CHAPADA DIAMANTINA
Machu Picchu brasileira: vilarejo na Chapada Diamantina atrai turistas
Comunidade local se dedica a manter viva a história e a cultura

Por Jair Mendonça Jr

Um charmoso vilarejo, localizado no coração da Bahia, vem atraindo olhares do mundo inteiro por suas paisagens deslumbrantes, em meio a Chapada Diamantina. O pequeno distrito, Igatu, é conhecido como "a Machu Picchu brasileira" e surge como um tesouro histórico e cultural.

No século 19, a região viveu o auge da mineração de diamantes. Garimpeiros, em busca de fortuna, transformaram a paisagem local, construindo suas casas, conhecidas como "tocas", a partir das rochas que extraíam. Com quase 10 mil habitantes em seu apogeu, Igatu era um polo de prosperidade.
No entanto, o esgotamento das jazidas no século seguinte levou ao êxodo da população, deixando para trás um cenário de ruínas fascinantes.

Hoje, essas ruínas, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), são o principal atrativo turístico.

A 433 quilômetros de Salvador e cerca de 23 km de mucugê, a vila pode ser explorada a pé, revelando construções centenárias, um cemitério de pedra e a imponente Igreja de São Sebastião.
O bairro de Luís dos Santos, em particular, impressiona pela engenhosidade e solidez das construções. Mas Igatu não vive apenas de seu passado. A comunidade local se dedica a manter viva a história e a cultura.
Guardião das tradições
Moradores como Maria de Lourdes Oliveira preservam as tradições, enquanto artistas como Marcos Zacaríades criaram um museu a céu aberto, utilizando as próprias ruínas como tela para suas obras.
O cronista local Amarildo dos Santos, por sua vez, documenta as histórias e a vida da comunidade, garantindo que a memória de Igatu seja preservada. Filho do dono do tradicional Bar Igatu, o cronista criou e mantém por conta própria um censo atualizado da população.
No documento, Amarildo registra nascimentos, óbitos e mudanças, transformando esses dados em livros vendidos em sua própria casa.

O último censo, realizado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), apontava para uma população de 360 pessoas. Pelo censo de Amarildo, a cidade tem hoje cerca de 480 habitantes.
O desafio atual é encontrar um equilíbrio entre a crescente demanda do turismo e a preservação de sua estética única e histórica. Igatu, a "cidade de pedra", se estabelece como um local onde o passado do garimpo e o presente da arte se fundem, convidando visitantes a uma viagem no tempo e na cultura.
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