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LANÇAMENTO

E-book sobre Protocolo Antifeminicídio é lançado pela ABI em Salvador

Guia de Boas Práticas para a Cobertura Jornalística já está disponível em versão digital

Por Leo Moreira

30/04/2024 - 13:34 h | Atualizada em 30/04/2024 - 17:01
Lançamento do Protocolo Antifeminicidio no Centro Histórico
Lançamento do Protocolo Antifeminicidio no Centro Histórico -

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) lançou, na manhã desta terça-feira, 30, o 'Protocolo Antifeminicídio - Guia de Boas Práticas para a Cobertura Jornalística'. O documento, inicialmente disponibilizado em versão digital (E-book), tem como objetivo orientar coberturas jornalísticas sobre feminicídio para combater estereótipos, estímulos, chavões e 'revitimização', como salientou o presidente da ABI, Ernesto Marques.

"O protocolo é um conjunto de recomendações. Não têm nenhum caráter impositivo nem censório, mas ele parte de uma análise crítica que nós fazemos do nosso trabalho, quanto a cobertura de fatos violentos envolvendo mulheres, desde o caso de Júlia Fetal, que foi, talvez, o primeiro caso de feminicídio de grande repercussão, até os últimos casos, como o de Sara Freitas, por exemplo", disse o jornalista.

"A gente termina assassinando duas vezes a vítima, porque depois que a pessoa sofre a violência – e morre muitas vezes no trato da notícia –, a gente termina reproduzindo conceitos machistas e, às vezes, misóginos, que, às vezes, transformam a vítima em responsável pela própria violência", destacou na sequência.

Secretária da ABI e principal idealizadora do guia, Suzana Alice fez uma apresentação dos dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) durante o lançamento do protocolo. Segundo o levantamento, realizado entre 2017 e 2023, foram registrados 672 feminicídios na Bahia, sendo que 92,6% dos crimes foram cometidos por companheiros ou ex-namorados das vítimas. Os dados são da SEI, em cooperação com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

Em 2024, até o mês de fevereiro, 7.800 boletins de ocorrência foram registrados no âmbito da Lei Maria da Penha em toda a Bahia. "Não seria exagero dizer que se contam nos dedos os veículos que ultrapassam o mero noticiar, ou seja, a mera notícia do crime", salientou Suzana.

Imagem ilustrativa da imagem E-book sobre Protocolo Antifeminicídio é lançado pela ABI em Salvador
| Foto: Divulgação

O lançamento do 'Protocolo Antifeminicídio' aconteceu no Auditório Samuel Celestino, no 8º andar do Edifício Ranulfo Oliveira, no Centro Histórico de Salvador, e contou com a presença de jornalistas, autoridades policiais e representantes do Governo do Estado e Prefeitura, a exemplo da secretária de Política para Mulheres Infância e Juventude de Salvador, Fernanda Lordêlo, que destacou o papel da imprensa nesse tipo de cobertura.

"É um tema extremamente sensível, e, às vezes, a exposição da vítima num momento inadequado agrava uma condição de violência, de perseguição. Mas nós temos aqui em Salvador e na Bahia, de um modo geral, uma conduta até muito respeitosa em relação às vítimas de violência doméstica e familiar. Eu sei que isso aqui só vem para fortalecer o trabalho que vocês já vêm desempenhando, de respeito, de compreensão dessa perspectiva. Por quê? Porque nossos dados, eles precisam ser sinalizados muito mais para ações preventivas do que para as ações da própria tragédia familiar, que é o feminicídio. Então, quando vem esse protocolo e esse alinhamento, nós conseguimos construir colaborativamente a melhor forma de compartilhar e de divulgar essas questões", analisou Lordêlo.

Lançamento do Protocolo Antifeminicidio no Centro Histórico
Lançamento do Protocolo Antifeminicidio no Centro Histórico | Foto: Divulgação

"Menos clique, mais jornalismo"

Ainda durante o lançamento do 'Protocolo Antifeminicídio', Moacyr Neves, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), disse enxergar um avanço nas abordagens jornalísticas sobre feminicídio, mas acredita que há muito a melhorar.

"A sociedade brasileira vem avançando na compreensão da necessidade de fazer uma cobertura cidadã dos fatos. Esse segmento, especificamente, da cobertura de casos de feminicídios, lamentavelmente, ainda é uma cobertura que não atende às expectativas daqueles que defendem a cidadania no trabalho jornalístico. Nós compreendemos que é preciso divulgarmos mais entre nossos colegas e veículos de comunicação, em busca de uma cobertura mais isenta e reta desses fatos. Menos clique, mais jornalismo", disse o presidente do Sinjorba.

Moacyr também destacou a importância do trabalho da ABI na elaboração do protocolo e que deve se estender para a cobertura jornalística nacional. "Nós recebemos com ótimo grado, apoiamos a iniciativa desde o início, levamos essa ideia para a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que também está apoiando o protocolo e vai divulgar o protocolo em nível nacional", completou.

Com projeto gráfico assinado pela designer Daniela Alfaya, o protocolo é uma produção editorial da ABI, tendo sido proposto, escrito e defendido pelas mulheres da instituição, com o patrocínio da agência ATcom e apoio institucional do Sinjorba e da Fenaj.

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Tags:

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