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IBGE

Mudança cultural reduz nascimentos na Bahia

Número é o menor dos últimos 26 anos e fenômeno passa pelas dificuldades de mulheres para a criação de filhos

Por Madson Souza

28/03/2024 - 12:00 h
A estudante de odontologia Eduarda Fidelis, 24 anos, é mãe do pequeno Arthur, 1 ano e 2 meses, tem rede apoio, mas enfrenta dificuldades
A estudante de odontologia Eduarda Fidelis, 24 anos, é mãe do pequeno Arthur, 1 ano e 2 meses, tem rede apoio, mas enfrenta dificuldades -

O número de nascimentos na Bahia em 2022 é o menor dos últimos 26 anos, de acordo com informações divulgadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E a explicação para esse fenômeno passa por uma mudança cultural na vida das mulheres e pelas dificuldades - de variadas esferas - de se criar uma criança.

Em todo o território baiano, nasceram e foram registradas 173.686 pessoas em 2022. Em comparação com 2021, houve uma queda de 5,8% no número de registros na Bahia - também a taxa de recuo mais intensa em 26 anos. Isso representou menos 10.744 nascimentos em um ano.

“Isso tem muito a ver com a mudança cultural, com a postergação da maternidade por muitas mulheres, com a abdicação da maternidade também por algumas, com as mudanças nos padrões culturais de planejamento familiar e as mulheres muito mais presentes no mercado de trabalho”, explica a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.

O exemplo dado por Mariana é que mulheres que antes poderiam ter dois ou três filhos, acabam tendo um, ou nenhum. Há também uma maior consciência da dificuldade que é educar e manter uma criança.

Ao menos é o que pensa a estudante de odontologia, Eduarda Fidelis, 24 anos, que é mãe do pequeno Arthur, 1 ano e 2 meses. Ela conta que o pai da criança e sua família são forte rede de apoio, mas que ainda assim é difícil.

“É muito difícil ser mãe, não é fácil, exige muito, muita dedicação, muita paciência. Ainda mais nessa idade, quando a gente é mais jovem, que geralmente tá começando a vida e ter um filho é um desafio grande. Sinto que as pessoas da minha geração estão preferindo esperar um pouco”.

A queda no número de registros não é uma exclusividade da Bahia. Entre 2021 e 2022, houve diminuição no total de nascimentos no Brasil como um todo e em 25 das 27 unidades da Federação. Foram registrados no país 2.542.298 nascimentos em 2022, 93.556 a menos do que no ano anterior (-3,5%).

Realidade

Esses números não são uma surpresa, como explica a supervisora de Disseminação de Informações do IBGE. “É algo que já vem acontecendo no Brasil, em alguns estados há mais tempo. Na Bahia, a partir de 2010, então, o ritmo vem mais forte em termos de redução. Claro que a gente continua tendo nascimentos, mas menos do que tinha no ano anterior”.

Outros dados importantes apresentados pelo IBGE com relação ao ano de 2022 são relativos ao número de mortes, divórcios e casamentos no estado.

Foram registradas 102.585 mortes na Bahia em 2022, 6,9% a menos do que em 2021, o que representou menos 7.560 óbitos ao longo de um ano.

Além disso, foram registrados 23.712 divórcios judiciais ou por escrituras em 2022, número 23,2% superior ao de 2021 (19.244), que havia sido 21,3% maior do que em 2020 (15.864). O aumento, entre 2021 e 2022, representou mais 4.468 divórcios realizados em um ano na Bahia.

Após um registro de crescimento recorde em 2021, o número de casamentos civis voltou a cair na Bahia. Em 2022, foram realizados 60.534 casamentos civis (formais), 0,9% a menos do que em 2021 (quando haviam ocorrido 61.097), o que representou menos 563 uniões em um ano.

Essas informações foram elaboradas pelo IBGE a partir dos dados dos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais (nascimentos, casamentos e mortes) e das Varas de Família, Foros ou Varas Cíveis ou Tabelionatos de Notas (divórcios).

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