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Ferrari brilha no clipe de Anitta e em acervo na Bahia

Colecionador apresenta Ferrari que aparece em novo clipe de Anitta

Publicado quarta-feira, 08 de novembro de 2023 às 07:00 h | Atualizado em 08/11/2023, 17:48 | Autor: Núbia Cristina
O colecionador de carros antigos Jorge Cirne e sua Ferrari 308
O colecionador de carros antigos Jorge Cirne e sua Ferrari 308 -

O empresário capixaba Jorge Cirne, que mora na Bahia há mais de 40 anos, é colecionador de carros antigos e tem no acervo o único exemplar do Nordeste da Ferrari 308 vermelha, modelo clássico e raro da marca, usado pela cantora Anitta durante as gravações do videoclipe da música ‘Mil Veces’, no qual ela protagoniza cenas picantes ao lado de Damiano David, vocalista da banda italiana Måneskin. Apaixonado por automóveis clássicos, Cirne começou sua coleção aos 14 anos de idade e hoje ostenta um raro exemplar da Ferrari 308 GTSi, de 1982, na sala de estar da sua casa. “Todos os dias, dou bom dia para ela ao acordar. Aliás, faço isso com os meus carros, converso com eles”, comenta com um largo sorriso.

A paixão dele pela Ferrari 308 ficou mais forte por causa do seriado Magnum, sucesso no Brasil nos anos 1980. Na série, as marcas registradas do detetive particular Thomas Magnum eram o farto bigode e o carro esportivo italiano vermelho. “Eu sempre gostei muito da Ferrari, aliás, todo mundo gosta, é um ícone mundial. Esse modelo 308, nem todo mundo curte, mas eu gosto muito, é um clássico. Ela reina na sala, se destaca aqui”. Desde que começou a formar a coleção, Cirne tinha o desejo de comprar uma Ferrari, até que comprou a 308 de outro colecionador de São Paulo, “há uns 14 anos”. Esse exemplar não é o carro utilizado por Anitta, trata-se de outra raridade.

Colecionador coloca Ferrari na sala da sua casa
Colecionador coloca Ferrari na sala da sua casa |  Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Apesar de exercer o papel de peça decorativa, a Ferrari também sai de casa. “Não gosto muito de andar em Salvador porque chama atenção, aliás qualquer carro antigo chama muita atenção. Prefiro ir à Praia do Forte, dar um passeio. Já fui dirigindo de Salvador para Maceió, pelo litoral, com pernoite em Aracaju. Foi um passeio com a família, junto com amigos colecionadores, mais de 30 carros antigos. Rodamos uns 600 km, sem correr, nada de pressa”, recorda Cirne.

Diretor da Federação Brasileira de Veículos Antigos, Cirne tem um projeto de rodar 1.000 milhas, 1.700 km, de Salvador a Fortaleza, pelo litoral, com um carro de 1919. “Carros da década de 10, de 20 foram feitos para andar. Se o carro tem boa manutenção, se está em bom estado, ele aguenta andar. Não anda na mesma velocidade que um carro atual, mas chega a qualquer lugar que um carro novo chega”.

A coleção

Jorge Cirne começou a coleção há mais de 20 anos, quando comprou um Fusca 1996, depois comprou um de 1968. “Aprendi a dirigir em um Fusca, e como tenho uma relação muito próxima com esse modelo, resolvi ter um Fusca de cada década”, explica. O Fusca mais antigo do Brasil, de 1949, faz parte da coleção dele, que tem exemplares das décadas de 40, 50, 60, 80 e 90. “Minha coleção é muito eclética, são carros franceses, italianos, americanos”. Quantos carros tem essa coleção? “Eu sempre digo que é mais de um. Perdi a noção, não faço mais conta, a gente vai comprando. Também já vendi alguns”, desconversa.

Além do Fusca 1949 e da Ferrari 308, os mais emblemáticos do acervo, de acordo com Cirne, são a Mercedes-Benz 280 SL, de 1971, conhecida como Pagoda. “Ela é conversível, muito interessante, tem duas capotas, está automatizada, com ar-condicionado, muito boa para andar, de capota fechada ou aberta. “Um carro com o qual tenho uma relação muito forte é o inglês MGB. Já rodei muito com ele, por vários países, fazendo rally de regularidade, na verdade passeios, sempre no asfalto, sem maltratar o carro”.

Comprimento da Ferrari: 423 cm; largura, 172 cm; altura, 112 cm
Comprimento da Ferrari: 423 cm; largura, 172 cm; altura, 112 cm |  Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

“Comprei meu primeiro carro aos 14 anos de idade, vendi minha bicicleta, a prancha de surf, um som, juntei todas as minhas economias e comprei um Karmann-Ghia 1968. Quase levei uma surra da minha mãe. Era um carro velho, cheio de ferrugem. Morava no Rio de Janeiro, fui estudar, tive de mudar de cidade e vendi o carro. Já tentei recomprar o mesmo, mas não achei”, conta.

Locação

Os carros da coleção de Jorge Cirne, batizada de Cirne’s Collection, não rodam apenas em passeios e eventos de antigomobilismo. Há cerca de 12 anos, ele criou uma empresa de locação de carros antigos que hoje tem demanda para casamentos, gravação de clipes, novelas, séries etc. Artistas como Ivete Sangalo, Leo Santana e Bell Marques já utilizaram carros do acervo em suas produções. “Já atendemos a Globo, em várias novelas. A receita do aluguel é boa, já ajuda na manutenção dos carros, além disso, os mantêm em movimento, o que ajuda na conservação. Sem contar que toda a divulgação fortalece o antigomobilismo”, pontua. 

Carroceria aberta, 2 portas, 2 lugares; interior sóbrio
Carroceria aberta, 2 portas, 2 lugares; interior sóbrio |  Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Empresário e colecionador, Cirne também é mecânico nas horas vagas. Aprendeu esse ofício de forma independente, pela necessidade de garantir manutenção adequada para seus carros. “Encontrar mão de obra qualificada para isso é um desafio. Então eu mesmo cuido dos meus carros, junto com outro funcionário, que me ajuda muito. A gente olha, estuda, pesquisa e resolve”. Ele conta que colocar a mão na graxa é uma terapia. “Quem gosta de carro antigo tem ferrugem nas veias“.

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