INÉDITO
Hospital Ortopédico do Estado realiza 1º transplante osteocondral da Bahia
Um dos procedimentos mais avançados da área, substituindo cartilagem por enxerto de osso e cartilagem
Por Priscila Dórea

Marcando um avanço histórico na ortopedia baiana do Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB) – unidade pública administrada pelo Einstein Hospital Israelita – realizou o primeiro transplante osteocondral da Bahia na tarde de ontem.
Considerado um dos mais avançados procedimentos da ortopedia moderna, a cirurgia consiste na substituição de cartilagem danificada por um enxerto de osso e cartilagem saudáveis de um doador com dimensões compatíveis. O enxerto ósseo usado veio do Rio de Janeiro e a cirurgia foi um sucesso.
Indicado para pessoas com lesões articulares graves, o primeiro paciente a passar por esse transplante no SUS da Bahia foi Pedro Rios, 55 anos, natural de Itaberaba. Ele sofreu um grave acidente de moto, onde grande parte do impacto aconteceu em seu joelho.
"Minha maior expectativa é voltar a ter autonomia, conseguir fazer coisas simples do dia a dia sem dor. Poder andar, subir escadas, sair de casa com tranquilidade, voltar ao trabalho e cuidar da família. Se eu conseguir retomar essas atividades com qualidade, já vou me sentir vitorioso", afirma Pedro Rios.
Entre os principais benefícios do transplante osteocondral estão a restauração da superfície articular, a melhora da função do membro afetado, a possibilidade de retorno às atividades cotidianas e o tratamento definitivo para lesões extensas da cartilagem – problema comum em vítimas de trauma. "Esse é um transplante que, sem dúvida nenhuma, vai impactar na funcionalidade do paciente. A médio e longo prazo ele vai conseguir ter uma vida basicamente normal, com maior capacidade funcional", explica o gerente médico do HOEB, Niklas Soderberg.
O transplante ainda abre as portas para que mais cirurgias como essa sejam realizadas na Bahia. "É um procedimento de difícil acesso em todo o Brasil, porque por mais que tenhamos diversos outros centros médicos especializados pelo país, a complexidade da programação, da própria operação e as peculiaridades dos pacientes incluídos tornam o acesso a esse procedimento muito difícil. No entanto, a gente entende esse primeiro transplante na Bahia como uma grande porta de entrada para que mais deles aconteçam", explica o médico Niklas Soderberg.
Próximas
Atualmente, outros pacientes que precisam de transplante ósseo já foram mapeados pelo HOEB e estão à espera de ossos compatíveis. “Temos mais oito casos ósseos já mapeados e aguardando. Acredito que devemos começar a partir do próximo mês a realizar essas outras cirurgias”, afirma o gerente médico da ortopedia do HOEB, Matheus Azi.
Hoje, na saúde da Bahia, a ortopedia é a área que mais demanda atendimento, algo que é realidade também a nível nacional. As especialidades mais demandadas dentro da ortopedia são o joelho, quadril e coluna.
“Temos visto um número elevado de pacientes aguardando cirurgias, tanto de urgência e emergência, quanto ambulatoriais e isso está atrelado ao estilo de vida da população atual. A demanda por atendimentos e procedimentos ligados à prática de esportes, por exemplo, tem crescido. A população também está envelhecendo, então o número de casos de artroses, que muitas vezes demandam o uso de próteses, também tem aumentado”, explica o médico Niklas Soderberg.
O HOEB realiza em média 120 cirurgias de joelho por mês e nesse mês de julho, uma delas será a da professora de educação física da cidade de Baianópolis (817 km de Salvador), Terezinha Vanderley da Silva Pinto, que tem 53 anos e fraturou a patela do joelho após tropeçar no tapete do banheiro e cair. “Até tentei proteger o joelho na hora, mas não consegui. Nos primeiros dias achei que iria ficar bem, mas resolvi ir ao médico e os exames mostraram que era mais grave. Cheguei em Salvador no domingo de manhã, dia 13, a equipe do Hospital Ortopédico me examinou, mobilizaram o joelho e a cirurgia foi marcada para o dia seguinte. É realmente um atendimento excelente”, afirma a professora.
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