Rui diz que aporte federal é insuficiente; ministro rebate | A TARDE
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Rui diz que aporte federal é insuficiente; ministro rebate

Governador reclamou que os R$ 80 mi para recuperar estradas federais do Nordeste não recuperam nem as da Bahia

Publicado terça-feira, 28 de dezembro de 2021 às 12:27 h | Atualizado em 28/12/2021, 20:40 | Autor: Cassio Santana e Lucas Franco

O governador Rui Costa (PT) classificou como ‘insuficiente’  o aporte do Governo Federal de R$ 80 milhões para recuperar estradas federais que foram afetadas pelas enchentes no Nordeste. A soma é parte do crédito extraordinário de  R$ 200 milhões anunciado pelo Palácio do Planalto na terça-feira, 28, para reconstrução de estradas danificadas em todo o país devido às chuvas.

“Até mesmo este valor [R$ 80 milhões], se fosse todo para a Bahia, seria insuficiente para reparar os danos em nossas estradas federais”, escreveu o governador em suas redes sociais. “Fica aqui o meu pedido para que sejam enviados mais recursos, especificamente para a Bahia. A extensão de área e a população afetada aqui é muito maior e os baianos necessitam desse auxílio”, completou.

“Fiz um apelo por mais recursos para a recuperação das rodovias federais que foram destruídas pelas chuvas na Bahia. A portaria que liberou R$ 200 milhões para esta finalidade é para todo o país. Deste valor, a parcela destinada aos estados do Nordeste foi de R$ 80 milhões.”, explicou Rui. 

Segundo o governador, vários municípios atingidos pela chuva perderam todas as medicações e vacinas durante as enchentes.  “Em alguns locais, 100% de todo o medicamento e de todas as vacinas foram perdidos, porque algumas secretarias municipais de saúde e os depósitos de medicamentos ficaram embaixo d’água completamente. É o caso de Jucuruçu e outras cidades”, destacou. 

'Recurso inicial'

O ministro João Roma (Cidadania) avaliou como um 'mal entendido' a contestação dos valores repassados à Bahia.  Para Roma, o governador Rui Costa considerou que a ajuda do governo federal à Região Nordeste seria de apenas R$ 80 milhões, quando, nas palavras do ministro, o montante  é um 'recurso inicial' de uma ajuda maior do governo federal.  

"Talvez o governador tivesse imaginado que, considerando toda a calamidade, a soma fosse apenas de R$ 80 milhões. Estamos em um momento de encerramento do período fiscal, esses recursos são emergenciais para as ações de agora, mas todo um levantamento está sendo feito para que nós possamos, em início de janeiro, agir de acordo com a dimensão do que deve ser feito",  disse o ministro ao jornal A TARDE. 

De acordo com Roma, não adianta enviar recursos agora, no final do ano, quando não estão escalonadas as vistorias que devem ser feitas em cada município a fim de levantar informações do que deve ser feito.   'Hoje você não sabe quantas casas  deverão ser reconstruídas ou construídas, estamos fazendo ainda o levantamento. Cada município deve preencher uma planilha com essas informações."; pontuou. 

 "Esses 80 milhões são um recurso inicial, não quer dizer que vai ficar nisso. O governo Bolsonaro está se desdobrando com todas ações necessárias para contribuir na retomada do desenvolvimento da região", destacou Roma. ". Esse recurso é um recurso inicial, do DNIT  [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes], que fará execução de obras na contenção iniciais e readequação de trechos para que as BRs fique em condições de funcionar. São contratos de manutenção de rodovia", disse. 

Comitiva

Nesta terça-feira, uma comitiva de ministros chegou ao município de Itabuna a fim de sobrevoar as regiões afetadas pela chuva. Os ministros Damares Alves (Mulher, da Família e dos Direitos Humanos), Marcelo Queiroga (Saúde) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) integravam o grupo. 

Em suas redes sociais, Marinho afirmou que a ida dos ministros foi  uma “determinação” do presidente Jair Bolsonaro (PL), que passa férias em Santa Catarina enquanto a crise se desenrola na Bahia. Os representantes do governo federal foram recebidos pelo ministro João Roma (Cidadania).

Em uma conexão em Ilhéus, os ministros encontraram-se com o governador Rui Costa, que, mais uma vez, questionou os valores  destinados à região, durante coletiva de imprensa conjunta. Após a fala do governador,  Rogério Marinho pediu tempo para ‘um diagnóstico mais apurado’ do governo federal. 

“Há pelo menos sete estados com problemas de chuvas torrenciais. Estamos aguardando um diagnóstico mais apurado para fazer o que for necessário não apenas para recuperar rodovias, mas construção das casas, acesso, infraestrutura urbana, mas precisaremos de um pouco mais de tempo”, disse Marinho. 

Rui Costa agradeceu o apoio do governo federal e de outros governos estaduais, mas alegou que a situação ainda é incerta para boa parte da população. O governador disse que são mais de 50 mil pessoas desalojadas com o temporal no estado. 

Segundo o ministro Rogério Marinho, para que o governo federal faça sua parte, os prefeitos precisam colaborar com o levantamento de dados sobre danos através de preenchimento de formulário, para saber quais serão as necessidades de cada município. “Precisamos que vocês, prefeitos, venham aqui pessoalmente, ou online, para saber quais são as necessidades de vocês”, pediu o ministro. 

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga afirmou que a pasta repassou recursos da ordem de R$ 12 milhões ao estado, provenientes do Fundo Nacional de Saúde.  “Vamos reforçar a vacina da gripe, trazer 100 mil unidades dessa vacina, além de prestar assistência aos que se acidentarem com animais peçonhentos”, disse. 

Damares Alves anunciou esforços conjuntos com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para prevenir os desaparecimentos e garantir o direito de crianças da região. Os ministro da Cidadania , João Roma, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, por sua vez, prometeram que novos recursos federais serão canalizados num futuro breve para a reconstrução de casas e estradas.

Conforme dados da Defesa Civil, as enchentes já deixaram 21 mortos e mais de 31 mil desabrigados. O estado contabiliza 116 municípios afetados e o número de cidades que decretaram situação de emergência chega a 136.  

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