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Morre, aos 84 anos, o jornalista João Carlos Teixeira Gomes

Por Eugênio Afonso

18/06/2020 - 23:19 h
Joca foi colaborador fixo de A TARDE, publicando artigos quinzenais | Foto: Xando Pereira | Ag. A TARDE
Joca foi colaborador fixo de A TARDE, publicando artigos quinzenais | Foto: Xando Pereira | Ag. A TARDE -

A Bahia perdeu na noite desta quinta-feira, 18, aos 84 anos, de causas não conhecidas, um dos maiores intelectuais dessa terra, o soteropolitano João Carlos Teixeira Gomes. Joca, como era conhecido é, entre outras coisas, o autor da polêmica biografia Memórias das Trevas – Uma devassa na vida de Antônio Carlos Magalhães, sobre o mais emblemático político baiano.

Em uma entrevista para a revista Isto É Gente, em 2001, ao ser acusado de chamar ACM de diabólico, Joca retrucou: "Como eu poderia chamá-lo? Maquiavélico? Seria um erro. Maquiavel foi um florentino requintado. ACM, não. Tem uma visão ardilosa das relações, mas não é requintado".

Poeta, escritor, ensaísta, professor, membro da Academia Baiana de Letras, onde ocupava a cadeira de número 15, João Carlos fez parte do grupo conhecido como Geração Mapa, ao lado do cineasta Glauber Rocha, do pintor Calasans Neto e do também professor e jornalista Florisvaldo Matos, entre outros.

No Jornal da Bahia, que ajudou a fundar, desenvolveu a carreira de jornalista. Ficou no periódico de 1958 a 1977 e ocupou sucessivamente cargos de repórter, secretário, chefe de reportagem, redator-chefe e editorialista. Foi nessa época que sofreu perseguição política de ACM, com quem travou uma dura batalha que culminou, posteriormente, na publicação da aclamada biografia.

Também foi colaborador fixo de A TARDE, publicando artigos quinzenais nas páginas de Opinião. Foi secretário de Comunicação Social do Governo de Waldir Pires em meados dos anos 1980, e diretor do Centro de Estudos Baianos da Universidade Federal da Bahia.

Biografia e poesia

Publicou, entre outros, um livro sobre Gregório de Mattos: Gregório de Mattos, o Boca de Brasa, bem recebido por crítica e público. Foi autor também de Camões Contestador e Outros Ensaios e de Glauber Rocha – Esse Vulcão. Participou, como colaborador, dos livros Dezoito Contistas Baianos, Da Ideologia do Pessimismo à Ideologia da Esperança, A Obsessão Barroca da Morte de Manuel Bernardes e Quevedo. E tem três livros de poesias: Ciclo Imaginário, O Domador de Gafanhotos e A Esfinge Contemplada.

Companheiro de Joca na Geração Mapa, o jornalista e poeta Florisvaldo Mattos enviou um longo depoimento ao A TARDE sobre o amigo. "A minha relação de amizade com Joca se forjou em duas frentes: a do jornalismo e a da literatura. Começamos pela literatura, ambos como integrantes da chamada Geração Mapa", escreve Florisvaldo.

"Fortalecida pela sinceridade e gestos comuns de admiração e respeito, a nossa amizade frutificou, chegando a essa altura à soma de nada menos que 65 anos, sem nenhuma mancha moral, profissional e intelectual, o que muito me orgulha, confesso".

Outro nome de destaque da Geração Mapa, o professor e acadêmico Fernando da Rocha Peres lembra que "Joca foi um criador no campo da literatura como poeta e crítico literário, e também um brilhante jornalista profissional na época da ditadura militar. Nos últimos anos, ele publicou vários artigos no jornal A TARDE com a argúcia que lhe era peculiar ao abordar a conjuntura política brasileira. Lamento imensamente que ele já não esteja mais na nossa convivência".

Para o jornalista Bob Fernandes, Joca é figura histórica do jornalismo baiano. "No momento decisivo, teve a coragem e a ousadia de enfrentar o poderosíssimo Antônio Carlos Magalhães. Mas foi muito mais do que isso. Escreveu o melhor livro que se tem sobre Glauber Rocha e belíssimas crônicas de suas viagens pelo mundo como Joca Pena de Aço. Ele é um histórico personagem da imprensa brasileira e um grande amigo. Perdemos muito".

Outro nome referencial do jornalismo baiano, Emiliano José destaca o caráter: "Joca é desses jornalistas que marcaram dois séculos e se notabilizou, à frente do Jornal da Bahia, contra o déspota Antônio Carlos Magalhães. ACM fez de tudo para extirpar o jornal, já que não admitia qualquer oposição. Ali, Joca resistiu e se destacou como um corajoso jornalista, amante da liberdade de imprensa. Falamos de um intelectual, que escreveu maravilhosamente sobre Glauber Rocha. Um homem das letras, da densidade intelectual, um lutador da liberdade. Homem de coragem, amante da democracia".

Tamanha era sua paixão pelo time do Bahia que seu último pedido à jornalista e amiga Olívia Soares foi ser enterrado com a camisa do time. Deixa três filhos.

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