CADERNO ESPECIAL DA ÁGUA
Gestão da água transforma metas em realidade
Manejo da água exige cuidado com preservação ambiental
Por Joana Lopo e redação

Diante das mudanças climáticas e da crescente pressão para tornar mais eficiente a utilização de recursos hídricos, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) tem combinado tecnologia de ponta, educação ambiental e parcerias estratégicas para garantir segurança hídrica a 13 milhões de baianos. Longe de ser fácil, a tarefa é, no entanto, estimulante, e diversas ações estão em curso para transformar metas em realidade. Hoje, Dia Mundial da Água, a Embasa reafirma seu compromisso socioambiental e projeta o futuro com confiança e estratégias de médio e longo prazos, capazes de gerar resultados duradouros.
De acordo com o diretor Técnico e de Planejamento da Embasa, Clécio Cruz, os avanços tecnológicos são a espinha dorsal da transformação. A telemetria de pressão e vazão, por exemplo, já monitora 45% da rede de distribuição em tempo real, reduzindo vazamentos em 18%. “Com o radar orbital e a inteligência artificial, identificamos perdas invisíveis em áreas críticas, como Salvador, onde evitamos o desperdício de 120 milhões de litros de água por mês”, explica Cruz. Já a implantação de tubulações de polietileno, mais duráveis e flexíveis, está sendo acelerada em 62 municípios.
A grande transformação na infraestrutura de saneamento no sertão, onde a escassez hídrica é uma ameaça permanente, passa por soluções disruptivas. Cruz conta que em Conquista, no Sudoeste, o projeto pioneiro de reúso de efluentes tratados já irriga 50 hectares de cultivos de milho e feijão, economizando 2,5 milhões de litros de água potável por dia. “Transformamos esgoto em recurso produtivo. Esta é a essência da economia circular”, destaca.
Em paralelo, a empresa avança na dessalinização de águas subterrâneas em Juazeiro, no Norte, onde uma nova estação vai abastecer 20 mil pessoas com água de poços profundos, livres da salinização que afeta a região. Para o gestor, a inovação também está na governança. “Adotamos contratos de remuneração por performance, em que empresas parceiras são bonificadas ao reduzirem perdas abaixo das metas. Isso nos permitiu economizar R$ 40 milhões em 2023, recursos reinvestidos em obras emergenciais”, pontua.
Para Cruz, o legado da Embasa transcende números. “Água é dignidade. Quando levamos esgoto tratado a uma família que antes vivia em meio a fossas abertas, estamos resgatando autoestima, prevenindo doenças e criando condições para que crianças estudem e adultos trabalhem”, ressalta. Neste Dia Mundial da Água, a empresa lança um pacto simbólico: até 2030, 100% das escolas baianas terão programas de educação hídrica. “A Bahia está escrevendo um novo capítulo em sua relação com a água. E cada cidadão é coautor dessa história”, frisa Cruz.
Sustentabilidade
Enquanto máquinas escavadoras moldam a infraestrutura do futuro, a Embasa investe na conscientização como ferramenta de transformação social. O programa Guardiões das Águas, focado nos rios Joanes e Jacuípe, já capacitou 800 pequenos produtores rurais em técnicas de irrigação sustentável e recuperação de nascentes. “Ensinamos que cada litro de água economizado no campo é um litro que chega às torneiras das cidades”, ressalta Cruz. Na educação, o projeto ’Embasa na Escola’ virou referência: 15 mil alunos participaram de gincanas ecológicas em 2023.
Ações como 'Se Ligue no Óleo', que reciclou 80 toneladas de óleo de cozinha em parceria com restaurantes e comunidades, e 'Viveiro Educador', em que 10 mil mudas nativas são produzidas anualmente por moradores, ilustram a filosofia da empresa. “Não há saneamento sem cidadania. Estamos construindo uma cultura de cuidado”, enfatiza o diretor.
Em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a Embasa transforma desafios ambientais em oportunidades. Na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Camaçari, na RMS, o lodo resultante do processo virou insumo para a fabricação de tijolos ecológicos, reduzindo em 90% o descarte em aterros. Já em Itaberaba, na Chapada Diamantina, parcerias com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura testam o uso de biossólidos como fertilizantes em lavouras de cacau, aumentando a produtividade em 25%.
“Estudos avançados para aproveitar o biogás das ETEs como fonte energética estão em curso. Em cinco anos, queremos que 30% da energia consumida pela empresa venha de fontes renováveis”, antecipa Cruz. Outro marco é o investimento de R$ 95 milhões na recuperação de barragens, como a de Pedras Altas, em Santo Sé, no Norte baiano, que garantirá água para 300 mil pessoas durante secas prolongadas.
Apesar dos avanços, persiste o fantasma das perdas financeiras, agravadas por fraudes e 'gatos'. Apenas em 2024, a Embasa identificou 12 mil ligações clandestinas em condomínios de alto padrão no Litoral Norte. “É uma batalha técnica e cultural. Usamos drones com termovisão para detectar desvios em áreas de difícil acesso e estamos digitalizando 100% dos hidrômetros até 2025”, detalha o diretor.
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