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Gamboa-Morro: relatório aponta risco de desmoronamento

Prefeitura de Cairu interditou um trecho entre Morro de São Paulo e Gamboa; documento detalha problemas

Publicado sexta-feira, 14 de janeiro de 2022 às 15:01 h | Atualizado em 14/01/2022, 15:39 | Autor: Rodrigo Aguiar

A prefeitura de Cairu interditou um trecho das falésias entre Morro de São Paulo e Gamboa, por risco de desmoronamento. Segundo a gestão municipal, o problema está relacionado a "causas naturais".

No entanto, em relatório emitido em setembro do ano passado, o geólogo e gestor ambiental Edival Lopes da Silva ressalta que a "instabilização deriva, majoritariamente, de processos da dinâmica superficial, associados à ocupação irregular de conjuntos residenciais (condomínios residenciais), que se encontra em franca expansão, colocando em risco essas mesmas residências (e seus moradores) localizadas a partir da crista dos taludes".

Ainda conforme o documento, Morro de São Paulo e Gamboa têm "diversos problemas estruturais e ambientais", mas a situação mais preocupante e urgente é "representada pela faixa de praia entre a Gamboa e a 1ª Praia de Morro de São Paulo".

Entre as medidas sugeridas no relatório, estão a aplicação de cobertura vegetal, implantação de estruturas de contenção, controle do escoamento superficial e drenagem superficial. Também é citada uma "medida mais complexa" e "radical", que eliminaria os riscos: a retirada das edificações. 

"É importante deixar claro que a quase totalidade das edificações existentes na zona definida como Extremamente Crítica foram implantados sem se considerar a legislação ambiental para situações dessa natureza (ocupação de área de preservação permanente, ocupação de faixa de marinha, ocupação de faixa de 60 m da linha de preamar máxima), e estão desprovidas de Alvarás de Construção e de Habite-se, ambos diplomas legais para construção de edificações, quaisquer que sejam elas", afirma o geólogo no documento. 

"Todavia, parte da ocupação é de residências de alto padrão e qualquer tipo de ordem/comunicado para desocupação dessa faixa, considerada como de elevado risco, daria início às ações jurídicas, sem prazo de terminar", acrescenta o profissional.

Segundo o relatório, a responsabilidade pelos problemas descritos é compartilhada tanto pela prefeitura de Cairu quanto pelo governo federal (SPU) e, em menor parte, pelo governo do Estado.

"Todavia, há uma parte de responsabilidade dos moradores/habitantes desses locais, sobretudo, dos moradores dos condomínios Porto de Cima e Cagila, que, objetivando lugares privilegiados na paisagem, um tanto exuberante, ocupou/ocupa lugares de risco", completa.

Em nota, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA) lembrou que já havia sinalizado o risco de desmoronamento em outubro do ano passado. "Devido às fortes chuvas, algumas dessas localidades entre Morro e Gamboa apresentam novamente o risco de deslizamento, identificado desde o ano passado", apontou o órgão.

O Crea destacou a necessidade de respeitar o isolamento e evitar a área, ao lembrar da morte de três pessoas, entre elas um bebê, em desabamento nas falésias em Pipa, no Rio Grande do Norte, em novembro de 2020.

Além disso, a preocupação com o risco de acidentes em locais turísticos cresceu após o desprendimento de uma rocha na região dos cânions em Capitólio (MG), no último sábado, 8. Dez pessoas morreram.

Prefeitura

Segundo a gestão local, esta é a segunda vez em que há interdição do trecho. Por meio de nota, a prefeitura informou que, em janeiro do ano passado, atendeu a notificação do Ministério Público Federal (MPF), em ação civil pública.  

“Independente deste ação, já havíamos tomados medidas de segurança em relação ao local, inclusive isolando a área”, disse Ivã Amorim, secretário de Desenvolvimento Sustentável. 

"Como determinou o MPF, a Prefeitura de Cairu contratou uma consultoria que realizou estudos técnicos e diagnósticos para identificar as áreas de risco, com mapeamento com as áreas de baixo, médio e excepcional riscos", afirmou a gestão.

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