SÃO MARCELO DA GAMBOA
MPF se reúne para debater reforma de monumento histórico
Acordo construído deve permitir a resolução da reforma do Forte, impasse que já dura mais de uma década
Por Da Redação
Mais uma reunião foi realizada, no último dia 25, na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na Bahia, para costurar acordo para garantir a restauração do Forte São Paulo da Gamboa e, ao mesmo tempo, preservar o direito de moradia das famílias que ocupam o espaço na comunidade da Gamboa de Baixo. O Ministério Público Federal (MPF) foi um dos órgãos que participaram da reunião.
A reunião contou com a participação de representantes do próprio Instituto, da Defensoria Pública da União (DPU), da Superintendência do Patrimônio da União (SPU/BA), da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e da comunidade Gamboa. Foram firmados alguns compromissos para construção de acordo a ser homologado no âmbito de ação civil pública (ACP) proposta pelo MPF na Justiça Federal, que pede a restauração do Forte São Paulo da Gamboa.
“O acordo que estamos tentando costurar vai permitir a resolução de um impasse que já dura mais de uma década. A ACP do MPF pede a restauração do Forte, mas temos famílias morando ali. A única solução possível que atenda aos dois interesses é realizar a remoção delas para unidades habitacionais a serem construídas nas duas únicas áreas verdes remanescentes na Gamboa, e assim possibilitar a restauração necessária desse monumento histórico”, explica o procurador da República, Marcos André Carneiro.
Os representantes da comunidade tradicional e os gestores públicos chegaram a um consenso sobre como se dará a restauração do forte e, entre outras medidas, estabeleceram os seguintes compromissos:
- O Iphan vai finalizar o processo de descentralização de recursos para a contenção da muralha do forte; A FMLF vai elaborar dois novos projetos de restauração, com recurso já existente, apresentando também projetos de uso misto e de construção de novas moradias, com recursos a serem captados junto governo federal, com apoio da SPU e do Iphan; A SPU vai destinar a área para interesse social e público; Todos se comprometeram a detalhar um plano de ação com etapas e prazos.
Uma outra reunião ficou agendada entre o MPF e os representantes de cada instituição, prevista para o dia 30 de outubro, às 14h, com o objetivo de revisão e assinatura da minuta de acordo para homologação judicial. Ficou prevista ainda a realização de uma audiência pública em novembro, para explicar à comunidade da Gamboa os termos do acordo assinado e o conteúdo dos projetos que vão ser elaborados.
Em 2009, a unidade do MPF na Bahia propôs ACP para que a União e o Iphan fossem condenados a realizar intervenções emergenciais para afastar riscos de danos ao Forte São Paulo, bem como promover a recuperação e restauração do monumento histórico, conferindo-lhe uso compatível com o seu tombamento e sua relevância cultural para a cidade de Salvador.
O MPF apurou à época, por intermédio de procedimento administrativo, que, apesar de já existir um projeto arquitetônico de restauração do imóvel e de o Forte se encontrar contemplado no projeto Via Náutica do governo municipal, nenhuma intervenção concreta no bem foi efetivada pelo poder público federal por décadas.
Com a ausência de fiscalização e o abandono do imóvel, o monumento passou a servir de abrigo para famílias inteiras da comunidade da Gamboa de Baixo. Atualmente, para a realização de todas as intervenções necessárias no Forte, é preciso a homologação de acordo na Justiça, contemplando o direito à moradia e os interesses da comunidade tradicional, bem como a preservação do bem histórico.
Construído em 1722, o Forte de São Paulo da Gamboa é tombado pelo Iphan desde 1938. De acordo com um parecer técnico da autarquia, trata-se de um monumento de arquitetura militar do século XVIII, de grande valor arquitetônico e de notável implementação paisagística, pois situa-se na Gamboa de Baixo, entre o mar e a montanha. Apesar de sua notável importância para o patrimônio cultural brasileiro, a fortificação enfrenta sérios riscos de desabamentos, descaracterização e comprometimento da estrutura, o que impõe a necessidade de obras emergenciais de consolidação e restauração.
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