Psicóloga denuncia assédio em ônibus e omissão de motorista na Bahia | A TARDE
Atarde > Bahia

Psicóloga denuncia assédio em ônibus e omissão de motorista na Bahia

Segundo a vítima, ela dormiu durante viagem e acordou com passageiro em cima dela

Publicado segunda-feira, 18 de março de 2024 às 19:18 h | Atualizado em 19/03/2024, 07:47 | Autor: Da Redação
Psicóloga denuncia assédio dentro de ônibus da  Viação Águia Branca
Psicóloga denuncia assédio dentro de ônibus da Viação Águia Branca -

Uma psicóloga moradora da cidade de Itamaraju, no sul da Bahia, fez uma postagem nas redes sociais, na noite de domingo, 17, denunciando ter sido vítima de importunação sexual dentro de um ônibus da Viação Águia Branca, além de omissão por parte do motorista.

De acordo com a postagem de Michelle Rios Camilo, ela voltava de Ituberá, com destino a Eunápolis, ambas cidades do sul baiano, quando adormeceu e acordou com outro passageiro em cima dela. Além disso, Michelle afirmou que funcionários da empresa contaram a ela que casos de importunação sexual estão ocorrendo com frequência nos ônibus.

O Portal A TARDE entrou em contato com a Viação Águia Branca que, através de nota, lamentou o ocorrido, informou que analisa a conduta do motorista e que está à disposição das autoridades.

"A Viação Águia Branca lamenta profundamente o ocorrido com a cliente, e vem a público repudiar com veemência todo e qualquer caso de importunação sexual. Internamente, a empresa tem um protocolo rígido, que deve ser seguido por todos os motoristas em casos ocorridos nos ônibus da empresa. A conduta do motorista está em análise considerando todas as evidências e informações prestadas pela vítima. Confirmando o não cumprimento do protocolo estabelecido e omissão por parte do colaborador, serão tomadas as medidas cabíveis. A empresa está à disposição das autoridades e para fornecer todas as informações necessárias para apuração do caso", diz a nota.

Na postagem, Michelle publicou um vídeo, no qual relata todo o ocorrido. Assista abaixo:


No vídeo, ela conta que viajou na noite de sexta-feira, 15, para Ituberá, onde no dia seguinte deu uma palestra. Para retornar a Itamaraju, ela pegou um ônibus a 0h30 de domingo, 17. Foi neste veículo que o caso ocorreu.

"Tinham poucas pessoas no ônibus, a maioria homens, eu já comecei a ficar preocupada. Tinha visto duas mulheres só, e já fiquei ali orando a Deus, pedindo a Deus para essas mulheres não descerem, mas aí quando chegou em Camamu, as duas desceram", relatou.

"E aí tinha um rapaz no ônibus, e esse rapaz pegou e mudou de lugar para ficar mais perto de mim e começou me fazer perguntas. Eu comecei a orar a Jesus que me guarde, me livre, porque eu estava sozinha no meio de desconhecidos... Até que não aguentei, tinha tomado um Dramin para enjoo, e acabei pegando um pouco no sono, e aí quando eu acordo já é com o cara em cima de mim", contou Michelle.

Ela então contou que gritou por socorro e um outro passageiro a ajudou. Segundo a psicóloga, quando o ônibus chegou em Ibirapitanga, o motorista perguntou o que tinha acontecido, ela relatou e disse que queria ir para a delegacia e que não continuaria a viagem com o agressor dela no ônibus.

Mesmo assim, o motorista teria continuado a viagem e, quando chegou no distrito de Travessão, ainda na cidade de Camamu, por volta de 1h30 da manhã, parou o ônibus e perguntou se Michelle queria descer.

"Quem conhece Travessão sabe: não tem nada. Uma e meia da manhã. Não tem nada ali. Não foi nem no posto de gasolina, ele parou literalmente no trevo e me perguntou se eu queria descer. Eu falei: 'Vou descer aqui? No meio do nada? Eu comprei minha passagem foi para Eunápolis, não foi para parar aqui no meio", relatou. 

Ainda de acordo com Michelle, o motorista teria respondido que a viagem já estava atrasada e que, se chamasse a polícia, iria atrasar ainda mais. Ela então permaneceu no ônibus até Ubaitaba, onde desceu e, com o auxílio de dois seguranças da Águia Branca, foi de carro até Itabuna, onde conseguiu prestar queixa na delegacia.

"Eu estava muito apavorada, estava em pânico total. Você não sabe o que passa na cabeça da pessoa, ainda mais quando você declara que vai chamar a polícia e que vai denunciar. Aí é questão de sobrevivência, você não sabe o que o outro vai fazer", falou.

Michelle ainda destacou que acionou o cunhado, que é policial. Ele a encontrou em Itabuna e acionou uma viatura que levou o suspeito até a delegacia. 

A psicóloga ainda falou que funcionários da Águia Branca teriam lhe contado que casos de importunação sexual têm ocorrido com frequência nos ônibus.

"E pela postura do motorista, que não estava nem surpreso, dava para perceber que era algo comum, que era algo da rotina dele. E em nenhum momento ele pensou na minha privacidade, na minha segurança. Ele só queria se livrar de de mim, que era um problema que ia atrasar a viagem dele. Só isso", concluiu.

Publicações relacionadas