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Barra Funda ensaia nova guinada e já é chamada de 'periferia do centro'

Gilberto Amendola | Estadão Conteúdo

Por Gilberto Amendola | Estadão Conteúdo

07/07/2019 - 8:15 h | Atualizada em 19/11/2021 - 10:01

A Barra Funda, na zona oeste, é um bairro de raízes industriais e operárias que, a cada ano que passa, tem adicionado uma nova iguaria à marmita. Com os aluguéis caros e a saturação de lugares como Pinheiros e a Vila Madalena, a cena cultural, rock n' roll e "gourmet sem frescura" está se deslocando para esse ponto da cidade, para perto da linha do trem e a poucos quilômetros do centro. "É a primeira periferia do centro", diz um dos sócios do bar A Dama e os Vagabundos, Raul Fiuza.

Não é de hoje que a Barra Funda vem ensaiando uma guinada. Como lembra o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie Valter Caldana, a região passa por um processo natural de reconversão. "A ocupação histórica industrial deixou muitos terrenos vazios. Além disso, trata-se de uma localização privilegiada, com uma estrutura subutilizada."

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Com tantos atrativos, em 2004, ainda na gestão Marta Suplicy, uma ação batizada de Bairro Novo realizou um concurso para revitalizar o bairro. O projeto vencedor imaginava um local de calçadas largas, arborizado, com prédios baixos e uma distribuição que lembrava Brasília. A ideia nunca saiu do papel - sendo abandonada nas gestões José Serra e Gilberto Kassab. Além disso, operações urbanas de revitalização do bairro são anunciadas quase anualmente. Mas pouco sai.

Ainda assim, mesmo à revelia do poder público, a Barra Funda está acontecendo. Desde 2013, o bairro é o quinto com mais lançamentos imobiliários (ficando atrás só de Itaquera, Pirituba, Campo Limpo e Butantã). A maioria desses empreendimentos é de custo consideravelmente mais baixo do que o do entorno, como em Perdizes (o preço médio do metro quadrado da Barra Funda é R$ 10.113; já em Perdizes, sai em média R$14.075).

São lançamentos populares, com valores de até R$ 200 mil", explica Coriolano Lacerda, coordenador de inteligência do mercado do Grupo Zap. A consequência é atrair público mais jovem, de recém-casados ou de gente que compra seu primeiro imóvel. Ou seja, o bairro ganhou pulso e uma frequência de pessoas que querem descobrir e aproveitar a vida ao redor.

Lugares

Há aproximadamente três anos, o chef Paulo Shin inaugurou o restaurante coreano Komah. Hoje, o local já é referência na cidade e reconhecido com prêmios da mídia especializada. Não é difícil precisar chegar cedo ou encarar uma espera para experimentar os pratos de Shin. "Foi mais seguro financeiramente vir para cá. Era uma diferença que representava um ano e meio de fluxo de caixa vindo pra Barra Funda contra um mês de Pinheiros", conta. "O Komah é fenômeno que não planejamos. Foi no boca a boca."

Além do Komah, há restaurantes como o Capivara bar (com peixe eleito entre os 100 melhores pratos de São Paulo entre 2017/2018 pelo caderno Paladar, do Estado) e a Baianeira (cozinha que mistura referências baianas e mineiras).

A região, claro, nem sempre foi essa festa. Thaís Aparecida Alves Simão, 30 anos, moradora do bairro, e hoje proprietária de um café na região, o San Benedetto, conta que há alguns anos sequer era recomendável andar pelas ruas. "Era escuro, mal iluminado e perigoso. Agora, tem mais prédios subindo", conta.

A frequência do lugar melhorou tanto que pertinho do café da Thaís abriu uma escola de teatro e espaço para ensaio e centro de estudos para espetáculos musicais chamado Broadway Center, capitaneado pelos artistas Kiara Sasso e Lázaro Menezes. "Viemos para Barra Funda pelo espaço físico incrível que encontramos e também por que aqui é um centro de produção teatral. Muitos grupos de teatro tem suas sedes ou ensaiam na região", fala Kiara. A mesma lógica serve para as galerias de arte - que se esparramam pelo bairro.

Dois lados

O bairro ainda é dividido pela linha férrea. Se de um lado estão os já reconhecidos Komah e Capivara; o outro lado da linha também não fica atrás. Colado ao trem, na Rua Sousa Lima, está o bar A Dama e os Vagabundos. O surpreendente espaço tem cara e preços de boteco - e uma decoração rock n' roll (ótima trilha sonora).

"No começo, taxistas e motoristas e Uber me traziam aqui e perguntavam: 'por que você foi abrir um negócio justamente nesse lugar?'", diz o proprietário, Raul Fiuza. Outra característica importante de vários negócios na região, inclusive do Dama, é o de fechar cedo. "Fechamos às 10h30 para participar da comunidade. Fazemos o máximo para nos aproximar da vizinhança", disse.

Na mesma rua, o chef Checho Gonzales (do Comedoria Gonzales, no Mercado de Pinheiros) acaba de abrir o Mescla - restaurante despojado com uma pegada de comida caseira e rústica. "Escolhi a Barra Funda porque bairros como Pinheiros e Vila Madalena já estão saturados", diz ele.

Quem está na região há mais tempo também comemora o novo momento e a chegada dos vizinhos famosos. "Estamos aqui há nove anos. A gente era um oásis, mas agora o bairro inteiro está crescendo", fala Fernando Gonçalves Souza, proprietário do Deep Bar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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