ENTREVISTA - KLEYTTON GUIMARÃES
‘Desenvolvemos tecnologias sociais que podem virar políticas públicas’
Presidente da Fundação Banco do Brasil destaca, em entrevista ao A TARDE, ações voltadas para populações vulneráveis
Por Divo Araújo
O presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Guimarães Morais, esteve em Salvador na semana passada para visitar empreendimentos de catadores de materiais recicláveis. O suporte a esse segmento é uma das frentes de atuação da fundação, que busca, junto às comunidades prioritárias, desenvolver tecnologias sociais para que, posteriormente, sejam escalonadas pelo poder público.
Essas tecnologias podem tanto garantir o sustento de populações mais vulneráveis por meio da reciclagem do lixo quanto ajudar os moradores do semiárido a conviverem com a escassez de água e o sol escaldante. “O foco da nossa atuação são as tecnologias sociais”, afirma ele, nesta entrevista exclusiva ao A TARDE. E o que significa, exatamente, esse conceito? “São soluções construídas a partir da comunidade, com interações ou não com o meio acadêmico, para resolver problemas que as afligem”, explica. Saiba mais na entrevista que segue.
O senhor é baiano de Santa Maria da Vitória e está agora de volta ao estado para visitar empreendimentos de catadores de materiais recicláveis. O que a Fundação Banco do Brasil vem fazendo para fortalecer o trabalho dessa categoria?
Primeiro é uma alegria, como baiano, voltar à minha terra. Eu morei em Salvador também. E Salvador tem um componente decisivo na consolidação da pessoa que sou. Sempre tem essa perspectiva de que contar a sua aldeia te faz conectar com os assuntos e temas universais. Esse pertencimento de Santa Maria da Vitória, de ser um menino da região da caatinga, traduz bem isso e dá os elementos para que a gente atue agora na liderança da fundação, nesses temas que são universais. Quando a gente fala de meio ambiente e de superação da extrema pobreza, estamos falando infelizmente de dramas mundiais. Cerca de 800 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar grave ao redor do mundo. No Brasil, a gente está avançando a passos largos para superação da fome no nosso território, mas ainda há um déficit grande. A fundação contribui para combater esse déficit. A visita aqui na Bahia também traz os elementos de estabelecer novas parcerias. A fundação tem um compromisso com públicos priorizados. Públicos que, no processo histórico, foram excluídos, não participaram ou foram esquecidos do orçamento público. Estamos falando de população no CadÚnico e daqueles que, por ausência de documentação civil, nem chegaram nessa etapa. Estamos falando também de uma perspectiva de priorização de alguns temas que são entrecortados pela discussão ambiental, mas com um componente social. Estamos falando dos catadores e catadoras. A fundação sempre foi parceira histórica no processo de fortalecimento dessa atividade profissional, apoiando o fortalecimento de associações e cooperativas.
Como foram essas visitas nos empreendimentos de catadores?
A gente teve oportunidade de conversar com dois segmentos importantes da mesma categoria. Os catadores estão organizados em diferentes perspectivas. Do ponto de vista da economia solidária, associações e cooperativas, e do ponto de vista da economia popular. Nessa última, você tem uma rede de pessoas que trabalham e mantêm o seu sustento a partir da reciclagem, que não necessariamente estão organizados em cooperativas. São catadores autônomos ou avulsos, que regem a sua economia a partir de processos familiares ou de uma proto-organização. São demandas bem específicas. A população em situação de rua hoje na Bahia é da ordem de cinco mil pessoas e, destas, 53% se dedicam ao processo de catação de materiais para reciclagem. Estamos dialogando para saber quais são as carências, necessidades e obviamente as potências desse segmento. Conectado a isso, estamos fortalecendo a estratégia de atuação dos catadores na Bahia por meio do fomento a três redes que estão espacialmente distribuídas na Zona da Mata, Região Metropolitana de Salvador e entrando para o interior do Estado. Portanto, estamos fortalecendo e retomando esse processo de articulação, que é fundamental, quando a gente fala de logística reversa. A integração logística - ter um lugar onde processa, agrega valor desses materiais e entrega para a indústria - é fundamental para que esse circuito funcione de uma forma mais legítima e que dê mais retorno para os catadores e catadoras.
Quais são os principais desafios para que essa economia circular se desenvolva no Brasil?
Tem desafios da ordem dos agentes públicos, pegando a estrutura federada, e agora na renovação inclusive dos mandatos municipais. A unidade onde as pessoas residem não é a União nem o Estado, é o município. O município tem um papel fundamental e importante na economia circular no nosso país, na inclusão sócio-produtiva e na salvaguarda do meio ambiente. Casado com isso, há o desafio da educação ambiental. De formar a consciência de que não acaba o ciclo quando o seu rejeito sai da sua casa. Pelo contrário, se ele não tiver o destino adequado, vai assorear rios, contaminar leitos e cursos em corpos d'água, gerar produção de gases que afetam o equilíbrio ambiental, etc. Esse processo de educação ambiental é feito com grande maestria pelos próprios catadores e catadoras. A concepção da reciclagem no Brasil precisa ser entendida a partir do processo de inclusão sócio-produtiva dos catadores como um serviço de educação ambiental. Acho que a primeira porta é o processo de coleta seletiva, de separação, do consumo consciente, que a população precisa estar cada vez mais desenvolvendo. A outra ponta é o processo de inclusão sócio-produtiva que prefeituras e Estados precisam fazer. Falo do processo de contratação das cooperativas e associações para as coletas seletivas, porta a porta. Isso vai fazer com que o resíduo orgânico possa virar compostagem, adubação e ter um ciclo virtuoso, inclusive de geração de renda. Como a gente tem o caso aqui em Mata de São João, no Complexo de Sauípe. E também tem a destinação de resíduos elétricos e eletrônicos. É uma infinidade de materiais que, se não tratados, vão para os aterros ou para os descampados urbanos, gerando riscos de contaminação da população, como a gente teve o acidente do césio em Goiânia. Esse componente é orquestrado por meio da educação, mas também pela contratação de coleta seletiva a partir dos municípios e pelo apoio ao fortalecimento logístico. Falo da destinação de áreas adequadas para a instalação de galpões, maquinários como prensa, caminhões. A fundação, nesse processo aqui da Bahia, está disponibilizando recursos da ordem de R$ 4 milhões para fortalecimento das redes com as aquisições, por exemplo, de caminhões, de prensas, para agregar valor. Tudo isso é fundamental para que a gente tenha a implementação adequada e a inclusão sócio-produtiva dos catadores e catadoras.
Além do trabalho com os catadores, a Fundação BB tem investido em outros projetos voltados à economia solidária e criativa. Quais ações estão sendo planejadas para fomentar essas áreas?
Na economia solidária, a atuação da fundação vem de bastante tempo, do início de 2003. Tanto no território urbano, com os catadores e catadoras, mas na zona rural também, a partir do fomento às cooperativas, às agroindústrias. A economia solidária é um componente fundamental quando a gente olha para o desafio do emprego no Brasil. Não dá para a gente entender que toda a demanda vai ser atendida pelo mercado formal de carteira assinada. O pensamento da economia solidária responde ao desafio da empregabilidade, sobretudo em um país que tem uma massa de jovens. Já a economia criativa é um capítulo novo da fundação. Ela vai passar a atuar nesse segmento a partir deste ano. A fundação atua através de programas estruturados. A gente não atua de forma difusa. Atua com propósito para gerar fortalecimento do tecido social, emprego e renda, potencializando o desenvolvimento sustentável de comunidades. Para isso, a gente apoia as ações por meio de programas. Além dos programas que já estão estruturados nas áreas de educação, renda, meio ambiente, tecnologias sociais, saúde, a fundação passa a agregar duas novas perspectivas, que é esporte e cultura, pensando esse território na cadeia produtiva da economia criativa. Como a gente pode fazer esses diálogos de modo a fortalecer a cadeia da estética, por exemplo, dos afro empreendimentos que fazem a cabeça da juventude. Falo dos trancistas. São mais de quatro milhões de pessoas que se dedicam ao ofício de trancista, em processo só agora de reconhecimento pelo Código Brasileiro de Ocupação. Como a gente pode atuar para fortalecer essa atividade e também da cadeia de música, das linguagens artísticas de uma forma geral. Sempre trazendo um duplo olhar - geração de trabalho e renda, mas também do fortalecimento de identidades. Esse é o desafio que a gente se lança para o próximo período.
Em fevereiro agora, Salvador sedia a 1ª edição do Festival Nordestino de Economia Popular e Solidária. O que podemos esperar desse evento?
A natureza da fundação é construir as ações que pretende implementar nos territórios a partir da concertação do seu público que está sendo priorizado. Estamos vendo esse festival como uma grande oportunidade de concertação para fazer com que os programas de esporte e cultura possam adentrar os conteúdos da economia solidária e fortalecer as relações nos territórios. Estamos vindo com uma provocação: a partir dos circuitos das festas populares, como a gente pode pensar o fortalecimento da economia solidária? Por exemplo, a festa popular clássica nossa, o Carnaval. O que tem ali de economia solidária que pode ser fortalecido? Vai desde o assunto que a gente já tratou, que é o catador. Quais são as formas e garantias que estão sendo estabelecidas para esse negócio acontecer no Carnaval. Para inspirar, inclusive, outros circuitos de folia, como as micaretas e grandes eventos públicos e privados que ocorrem no Brasil. A parte de artesanato, como é está sendo colocada? A parte de alimentação, como pode ser pensada ou fortalecida nesses grandes eventos e movimentações. A própria lógica de um turismo de base comunitária. Como você pode estruturar do ponto de vista também desses movimentos de pausas que o brasileiro e a brasileira têm o direito legítimo de ter nas férias? Esse é o desafio que a gente chega nesse festival. Será um lugar muito apropriado, porque tem um público de realização da economia solidária, com todos os seus atores organizados. Também queremos dialogar com o Ministério Público, Ministério Público do Trabalho e, sobretudo, com as universidades. Enfim, com parceiros históricos. A grande contribuição da fundação é testar soluções sociais que sejam exequíveis, que fiquem de pé. Para que assim o Estado possa escaloná-la de forma universal como política pública. O recorte e a intenção que a gente tem é pensar o circuito das festas populares como um lugar de adensamento de valor e de geração de renda, contribuindo para que o Brasil saia do mapa da fome e da extrema pobreza.
Falando de outro evento, em dezembro a Fundação participou da COP 16, com foco no combate à desertificação. Como as tecnologias sociais desenvolvidas pela Fundação no semiárido podem ser replicadas em outras regiões com desafios climáticos similares?
O foco da nossa atuação são as tecnologias sociais. O que é isso? São soluções construídas a partir da comunidade, com interações ou não com o meio acadêmico, para resolver problemas que afligem aquelas comunidades. Qual é o problema do semiárido? Inconstância ou ausência de água, de precipitações. É um fenômeno climático agravado pela ação antrópica. O Brasil tem perdido áreas de cobertura hídrica vertiginosamente. Nós estamos falando de uma perda de mais de 40% da área de superfície líquida do Brasil. Isso aprofunda o processo de aridez dos territórios. Regiões que antes o regime não era semiárido, estão se aprofundando para isso. E a fundação busca promover processos de uso racional dos recursos humanos para o processo de desertificação não avançar. Mas também para construir soluções que tornem possível a convivência com o semiárido. Só um exemplo: o sistema de reuso de água. Se você está num lugar que falta água, você tem que fazer uma gestão super prudente desses recursos. Com o sistema de reuso como fossas sépticas biodigestoras, água cinza, água de reuso da pia, a água usada não é jogada fora. Ela serve para sistema de irrigação de quintais produtivos. Com isso, você tem um ciclo virtuoso na gestão dos recursos hídricos, que permite uma mudança na paisagem do território, por meio de pomares, de sistemas simples, mas que têm uma abrangência interessante para salvaguardar, por exemplo, microclimas. Você tem plantas, vegetações mais altas, etc. E você tem o próprio processo clássico, que é da cisterna. Precipitou tudo de uma vez, está ali guardada a água para que o sertanejo, a sertaneja, possa ter uma autonomia do ponto de vista da sua sobrevivência. Sem água ninguém sobrevive.
Esses sistemas garantem uma melhor convivência com o semiárido?
Eles acabam também com o ciclo do coronelismo, do ponto de vista da gestão de recursos hídricos, que era muito característico do Nordeste. Implementando também esse processo, tanto para salvaguardar a questão da alimentação do regime hídrico para a pessoa, mas também para pequenas criações, como galinhas, como cabras, ovelhas, enfim, gerando também segurança alimentar e impactando com a produção de excedentes na geração de renda. São mecanismos que a fundação tem, por meio das tecnologias sociais, de promover a convivência com o semiárido. Além de outras discussões, acho que de mais fôlego, como o processo de transição energética. No semiárido, o sol sempre foi visto como um castigo para o sertanejo. A ausência de água, junto com o sol intenso, escaldante o ano inteiro, sufoca qualquer um. Mas hoje, com a produção de energia fotovoltaica e solar, essa situação vem mudando. E a fundação é parceira desse processo e de outros processos de combustíveis renováveis, como o hidrogênio verde, o uso de óleos e gorduras residuais. Na Bahia frita-se muito acarajé. O dendê pode ser e está sendo inserido, por exemplo, na planta da Petrobras para produção de biocombustível. Como também o próprio processo de produção vegetal de plantas específicas com alto valor energético, que pode ser trazido também para a planta de biocombustível, dialogando com a agricultura familiar. É um modelo que a gente não pode deixar de incluir, até para que tenha um processo de transição energética justa e participativa. Justa no sentido de evitar a pobreza energética, que hoje infelizmente é uma verdade. Você tem regiões que produzem energias, mas embaixo a população daquele território não tem acesso à energia, então há pobreza energética. Justa no sentido de democratizar o acesso e participativo no sentido de quê? E aí é uma discussão que a fundação tem sido chamada a participar com a própria Associação Semiárida, a ASA, no sentido de estabelecer um milhão de tetos solares. Por meio de tecnologias sociais, eles vão construir a solução. Diferentemente dos modelos que a gente vê na cidade, que você vai na loja e compra, o modelo da fundação é sempre participativo. A cisterna não é comprada a delivery. Ela tem um processo de mobilização de pedreiros da própria região, das casas de materiais de construção.
A Fundação BB tem parcerias com cadeias produtivas como a mandiocultura e a cajucultura, consideradas estratégicas para geração de emprego e renda no semiárido. Há planos de ampliar o apoio a outras cadeias produtivas regionais?
Quando a gente pensa no território, na atuação histórica da fundação, o desafio é sempre dialogar com as políticas públicas. Naquela época do estabelecimento das cadeias produtivas, a convergência eram os territórios da cidadania. Para fazer uma retrospectiva, os territórios da cidadania eram as regiões do Brasil, que tinham o pior IDH ou a ausência de equipamentos públicos que pudessem fomentar o desenvolvimento da região. Nesse aspecto, a Fundação BB foi chamada para consorciar as ações e fortalecer as políticas públicas de geração de trabalho e renda. Pensando no território e suas vocações, o caju e a mandioca são alimentos muito típicos do sertanejo e do nordestino, da forma geral. Na cadeia de mandioca, você tem não só a produção de farinha, fécula, mas uma série de desdobramentos até para a indústria de cosméticos. Essas cápsulas que a gente consome, quando necessitamos de medicamentos, são feitas a partir da fécula da mandioca. A fundação procurou organizar essa cadeia no sentido de agregar valor e de dialogar com a cultura do sertanejo. Mas agregando valor para não fazer simplesmente a comercialização in natura. Pensamos nisso como um componente muito significativo no sentido da segurança alimentar e da geração de trabalho e renda. Da mesma forma, o caju tem um desdobramento hoje, que vai desde a produção do suco, passando pela cajuína, pela carne de caju.
Quais outros projetos da fundação o senhor destacaria?
Nesse processo de agregação de valor, da neoindustrialização, a fundação tem pensado uma articulação de como a gente salvaguarda duas questões. Uma delas são os vazios assistenciais no Brasil, sobretudo na região Norte e Nordeste, onde o déficit de saúde é muito grande. É o problema da água na Amazônia, em que pese aquela abundância de água na região, mas são águas contaminadas. O processo de diarreia em jovens, crianças e adultos é causa de morte muito acentuada na região Norte. De modo que isso é um determinante da saúde. Buscando salvaguardar uma resposta para um processo de saúde que seja preventiva e, por outro lado, gerar renda, com capacidade intensa de agregação de valor, a fundação está desenvolvendo uma nova cadeia de fitoterápicos e plantas medicinais. Isso numa parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que está dando assistência técnica, a partir das farmácias vivas, farmácias da natureza, que é uma tecnologia social certificada em 2011. A fundação busca conectar a produção com técnica correta e manejo adequado. Conectar a agricultura familiar com a indústria, que vai escalonar os processos de produção fitoterápica, com os controles sanitários assegurados pela Anvisa. Estamos nesse momento, fazendo os ensaios. Lembrando que a gente faz os modelos, os modelos são testados e, só a partir daí, o Estado, a União, o governo, enfim, conseguem desenvolver esse conceito. Estamos neste momento desenhando essa cadeia.
E aí entra a relação com as comunidades originárias, que são sempre mais vulneráveis?
Sim, porque inclusive elas são os guardiões desses conhecimentos. As plantas medicinais, em território indígena, por exemplo. Como os nossos parentes salvaguardam as condições de saúde? Por meio do conhecimento profundo da natureza. Da mesma forma, as comunidades da diáspora africana também são guardiões desses conhecimentos. Por isso, buscamos dialogar sempre com povos e comunidades tradicionais. Aí, especificamente, as comunidades indígenas e os quilombolas. Essas comunidades, quando a gente olha do ponto de vista da insegurança alimentar grave, são, infelizmente, territórios em que o flagelo da fome tem avançado de modo significativo. Então, procuramos trabalhar a partir do que eles já fazem, com respeito cultural. É um processo de agregação de valor, de salvaguarda da biodiversidade. Nós estamos falando disso também. Quando você fala de plantas medicinais, a estratégia de produção é isenta de agrotóxicos até por questões sanitárias. Se você tem contaminação de outros agentes, não serve, não passa no controle sanitário da Anvisa. Não pode ser utilizado como medicamento. Só é possível produzir isso por meio de um sistema que imita a natureza, por um consórcio agroecológico. Voltando também a um processo de salvaguarda da biodiversidade. São várias espécies que estão em extinção, que, nesse modelo, passam a ser salvaguardadas. E o ganho disso é para a humanidade.
A gente acabou falando de várias ações e a educação é uma das áreas prioritárias da Fundação Banco do Brasil. Como ela está sendo trabalhada hoje na fundação?
A educação era um capítulo na fundação que estava sendo tratado até 2023, com o escopo de educação de jovens. Por meio de um programa que é o programa mais antigo que a fundação tem que é o AABB Comunidade. Ele inspirou, inclusive, a educação de tempo integral no Brasil. Esse programa é de 1987. É o contraturno das escolas oferecido para as famílias em vulnerabilidade social. Temos parcerias com prefeituras que identificam esse público. E ele tem acesso ao clube da AABB nos dias em que há baixo trânsito de sócios. De segunda a quarta ou quinta-feira, vai depender muito da dinâmica dos clubes, essas crianças convivem ali no processo de contraturno, fortalecendo o processo de ensino e aprendizado. E fortalecendo também a prática esportiva. A partir de 2024, a gente fez alterações ampliando o escopo. Agora, a gente está retomando o processo de educação de jovens e adultos. As escolas famílias agrícolas são superimportantes para o processo de promoção da assistência técnica, melhoria de produtividade e renda da agricultura familiar. Dessa forma, a fundação consorcia a ampliação do escopo da educação para o segmento também profissionalizante. Uma educação voltada para melhoria da qualidade de performance, sobretudo para fortalecer os empreendimentos solidários. Mas também consorcia esforços no processo de superação de um flagelo no Brasil. Hoje, o país ainda tem cerca de 19 milhões de analfabetos. Desses, 14 milhões estão na região Norte e Nordeste. A gente pretende contribuir metodologicamente para a superação do analfabetismo. Aderindo a Rede Nacional de Enfrentamento ao Analfabetismo. E, em outra perspectiva, estamos trabalhando também uma educação voltada também para combater o sexismo e o preconceito racial no nosso país. Para isso, a gente vem numa andança por sete capitais do país com o projeto Memória Lélia Gonzalez, que nada mais é do que um expoente nacional e internacional que tem muitas contribuições e ajuda inclusive na implementação da lei 10.613, que é o ensino das relações étnico-raciais e de influência no Brasil. Ajudando no processo de elaboração dos planos pedagógicos das escolas. A gente dialoga muito com as secretarias municipais de Educação para estar fomentando conteúdos e formação continuada dos professores para combater as relações sexistas e de preconceito racial. O Brasil, infelizmente, amarga dados surreais do ponto de vista do preconceito racial e do feminicídio.
Raio-X
Kleytton Guimarães Morais é bacharel em Música e Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB). Filho de uma funcionária do Banco do Brasil, ingressou na instituição em 2009. Entre 2012 e 2017, atuou na Fundação Banco do Brasil, na área de prospecção de parcerias, modelagem e assessoramento a projetos socioambientais, com foco em mudanças climáticas, resíduos sólidos e educação. Em 2019, foi eleito presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, onde criou o Comitê de Solidariedade Bancária. Desde 2023, preside a Fundação Banco do Brasil.
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