INCLUSÃO
Secult cria Rede de Pontos de Cultura Indígena no Estado
Evento reuniu representantes de 35 comunidades tradicionais
Por Marcela Magalhães*

No Quadrilátero da Biblioteca Central dos Barris, foi anunciada oficialmente a criação da Rede de Pontos de Cultura Indígenas da Bahia – locais reconhecidos pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) que funcionam como base para a expressão cultural de uma região.
O evento reuniu representantes de 35 comunidades tradicionais e contou com a entrega de certificados e o repasse de recursos a coletivos indígenas que vêm fortalecendo a cultura ancestral em seus territórios. A ação da SecultBA tem apoio da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e da Política Nacional Cultura Viva.
A cerimônia iniciou com o ritual do Toré - manifestação espiritual tradicional dos povos indígenas do Nordeste, que em roda cantaram e dançaram ao som de maracas - e contou com a presença de lideranças indígenas, gestores públicos e representantes da sociedade civil.
Espaços de memória
Cada ponto de cultura contemplado receberá R$ 30 mil, totalizando um investimento de mais de R$ 1 milhão. Também foi anunciada a construção de oito centros de cultura indígena em comunidades tradicionais do estado, que servirão como espaços de memória, aprendizado e resistência.
Sobre a política Aldir Blanc, de fomento à cultura, o secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro, declara: “Devemos ver formas de transformar essa política não num mero repasse de recursos em que nós financiamos um projeto que começa, termina e não constitui uma política enraizada, que dê sentido aquilo que nós estamos fazendo ou ao fortalecimento da cultura”.
“Nós tínhamos vergonha de mostrar nossa cultura porque não tínhamos estrutura. Agora, com esse reconhecimento, vamos mostrar com dignidade quem somos. Vamos fazer cultura com qualidade”, declara, o cacique Raimundo Nonato, da Associação dos Indígenas de Rodelas, no Território de Identidade Itaparica.
Também presente à mesa, Patrícia Pataxó, superintendente de políticas para os povos indígenas da Sepromi-BA, reforçou o caráter pioneiro da iniciativa. “Somos o primeiro estado do Brasil a lançar um edital exclusivamente voltado para a cultura indígena. Hoje é um dia feliz. Estamos mantendo viva a nossa cultura, possibilitando que nossos mais velhos ensinem os mais novos, garantindo continuidade às nossas tradições”, afirma.
Cirila Kaimbé, do Território Cultural Kaimbé em Euclides da Cunha, contou que o prêmio chega como um impulso há muito esperado. “Vamos realizar projetos antigos, criar espaços para honrar a memória do nosso povo. É um momento simbólico de reencontro entre os povos e de fortalecimento coletivo”.
Na visão de pai Lula Dantas, membro da Comissão Nacional dos Pontos de Cultura, a rede agora ganha legitimidade com a presença dos povos originários. “O Cultura Viva não foi feito para inventar cultura, mas para reconhecer o que já existe nas comunidades. Esse espaço é para nós construirmos juntos os próximos últimos 20 anos da cultura viva. Que daqui a mais 20 anos, mesmo que eu não esteja mais aqui, nossos descendentes estarão e vão lembrar que é uma luta que continua e ela não acaba”, pontuou.
*Sob supervisão da editora Isabel Villela
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