ASSÉDIO
'Eu era trancada': seminário debate assédio na Polícia Civil da Bahia
O tema foi discutido na manhã desta quinta-feira, 15, na sede da corporação, no bairro de Itapuã.
Por Leo Moreira
"Assédio moral, perseguições, retaliações, remoções indevidas. Tudo que você imaginar. Eu era trancada na sala pela minha coordenadora para ela falar o que bem entendesse." Este foi um relato da delegada Marley Reis, que viveu o terror do assédio dentro da corporação da Polícia Civil em 2019. O tema foi discutido na manhã desta quinta-feira, 15, durante o "I Seminário Policiais Seguras: Enfrentamento e o Combate ao Assédio Moral e Sexual no Ambiente da Polícia Civil da Bahia", na sede da corporação, no bairro de Itapuã.
O evento contou com a participação da advogada Jeane Santos, representantes do MPT, DPE, PGE, TRT, Planserv, Demep, OAB, PC-BA e secretários de Estado e Sindpoc.
"Hoje, nós do sindicato temos a honra e o prazer de estar furando essa bolha, na verdade, de promover esse evento de enfrentamento e combate ao assédio moral e sexual e ao abuso de autoridade dentro da Polícia Civil", destacou a secretária-geral do Sindpoc, Luciene Rodrigues, ao Portal A TARDE.
Escrivã na Polícia Civil, Rodrigues salienta a importância de identificar e denunciar os casos que acontecem dentro da corporação. "Infelizmente, não é só dentro da Polícia Civil; nós estamos fazendo com relação à nossa casa, mas, como vocês podem ver, hoje há várias outras forças de segurança que estão vindo sensíveis à causa e sabem e nos dizem que também nas suas forças existe o assédio."
Ela ainda orienta sobre como identificar um assédio. "O assédio é aquele ato que vem se repetindo mais de uma vez, três, quatro, cinco vezes, com aquele mesmo servidor ou com vários servidores, porque existe o assédio coletivo. Nós tivemos um caso desse aqui também. Então, assim, a gente vai, identifica."
identificar, um dos principais caminhos é procurar um sindicato. "Lá, nós acolhemos e, se há necessidade, encaminhamos ao departamento médico, porque já chega muito fragilizada, seja homem ou mulher, na maioria mulheres, e aí nós encaminhamos ao departamento médico, mas não deixamos de tomar as medidas administrativas e criminais."
Desde o início da contagem de casos, em 2018, o sindicato já registrou 20 ocorrências relacionadas a assédios dentro da corporação da Polícia Civil.
"O assédio hoje tem diversos aspectos: assédio moral, assédio sexual, assédio digital, assédio processual. Então, nós temos aí um tema muito caro, extremamente importante para todas as relações de trabalho, onde as pesquisas já mostram a mulher em sua maioria e, majoritariamente, nós temos o assédio aplicado contra a mulher", explicou o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Bahia.
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