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Manifestantes ocupam Chesf por sete horas

Publicado terça-feira, 10 de junho de 2008 às 22:01 h | Atualizado em 10/06/2008, 22:59 | Autor: Cristina Laura, da Sucursal Juazeiro

Durante sete horas, integrantes dos movimentos sociais ocuparam nesta terça-feira, 10, a área de controle da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) em Sobradinho, distante 556 km de Salvador. Cerca de 500 pessoas chegaram por volta das 5h30, em dez ônibus e carros particulares, e forçaram a entrada, quebrando a barra de segurança de acesso de veículos da guarita e as portas no saguão da sala de controle, deixando sem saída os funcionários que trabalhavam naquele turno.



A manifestação, que tinha faixas e carros de som, era realizada por trabalhadores de diversas áreas rurais de cidades circunvizinhas. Com facões e foices em punho, eles protestavam em acordo com a Jornada de Luta da Via Campesina. A mobilização nacional realizará manifestações em todo o País, principalmente no Nordeste, até a próxima sexta-feira, 13. O movimento protesta contra grandes projetos do governo federal, como a transposição do Rio São Francisco e a construção de barragens, além de repelir os rumos assumidos pelo setor agrícola.



Depois de duas horas de ocupação, cinco homens da Polícia Militar chegaram para manter contato com as lideranças do movimento e funcionários que estavam na sala de controle. O Exército que era esperado não foi enviado, mas a Polícia Federal esteve no local para averiguações, conversou com os manifestantes e foi embora.



“Estamos aqui para denunciar os incentivos para plantio de eucalipto e produção de etanol. Só no canal do sertão, o governo federal fez repasses para 103 mil hectares. Queremos produzir alimentos”, afirmava Derly Casali, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Para ele, é preciso repensar assuntos como transposição, lei de concessões de florestas, privatização das águas, entre outros.



Vindo de Casa Nova com outros 17 produtores, Ivo Castro dos Santos espera que a mobilização tenha resultados. Ele e mais outras 299 famílias aguardam definições da Justiça sobre as questões de ocupação da terra na Fazenda Camaragibe, usada por eles e vendida recentemente a um grupo de empresários para plantio de cana-de-açúcar e produção de álcool.



Na opinião de Reginaldo Martins da Silva, da direção nacional do Movimento Sem-Terra (MST), “é preciso mobilização que vá de encontro às políticas compensatórias do governo federal. Tudo seria diferente se a reforma agrária fosse prioridade”. Os manifestantes realizaram uma marcha até a parte superior da barragem, em ato simbólico, e às 13h deixaram a área da Chesf. A direção da empresa não quis dar declarações.

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