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Liberação da utilização de máscara em cidade baiana gera polêmica

Publicado domingo, 24 de outubro de 2021 às 10:34 h | Atualizado em 24/10/2021, 10:39 | Autor: Priscila Dórea
Decisão que desobriga em espaços abertos e fechados é alvo de críticas | Foto: Agência Brasil/ Divulgação
Decisão que desobriga em espaços abertos e fechados é alvo de críticas | Foto: Agência Brasil/ Divulgação -

A decisão do prefeito da cidade de Brumado, do último dia 19 de outubro, reacendeu o debate sobre uso das máscaras que Eduardo Vasconcelos (PSB) desobrigou, por meio de decreto, em espaços abertos e fechados no município do sudoeste. O decreto mantém o uso apenas para pessoas com sintomas gripais, os que estiverem infectados pelo covid-19, e nas redes de ensino municipal e estadual. A medida levantou a questão: com a variante Delta fazendo cada vez mais vítimas este é o momento de relaxar com os protocolos?

Ainda não é o momento, e alguns especialistas já haviam relatado o problema em meados de agosto, afirma Naiá Ortelan, epidemiologista pesquisadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz) e da Rede CoVida. “O cenário ideal para isso acontecer seria com mais de 70% da população já vacinada com as duas doses ou dose única, e apenas em lugares abertos. E ainda assim, o ideal seria deixar de fora desse grupo shows e estádios de futebol, por exemplo, por aglomerarem muito”, explica.

Aliado a esses mais de 70% da população vacinada, ela conta ainda que é necessário que o número de casos já tenha reduzido bastante e, de preferência, que o número de óbitos chegue a zero. “Mas é difícil prever quando isso poderá realmente acontecer”, afirma.

E quem concorda é a secretária de saúde da cidade de Cachoeira, Edelzuita Lira. Ela diz que apesar dos avanços na vacinação esse ainda não é o momento de flexibilizar os protocolos básicos. “Cachoeira já está há dois dias sem nenhum caso ativo ou suspeito da Covid-19, mas nos mantemos alerta. Restrições têm diminuído e eventos estão sendo liberados, mas a população precisa se conscientizar de que se relaxarmos a infecção pode voltar, assim como as medidas de restrições mais severas", declara.

José Sivaldo Rios, prefeito da cidade de Capim Grosso, no norte do estado, explica que as pessoas têm relaxado por terem a falsa sensação de que a pandemia acabou. "Já percebemos que algumas pessoas estão relaxando e deixando de usar a máscara de forma espontânea, mas isso passa longe de nossas recomendações, que é a de continuar usando. Ao menos é perceptível o quanto a população tem acreditado na vacina e ido aos postos. A situação está melhorando, mas a pandemia ainda não acabou", declara.

Zé Cocá, Presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) e prefeito de Jequié afirma que a vacinação tem se mostrado eficiente e que houve uma queda brusca nos casos de Covid-19 nos municípios baianos, mas não podemos nos acomodar. “Vimos vários países do mundo, que depois que tiveram uma queda voltaram a aumentar. Nós temos a variante Delta e poderemos ter outras variantes. Temos que ter a sabedoria de cobrar da sociedade que use máscara, evite grandes aglomerações e nos eventos que seja cobrado o cartão de vacina de todos os envolvidos", afirma

Delta

Enquanto isso, a Delta avança na Bahia, somando 190 casos sequenciados da variante no estado e três óbitos, de acordo com análises da Fundação Oswaldo Cruz. Os casos positivos foram identificados em 47 municípios, com maior número de casos em Salvador (39), Pé de Serra (19), Lauro de Freitas (12), Bonito (11), Feira de Santana (9), Baixa Grande (7), Riachão do Jacuípe (7) Ilhéus (7), Camaçari (6) e Nova Fátima (6).

A secretária da saúde do estado, Tereza Paim, relatou que a variante Delta atualmente é a predominante nas amostras sequenciadas. “É um fato que nos preocupa, por isso continuamos a afirmar que as pessoas não devem achar que não temos mais o vírus da Covid-19 circulando. Ainda temos que continuar a usar máscaras e devemos nos vacinar, tanto com a primeira quanto com a segunda dose”, afirma.

Nas últimas 24 horas, a Bahia registrou 529 casos de Covid-19 (uma taxa de crescimento de +0,04%) e 449 de recuperados. O boletim da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) também registrou sete óbitos.

Com 10.500.753 vacinados contra o coronavírus com a primeira dose ou dose única, a Bahia já vacinou 82,4% da população com 12 anos ou mais, que é estimada em 12.732.254.

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