Homofobia de Davi no BBB amplia debates sobre diversidade e educação | A TARDE
Atarde > BBB

Homofobia de Davi no BBB amplia debates sobre diversidade e educação

Fala foi considerada agressiva com o público LGBTQIAPN+

Publicado segunda-feira, 15 de janeiro de 2024 às 17:31 h | Atualizado em 15/01/2024, 18:15 | Autor: Edvaldo Sales e Matheus Calmon
Imagem ilustrativa da imagem Homofobia de Davi no BBB amplia debates sobre diversidade e educação
-

Após ser indicado para o segundo paredão seguido, Davi se irritou com Nizam e declarou que foi "criado como homem e não como viado". A fala foi considerada agressiva com o público LGBTQIAPN+ devido a homofobia escancarada.

Nas redes sociais, internautas se dividem entre a sentença cabível ao motorista por app baiano. Há quem aponte inocência na fala, principalmente pelo posterior pedido de desculpas. Ainda no programa, Davi pediu desculpas pela fala.

No entanto, tendo sido falho ou não, há quem defenda que o ato não deve passar ileso, a exemplo do ex-BBB Gil do Vigor.

"Em pleno 2024 não podemos normalizar a frase 'sou homem, não sou viado' como gíria, seja quem for. As pessoas não merecem linchamento virtual, mas também não podemos simplesmente fecharmos os olhos e fingirmos que não foi uma fala homofóbica, seja quem for, errou e pronto".

LEIA TAMBÉM

Davi detona Nizam após 2º paredão: “você é articulador, parceiro”

Em conversa com o Portal A TARDE, Genilson Coutinho, ativista LGBTQIAPN+, defende que esse tipo de expressão não deve ser permitida na sociedade. Ele defende que também não justifica dizer que é brincadeira e que gays falam assim entre si.

Imagem ilustrativa da imagem Homofobia de Davi no BBB amplia debates sobre diversidade e educação

"Essa discussão que Davi traz é boa, porque a gente faz um alerta de quanto discursos como esse de Davi, inocentes ou não, homofóbicos ou transfóbicos ou não, fortalecem cada vez mais o crescimento dessa violência contra a comunidade LGBT no Brasil. Então, quando a gente fortalece e silencia, a gente faz com que isso só piore", avalia.

"A gente não pode achar que a homofobia é recreativa e que essas brincadeiras aí é o jeito baiano de falar. Não, não é um jeito de baiano falar, porque a gente não pode permitir que vidas seja ceifadas e que violências continuem sendo banalizadas e fortalecidas por situações como essa nesse debate entre o David e o Nizam".

Genilson cita ainda que quem cresceu em comunidades periféricas certamente já escutou expressões discriminatórias e aponta que parte da culpa fica com a falta de educação adequada.

"Infelizmente, a gente vive num país onde a educação não é prioridade. E essas expressões que Davi usa e que muitos jovens a usam da mesma forma e tantas outras expressões que machucam, que violentam as pessoas, estão inseridas no cotidiano, mas a gente tem que pensar que ele tem acesso a internet, é uma pessoa que é jovem e que tem que aprender todos os dias. É reaprender".

Quem também comentou o assunto em entrevista ao Portal A TARDE foi Onã Rudá, Consultor de Diversidade e Inclusão e Fundador do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ e Torcida LGBTricolor.

Ele considera absurdo considerar naturalizada ou gíria baiana expressões homofóbicas. "Quem naturaliza as coisas ou não somos nós, pessoas.

"A gente tem que levar isso em consideração, o impacto que pode gerar, ainda que menor ou pequeno que pareça no conjunto da sociedade. Então, você imagina alguém podendo usar hoje uma expressão como é coisa de preto dentro do BBB? Porque ainda hoje a gente consegue conceber que dentro da questão da comunidade LGBTQIA+ a gente possa ter expressões que negam a natureza nata de humanidade dessas pessoas".

Onã Rudá
Onã Rudá |  Foto: Arquivo pessoal

Onã cita ainda que, assim como não mais são aceitáveis expressões e falas que ridicularizem e ofendam, por exemplo, mulheres, negros e minorias.

"No caso do Davi, isso fica mais evidente ainda. Acho que o ponto é esse aqui. Ele foi advertido e ele não pensou duas vezes e foi lá e pediu desculpa", contou ele, que listou lições que o episódio ensina.

"A primeira é que ele reconheceu que, de fato, fez um uso errado da palavra, que era uma palavra que tinha uma conotação preconceituosa. Se não, ele não teria motivo para poder pedir desculpa. A gente não está mais debatendo sobre o Davi ter dito ou não ter dito, mas das pessoas que vieram aqui de fora dizer que essa é, entre aspas, muitas aspas, gírias, uma coisa naturalizada".

"Nós temos que travar, travar esse debate, porque dentro da da linguagem baiana a gente tem muitas coisas assim, que são problemáticas e a gente precisa", finalizou.

Publicações relacionadas

MAIS LIDAS