BAHIA
Importante episódio da independência da Bahia, Batalha de Pirajá completa 199 anos
Por Lucas Franco
Embora o 2 de Julho seja a data oficial da Independência do Brasil na Bahia, neste dia, em 1823, não houve uma batalha. A saída dos portugueses da cidade foi o capítulo final de uma história de luta contra os portugueses, mesmo depois do 7 de setembro de 1822, dia oficial da independência do Brasil.
Províncias como a da Bahia, Maranhão, Piauí, Grão-Pará e Cisplatina (que depois passou a ser o Uruguai) estavam sob domínio português mesmo após Dom Pedro gritar “independência ou morte” às margens do Ipiranga. Muitas lutas aconteceram e uma delas foi a Batalha de Pirajá, em Salvador, que hoje, dia 8 de novembro de 2021, completa 199 anos.
Para o professor Milton Moura, doutor pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e especialista na Independência do Brasil na Bahia, não dá para cravar que a batalha ocorrida em Pirajá foi a principal que levou à emancipação do povo brasileiro frente aos portugueses.
“Prefiro pensar que a Batalha de Pirajá, no 8 de novembro [1822], e a de Itaparica, em 7 de janeiro [1823], foram momentos especialmente densos do confronto. Em muitos lugares do Recôncavo, o povo pobre, incluindo indígenas, negros e mestiços, juntamente com as tropas enviadas para o enfrentamento dos portugueses, pegou em armas e resistiu. A Batalha de Itaparica não foi menos importante, pois foi a partir daí que os portugueses começaram a recuar nas investidas”.
A Batalha de Pirajá, no ano que vem, completará seu bicentenário. A luta contra o domínio português na Bahia, em diversos episódios, tem forte influência de protagonismo feminino, a exemplo da bravura da freira Joana Angélica, que morreu por resistir à entrada de portugueses no Convento da Lapa, Maria Felipa, por suas estratégias usadas contra os portugueses na Ilha de Itaparica, e Maria Quitéria, que guerreou como parte das tropas independentistas contra as tropas coloniais.
Para o professor Milton Moura, mais importante do que pensar em uma data especial e em um personagem especial, é pensar em toda a trajetória que levou à vitória, que foi popular e construída por milhares de pessoas. “Em vez de pensar em comemorações especiais de um acontecimento relevante, prefiro pensar que tivemos doze meses de enfrentamentos, seja no plano político-institucional, seja no plano militar, seja ainda no plano logístico, envolvendo sobretudo o abastecimento. O que não acho interessante é o acento que se dá ao General Labatut, mercenário contratado para comandar as tropas aqui. Ele teve um papel importante, mas é preciso lembrar que milhares de pessoas, livres ou escravizadas, participaram da luta armada”.
A gerente de patrimônio cultural da Fundação Gregório de Mattos, Gabriella Melo, disse que a partir do próximo ano começam os preparativos para o bicentenário do 2 de Julho, que será comemorado em 2 de Julho de 2023, daqui a um ano e meio. “Será lançada uma série de programações e eventos, com uma programação vasta não somente virtual, mas também presencial. Tem sido virtual desde o início da pandemia, com momentos cívicos como hasteamento da bandeira e do fogo simbólico sendo presenciais”. A fundação vinculada à Prefeitura de Salvador pretende, até o bicentenário do 2 de Julho, construir um memorial alusivo à data que dá origem ao festejo que leva milhares de pessoas a caminharem, todos os anos, da Lapinha ao Campo Grande. “É um festejo que une os povos, principalmente no que caracteriza sua identidade, seu sentimento de pertencimento e preservação da sua memória”, disse Gabriella.
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