ESTATÍSTICA
População baiana está ficando cada vez mais feminina, idosa e preta, aponta IBGE
Causas incluem expectativa de vida, questões de segurança pública e mais letramento racial no estado
Por Madson Souza

Mesmo com o 4º menor crescimento populacional do país (3,4%) entre 2012 e 2024, a Bahia se torna mais feminina, idosa e preta nesse período. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam as alterações demográficas no estado causadas por uma maior expectativa de vida, questões de segurança pública e o aumento do letramento racial no estado.
Neste período de 12 anos, os grupos etários que mais cresceram na Bahia foram aqueles a partir dos 40 anos, com destaque para a população de 60 anos ou mais - os idosos. A população da terceira idade cresceu 57,7% entre 2012 e 2024, passando de 1,494 milhão para 2,356 milhões. No mesmo recorte temporal, a população feminina cresceu 5,4% no estado, mais de 393 mil, e mais do que o dobro registrado entre homens.
A explicação para esses dois movimentos populacionais tem uma correlação, segundo a supervisora de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros. “É uma população que envelhece, em que as pessoas idosas se tornam mais representativas, porque tem menos pessoas nascendo e consequentemente menos adolescentes, menos jovens e em algum momento menos adultos. É também uma população que acaba ficando mais feminina, porque as mulheres vivem mais, enquanto os homens morrem mais em quase todas as faixas etárias”, afirma.
Pretos, pardos e brancos
Em 12 anos, a população preta teve um crescimento de 46,5% na Bahia, com um salto de 2,474 milhões de pessoas para 3,624 milhões - mais 1,150 milhão de pessoas. Enquanto em 2012 esse grupo populacional era de 17,3% do total de baianos, em 2024, o grupo alcançou uma representação de quase ¼ dos baianos, com 24,4% de participação no total populacional. O coordenador geral do coletivo Resistência Preta, Dhay Borges, argumenta que diversas ações sociais têm mobilizado a população para se autoconhecer de acordo com suas origens.
“O papel histórico dos movimentos sociais negros tem obtido êxito. As denúncias contra o racismo e as desigualdades sociais e econômicas, além da participação em espaços de relevância tem motivado esse maior reconhecimento”, argumenta. O movimento de autoreconhecimento da população preta tem acontecido por todo o país. Esse grupo populacional cresceu 55,9% entre 2012 e 2024, saindo de 14,529 milhões para 22,647 milhões de pessoas, chegando ao total de 10,7% da população nacional.
Enquanto a população que se autoidentifica como preta cresceu na Bahia, os brancos e pardos diminuíram. O número de pessoas brancas caiu de 2,816 milhões para 2,666 milhões, uma queda de 5,3% entre 2012 e 2024. Agora, essa população representa 18% do total do estado e torna a Bahia a 3ª menor população branca (proporcionalmente) do país - superando apenas Amazonas e Maranhão. Em todo o país, a queda proporcional foi de 46,4% para 42,1% no período.
Já os pardos seguem como maioria na Bahia, porém também com queda de 548 mil pessoas nesse recorte temporal de 12 anos. A proporção de pardos no estado saiu de 62,3% no estado para 56,3%. Na esfera nacional essa população cresceu com um pequeno salto de 45,5% para 46,1% ao longo do período. Para Mariana Viveiros, do IBGE, a explicação para essa queda de brancos e pardos e aumento de pretos na Bahia tem a ver com uma questão de autodeclaração e não movimentos demográficos.
“É bem provável que uma parte boa da população parda tenha começado a se declarar como preta, da mesma forma que parte da população branca, também em queda, esteja se declarando parda. Temos uma transferência, uma mudança nas declarações que impactam esse crescimento da população preta”, comenta.
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