REPRESENTATIVIDADE
Ailton Krenak é 1º indígena eleito para a Academia de Letras
Indígena é ambientalista, escritor, filósofo, professor, poeta e líder ativista
O ambientalista Ailton Krenak, de 70 anos, foi eleito para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta quinta-feira, 5. O indígena que também é escritor, filósofo, professor, poeta e líder ativista da causa dos povos originários é o primeiro indígena a se juntar à instituição.
Krenak recebeu 23 votos, Mary Lucy Murray Del Phiore teve 12, e Daniel Munduruku, 4. O ativista ocupará a vaga deixada por José Murilo de Carvalho, que morreu em agosto. Nascido no Vale do rio Doce, região afetada pela atividade de extração mineira, em Itabirinha (MG), em 1953, Krenak fundou a organização não governamental Núcleo de Cultura Indígena, que visa promover a cultura indígena, em 1985.
O grupo participou de uma emenda popular da Assembleia Constituinte em 1987, e assumiu o papel na defesa dos direitos dos povos originários. Krenak é Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora e ocupa a cadeira 24 da Academia Mineira de Letras.
O ativista se mudou para o Paraná aos 17 anos, onde se alfabetizou. Depois de participar da fundação da União Nacional dos Indígenas (UNI), primeiro movimento indígena de expressão nacional, Krenak comoveu o país com um discurso na Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, em que pintou o rosto com a tinta preta de jenipapo em protesto ao retrocesso dos direitos indígenas. Na ocasião, o apelo foi essencial para a aprovação da emenda constitucional que trata dos direitos dos povos originários.
Os livros “A vida não é útil” e “Ideias para adiar o fim do mundo”, ambos publicados pela Companhia das Letras, foram um sucesso e difundiu o pensamento ameríndio para muitas pessoas, propondo novos modos de vida e maneiras de se relacionar com o meio ambiente. Krenak critica a chamada “humanidade zumbi” - conceito proposto por ele - uma ideia de progresso que deslocou os homens do corpo da terra e levou a sociedade ao consumo desenfreado e à destruição da natureza.
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