A diretora musical baiana Marília Sodré, que também integra a Sambaiana, revela em entrevista ao Portal A TARDE que precisa provar o seu valor ainda nos dias atuais. “São várias provações diárias na profissão. Tecnicamente falando, sempre preciso provar cinco vezes mais o meu valor como profissional. Cinco vezes mais do que um homem precisa”.

Diretora musical da Sambaiana, Marília Sodré
Diretora musical da Sambaiana, Marília Sodré | Foto: Divulgação

Um outro exemplo de que as coisas ainda caminham a passos curtos, é a surpresa que as pessoas têm durante um show de samba feito por mulheres. Ju Moraes conta que ao final das apresentações do Sambaiana, por exemplo, muitas pessoas demonstram que não esperavam pela qualidade do som que foi apresentada. Ou seja, segundo ela, mesmo sendo um feedback positivo e reações "legais", fica evidente o “preconceito” existente, pois ainda de acordo com ela, esperar por shows bons de mulheres sambistas deveria ser normalizado.

“Somos sempre recepcionadas com uma surpresa em teor positivo. Muita gente vai ao show achando apenas ser um ato de representatividade, mas se surpreende quando escuta a gente tocar, porque veem que além da representatividade, temos potencial. Então essa surpresa que é causada no público, ao mesmo tempo que é boa por um lado, é ruim por outro, porque menospreza muito ainda a mulher enquanto instrumentista, enquanto sambista”.

Vozes que não se calam

Ivone Lara marcou a história do samba de diversas formas e foi a primeira mulher a integrar a ala de compositores da Império Serrano, tendo assinado a composição do samba-enredo "Os Cinco Bailes da História do Rio", de 1965, que ainda hoje é listado entre os melhores de todos os tempos.

Mesmo não estando mais presente, ela continua inspirando Ju Moraes, Marília e tantas outras mulheres sambistas na Bahia e no Brasil. A vocalista do Sambaiana reforça que a luta precisa ser coletiva, seja para quem tem mais tempo na carreira ou para quem está começando agora.

“As mulheres sambistas precisam buscar informação, seu espaço na música. Tem que se unir a pessoas que amem o que ela faz junto com ela. Porque o que é mais difícil na música é viver só. A música não é algo individual, ela é coletiva. É o profissional de backstage que vai estar do seu lado, a musicista ou músico, a dançarina, o dançarino, são as produtoras que vão estar trabalhando com você… São essas pessoas que vão te ajudar a conquistar o seu sonho, porque é impossível a gente conseguir fazer qualquer coisa sozinha”, diz Ju Moraes, em entrevista ao Portal A TARDE.

Abertura dos ensaios Sambaiana

Na noite deste sábado, a partir das 21h, a banda Sambaiana faz a abertura da temporada dos ensaios de outono na Colaboraê, no Rio Vermelho. No show de estreia, haverá uma comemoração especial celebrando o Dia da Mulher Sambista.

Além de Ju e Marília Sodré, a banda é composta por Grace Profeta, Lalá Evangelista, Marcinha BB, e Rayra Mayara. Todas cantoras e instrumentistas vão apresentar ao público diversos clássicos da música baiana e brasileira, além de canções autorais de sucesso do grupo como “Groove Arrastado” e também algumas recém-lançadas, como “A Mais Bonita da Cidade”.

“A gente precisa dessa representatividade para fazer outras mulheres se sentirem pertencentes e capazes para estarem juntas. Precisamos bancar que a gente pode também. E a Sambaiana é, de fato, uma banda que, além de cantar, tem esse propósito de trazer mais mulheres para o meio, para o samba e para o mercado da música como um todo. O grupo quer fazer com que elas se sintam bem, preparadas e representadas para estarem neste lugar da melhor forma possível”, diz Marília Sodré

Neste sábado, a banda Sambaiana faz a abertura da temporada dos ensaios de outon
Neste sábado, a banda Sambaiana faz a abertura da temporada dos ensaios de outon | Foto: Divulgação

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Tags:

. mulheres Ivone Lara Marília Sodré música representatividade sambistas

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