Resgate do 13 de Maio em Cachoeira

Relembrar o 13 de Maio de 1888 é o que pretende fazer a população de Cachoeira (a 110 km de Salvador), no Recôncavo baiano, nesta quarta-feira, 13, quando completa 121 anos do fim da escravatura no Brasil. Para rememorar aquele dia, quando Cachoeira parou para festejar a notícia da assinatura da Lei Áurea, os cachoeiranos prepararam o encontro da filarmônica Sociedade Orpheica Lyra Ceciliana, fundada em 13 de maio de 1870 pelo maestro abolicionista Manoel Tranquilino Bastos, com a Sociedade Lítero Musical Minerva Cachoeirana, na Praça Teixeira de Freitas, às 20h30.

Todos os seguimentos da população de Cachoeira e São Félix estão sendo mobilizados para o encontro das filarmônicas que, em seguida, seguem em passeata pelas principais ruas da cidade. A pretensão dos organizadores da mobilização é reproduzir o cenário da festa de 1888 com a participação da filarmônica e de um grande número de pessoas.

A cidade de Cachoeira e a vizinha São Félix de acordo com historiadores, abrigaram importante e atuante movimento abolicionista. Desta forma as pessoas empenhadas no resgate daqueles 13 de Maio de 1888, pretendem contribuir para retirar o do esquecimento “as lutas e as esperanças e de liberdade e cidadania no Brasil.

Cachoeira é uma das cidades mais negras do Brasil, onde sobrevivem fortemente as heranças do povo africano, que está em toda parte, como num cemitério só de pretos, na irmandade formada por mulheres negra, a Boa Morte, e uma filarmônica, a Lyra Ceciliana, fundada por um preto abolicionista.

O 13 de Maio também é tema de uma programação acadêmica especial promovida pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb) que acontece às 9h, no Centro Cultural Hansen Bahia. Nesse dia será lançado o edital do Fórum Pró-Igualdade Racial e Inclusão Social do Recôncavo.

O evento, que tem como tema central “O 13 de Maio e as Lutas pela Cidadania no Brasil”, tem como objetivo provocar reflexões sobre os significados do 13 de Maio e as conseqüências da abolição da escravidão no Brasil, como assinala Walter Fraga, professor adjunto de História, superintendente de Projetos de Cultura e Desenvolvimento da Ufrb, estudioso das trajetórias de ex-escravos após a abolição da escravidão e autor do livro “Encruzilhadas da Liberdade”. As filarmônicas Lyra Ceciliana, 13 de Maio, União Sanfelixta e Sociedade Lítero Musical Minerva Cachoeirana encerram a programação.