BAHIA
Morte de Carlos Lamarca completa 50 anos nesta sexta com atividades no interior do estado
Por Cássio Santana

A morte do guerrilheiro Carlos Lamarca completa 50 anos nesta sexta-feira, 17, com atividades previstas na cidade onde o ex-militar foi assassinado, Brotas de Macaúbas, localizada no interior do estado. Em lembrança à trajetória de um dos principais líderes da luta armada contra a ditadura militar no Brasil, acontecerá uma cerimônia e uma missa, segundo relatos de um dos biógrafos de Lamarca, o ex-deputado federal e professor, Emiliano José.
“Ao lembrar os cinquenta anos da morte de Lamarca, nós estamos lembrando de um homem que colocou-se inteiramente a favor das melhores causas do povo brasileiro, que optou naquele momento difícil da vida brasileira, de uma ditadura sanguinária, que matava, torturava, prendia, desaparecia pessoas, ele optou por largar a farda, por abandonar o exército, o mesmo exército que matava, torturava, prendia, desaparecia, abandonar aquele exército e se pôr em armas para enfrentar a ditadura”, disse Emiliano.
Lamarca nasceu no Morro de São Carlos, no Estácio, no Rio de Janeiro. Com 17 anos, ingressou na Escola Preparatória de Cadetes, em Porto Alegre. Em 1957, já cursava a Academia Militar de Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, onde teve seus primeiros contatos com as ideias comunistas.
Em plena ditadura militar, ainda a serviço das forças armadas, resolve desertar, sem não antes encher a Kombi dele com 63 fuzis FAL, algumas metralhadoras, uma pistola 45 e farta munição para atuar contra os militares que haviam se apossado do poder no país e instalado uma ditadura repressora.
Após organizar diversas incursões contra a ditadura e torna-se um dos inimigos número um do regime, com o cerco contra revolucionários se fechando mais e mais, Lamarca parte em direção à Bahia, para Brotas de Macaúbas. Menos de três meses depois, no dia 17 de setembro, ele e seu amigo de guerrilha, Zequinha, são assassinados pelo major Nilton Cerqueira e pelo cabo Dalmar Caribé, ambos do Exército.
“Ao mesmo tempo ao lembrar esses cinquenta anos da morte dele, lembramos com nojo da ditadura militar que durou vinte e um anos, isso que é importante dizer. De um lado lembramos de um homem que se dedicou às melhores causas do povo brasileiro, de outro lembramos de uma ditadura que ensaguentou o país, que matou, que prendeu milhares e milhares de pessoas, que torturou todas aquelas que prendeu”, afirmou o bíografo de Larmar, professor Emiliano José.
Emiliano José teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro e se disse triste que o presidente seja um entusiasta do regime que “torturou milhares de brasileiro”.
“Triste dizer que haja na Presidência da República um sujeito cuja principal frustração seja de não ter sido um torturador e essa frustração ele revela ao celebrar como seu ídolo o maior assassino da ditadura, que foi o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra. Então eu gostaria de acentuar isso. Neste meio século de lembrança da morte de Lamarca, nós estamos lembrando de um homem valoroso, de um sujeito que soube optar pela liberdade, pela democracia e contra a ditadura.”, completou Emiliano.
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