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DUBAI PARA SÃO PAULO

Em voo, professora da UFRB relata importunação sexual com masturbação

Acusado de importunação sexual teria dito que estava "manipulando pílulas"

Por Thiago Conceição

23/08/2023 - 18:03 h | Atualizada em 24/08/2023 - 11:48
Professora denuncia  importunação sexual em voo Dubai-São Paulo
Professora denuncia importunação sexual em voo Dubai-São Paulo -

A professora Carolina Magalhães, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), fez denúncia de importunação sexual durante voo da Emirates, identificado como EK-261, que faz rota de Dubai para São Paulo. Ela chegou a acionar uma comissária de bordo da companhia após notar que um homem estava se masturbando na poltrona ao lado. O caso aconteceu no último dia 8.

Ao Portal A TARDE, Carolina contou que após as primeiras seis horas de voo, de um total de quinze até o destino final, pediu passagem ao homem, que estava em assento de corredor, para ir ao banheiro, caminhar e alongar. Ao retornar para o assento no qual estava, notou que o passageiro estava com suas mãos dentro do lenço. Ela relata que ele estava manejando de forma sistemática os órgãos genitais, como em ato de masturbação.

O esposo de Carolina, Jean, que também é professor da UFRB, presenciou a cena. Ele estava em poltrona central, entre o acusado da importunação sexual e a companheira.

"Sou cuidadosa quando se trata de julgar os outros. Então, decidi observar para ter certeza. Fiquei cerca de dois a três minutos observando, com visão periférica. Ele movimentava para cima e para baixo as mãos, que estavam embaixo do lençol. O meu marido estava dormindo. Discretamente, inclinei o corpo como quem quisesse dormir do lado esquerdo. Acordei o Jean. Pedi calma, em mímica, levei as mãos para os olhos e pedi para ele visualizar a situação. Fiz o movimento de masturbação. O Jean passou a olhar para o passageiro. Após um minuto e meio, ele confirmou o que estava acontecendo", explicou a professora.

Revolta

Indignado com a situação, o marido de Carolina levantou para denunciar a situação para a comissária de bordo da Emirates. Neste momento, ele chegou a esbarrar no homem e pediu para que o mesmo não dirigisse a palavra ao casal.

A professora relatou que a comissária acionou um supervisor para analisar a denúncia de importunação sexual. No entanto, o funcionário teria negligenciado a situação e colocou em prova a versão apresentada por ela, ainda em declaração ao Portal A TARDE.

"Esse superior foi super insensível. Disse que a história apresentada pelo homem, de que estaria manipulando pílulas [de medicação] embaixo do lençol, era convincente. E ainda disse ao meu marido que o homem estaria chateado com a situação, que teria sido agredido por ele. O rapaz [acusado] ainda se ajoelhou e disse que era cristão, que jamais faria isso. Mas fui firme e falei que cristão também comete esse ato", conta Carolina.

Luta por justiça

Ela afirmou que não recebeu a devida assistência da companhia. E que o homem foi transferido para outra poltrona. E a viagem seguiu até o destino final, durante as horas que faltavam. A professora ainda disse que fez o registrou de um Boletim de Ocorrência na delegacia digital da Polícia Civil de São Paulo. E que espera por Justiça para o caso.

"Primeiro, quero que as minhas filhas saibam o que fazer numa situação dessas, tenho uma de 28 anos e outra de 9. E também quero que vê empresas despreparadas reavaliando os seus processos, em especial quando partem de culturas onde a mulher não tem o devido lugar. É uma questão de gênero [o enfretamento da importunação sexual]. Mas também é uma questão humana. Que cada ser humano tenha a consciência de 'você faz, mas você paga'", concluiu.

Por meio de nota. a Emirates informou que "tem como prioridade a segurança e o bem-estar de seus passageiros e todos os membros de sua tripulação são treinados para lidar com qualquer forma de comportamento inadequado a bordo.". A companhia informou que "até o presente momento não recebeu nenhum tipo de pedido da passageira ou das autoridades brasileiras, mas permanece à disposição para fornecer qualquer informação ou esclarecimento sobre os fatos alegados".

A Polícia Civil de São Paulo não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

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