META NACIONAL
Sem principais pragas, Bahia mira 3⁰ lugar na produção de laranja
Estado só perde para São Paulo, Minas Gerais e Paraná, porém sustenta posto de maior produtor da região Nordeste
Por Rodrigo Tardio
Quando Luan Roger resolveu colocar a mão na massa para o plantio da laranja, um dos produtos que aposta no pomar de apenas um hectare, localizado no assentamento José Eliseu Santos, município de Rio Real, não fazia ideia do quanto poderia evoluir com a ajuda de uma capacitação técnica.
O sucesso veio após o agricultor absorver conhecimentos para a prática, conhecimentos esses que chegaram por intermédio de um trabalho do sistema Faeb/Senar, o qual orienta agricultores do Estado para melhores resultados na produção.
No caso de Luan, antes dos cursos de capacitação, os resultados com o plantio não apareciam, o que levou o agricultor a ter um período de prejuízos.
"Eu não conhecia o trabalho e quando tive a oportunidade, durante um evento na cidade de Rio Real, resolvi absorver e aplicar as práticas passadas pelos técnicos. Com isso, os resultados na lavoura não demoraram e consegui evoluir no meu objetivo", disse Luan.
Na área plantada são 400 pés de laranja, entre outras espécies.
"Aprendi a colocar tudo na ponta do lápis, bem como aprimorei o manejo. Já colhi mais de 5.000 kg de laranja desde o início do plantio. Em 2024 consegui fazer uma renda de R$ 7 mil reais", reiterou Luan Roger.
Lucros que também vieram para o agricultor Reginaldo Nascimento, uma vez que o filho Gabriel, teve a oportunidade de receber as capacitações. Seu Reginaldo conta que Gabriel não tinha atingido a pontuação para receber o curso e herdou o lugar de uma pessoa que não tinha terras no local, o que seria pré-requisito para participar da capacitação. Sendo assim, Gabriel, que é engenheiro civil, ajudou ao pai com os conhecimentos obtidos.
"Resisti um pouco em deixar meu filho me ajudar. Percebi que ele poderia fazer isso, já que tinha recebido a capacitação. Hoje ele é engenheiro civil, e mesmo distante lá do Sul da Bahia, em Itabuna, me ajuda nessas orientações", conta.
Reginaldo tem quase seis hectares de área plantada diz ter enfrentado problemas com a escassez de chuva.
"Hoje tenho quase 3 mil pés de laranja. De vez em quando eu ligo para Gabriel quando surge alguma dúvida pega o meu caderninho e o lápis e vou anotando tudo".
O nordeste Baiano tem sido o principal fornecedor de frutas cítricas do Estado. No município de Rio Real estão localizados pomares que estão contidos na chamada 'Rota da Laranja'.
De acordo com o IBGE, entre 2021 e 2023, a produção baiana de laranja saltou de 594 mil toneladas para 610 mil toneladas. No caso do limão, o aumento também foi considerável. Em 2021, foram 72 mil toneladas, enquanto em 2023, foram colhidas na Bahia 80 mil toneladas.
A espécie que se destaca na Bahia é a laranja pêra, uma vez que se adaptou bem a níveis produtivos devido às condições climáticas características do ambiente e também por ser considerada uma fruta tão boa para suco quando o assunto é indústria, quanto para o mercado de fruta de mesa.
Em 2023, a Bahia produziu mais de 600 toneladas em uma área colhida de 48.687 hectares.
Tanto Reginaldo, quanto Luan Roger, bem como qualquer agricultor enfrentam as dores de cabeça com as pragas. Uma delas é a estrelinha, por exemplo, que é uma doença causada pelo fungo Colletotrichum acutatum durante o período de florescimento das plantas cítricas. O fungo infecta as pétalas e o fruto formado a partir das flores e cai precocemente, deixando apenas o cálice retido na planta, um disco floral que se parece com uma estrela.
O engenheiro agrônomo do Pomar Ouricuri, Marciel Germano, diz que todo o controle é feito no local, bem como o auxílio nas orientações que são disseminadas no entorno das propriedades.
"As informações são compartilhadas e isso ajuda a região se potencializar cada vez mais". É não olhar só para nosso umbigo, como também auxiliar a quem está no mesmo barco", afirmou.
Câmara Setorial da Agricultura
O deputado estadual, Eduardo Salles (PP), enquanto secretário de Agricultura do Estado da Bahia, criou a Câmara Setorial da Citricultura, a qual participava desde o pequeno produtor até o setor industrial. Salles diz que o Estado tem matéria-prima de qualidade e um grande mercado consumidor no mundo, bem como um enorme potencial de crescimento da produção de laranja, já que a Flórida, nos EUA, São Paulo e outras regiões do planeta sofrem com a infestação do Greening, entre outras pragas.
"Nosso Estado pode suprir a demanda, e gerar milhares de empregos, já que está livre dessas doenças e pode avançar muito com a nossa citricultura e em pouco tempo ser o terceiro maior produtor de laranja do país", acredita.
Á época como secretário de Agricultura, identificamos que o Greening, causado pela bactéria Candidatus Liberibacter spp. e disseminado pelo psilídeo Diaphorina citri, responsável por causar um enorme estrago nos pomares de São Paulo, maior produtor brasileiro, poderia colocar em risco a citricultura baiana, uma vez que o Greening não tem cura e a planta, uma vez contaminada, não existe a possibilidade de eliminar a bactéria, que age como fonte de inóculo para contaminar o restante do pomar. Proibimos importação de mudas oriundas de São Paulo e outros estados, e elas precisavam ser feitas na Bahia, reiterou.
E-Agro
Para reforçar as soluções no segmento, a terceira edição da feira de tecnologia agrícola e-Agro, realizada, entre os últimos dia 7 e 9 de novembro, no Centro de Convenções de Salvador, discutiu o papel do agronegócio.
Humberto Miranda, presidente do Sistema Faeb/Senar/Sindicatos ressaltou o que representa a e-Agro como local de vitrine para pequenos e grandes produtores.
“O agronegócio da Bahia representa mais da metade do PIB do estado. A gente traz também as tecnologias e conhecimentos que ajudam não só o agricultor como toda a sociedade,” finalizou Humberto.
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