BAHIA
Programa Mais Médicos abre mais de 300 vagas para profissionais na Bahia
Cerca de 3 mil vagas são ofertadas com o foco em regiões vulneráveis
Por Marcela Magalhães

O Programa Mais Médicos, do Ministério da Saúde, abriu na última sexta-feira (2) um novo edital com 3.174 vagas em todo o país, visando a ampliação da Atenção Primária no Sistema Único de Saúde (SUS) e a redução do tempo de espera por atendimento.
Na Bahia, serão 316 novas vagas, sendo 310 destinadas às Equipes de Saúde da Família e seis voltadas aos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Com esse novo edital, o número de médicos atuando pelo Mais Médicos na Bahia deve passar de 1.541 para 1.851 profissionais, ampliando a cobertura de 81% para cerca de 86% do território estadual.
Atualmente, 338 municípios contam com médicos do programa, e esse número deve crescer para 359 com a nova rodada de contratações. As inscrições vão até o dia 8 de maio.
Segundo o coordenador do programa na Bahia, Dr. Adalto Binas, a distribuição das vagas leva em conta o grau de vulnerabilidade social e a carência de profissionais por habitante, conforme apontado pelo estudo Demografia Médica 2025.
“Essa condição resulta de processos acentuados de exclusão, discriminação ou enfraquecimento, provocados por fatores como pobreza, crises econômicas, nível educacional deficiente, localização geográfica precária e baixos níveis de capital social, humano ou cultural. Dessa forma, tornam-se prioritários os municípios com perfil de muito alta vulnerabilidade, de acordo com o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)”, afirma.
Entre as regiões com maior número de vagas a serem preenchidas, destaca-se o Leste baiano, mas o maior percentual de ocupação está no Sudoeste, com 81% das vagas já preenchidas. A expectativa, segundo Binas, é de manter a boa adesão dos médicos baianos, que vêm demonstrando interesse nos editais anteriores.
Além de ampliar o acesso à saúde, o Mais Médicos também investe na formação dos profissionais. Médicos participantes podem se qualificar com cursos de especialização, mestrado e doutorado em Saúde da Família, fortalecendo o atendimento nas unidades básicas de saúde.
A médica Deborah Ursula de Miranda atua pelo programa há um ano e cinco meses em Cumuruxatiba, distrito do município de Prado, no extremo sul do estado. Pós-graduada em Geriatria, Gerontologia e Medicina da Família e Comunidade, ela está concluindo sua segunda especialização por meio do Mais Médicos. Sendo o único posto médico do povoado, a unidade funciona como uma UPA, atendendo demandas espontâneas e casos de urgência. “Os desafios são a localidade de difícil acesso por ser estrada de barro. Demora e resistência do SAMU para vir a comunidade, falta de suporte para a unidade, falta de segurança, ter que fazer transferência de pacientes sem segurança em ambulância…”, relata.
Mesmo diante das dificuldades, Deborah destaca a importância da presença médica contínua no território para levar dignidade e cuidado onde antes havia ausência do Estado. Para quem pretende se inscrever, ela aconselha: “Entre com o coração aberto, estamos neste caminho para salvar vidas. A medicina não é só uma ciência, é uma vocação de cuidar, levamos dignidade à saúde e informação para onde nunca teve”.
Podem se candidatar médicos formados no Brasil com CRM, brasileiros formados no exterior e estrangeiros habilitados. Estes dois últimos perfis precisam ser aprovados no Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv), com foco em situações de urgência, emergência e doenças prevalentes nas regiões onde atuarão. Além das vagas principais, o edital prevê a formação de cadastro reserva, o que dará mais agilidade para preencher lacunas que surgirem nos municípios. Com 24,9 mil médicos em atuação atualmente, o Mais Médicos tem a meta de chegar a 28 mil profissionais, beneficiando mais de 63 milhões de brasileiros e garantindo cobertura em 77% do país.
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