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MEIO AMBIENTE

Desmatamento por garimpo em terra Yanomami cresceu 25%

Dados do Inpe consideram a destruição de áreas de floresta amazônica entre 2021 e 2022

Por Da Redação

28/01/2023 - 13:24 h | Atualizada em 28/01/2023 - 13:35
Em 2021, o sistema registrou somente desmate na terra indígena relacionado à mineração ilegal
Em 2021, o sistema registrou somente desmate na terra indígena relacionado à mineração ilegal -

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, só em 2022, desmatou 232 hectares de floresta amazônica. Em relação ao índice registrado em 2021 (186 hectares), o número representa um aumento de exatos 24,7%.

O levantamento é feito com informações do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter). Em 2021, o sistema registrou somente desmate na terra indígena relacionado à mineração ilegal.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que o governo federal pretende remover os garimpeiros da região.

"As ações estruturadas estão sendo planejadas e obviamente a gente não costuma avisar as datas das nossas operações. O [governo] Bolsonaro fazia muito isso. Eles publicaram no Diário Oficial. Mas nós temos um protocolo que é fazer o planejamento e fazer as ações. Para que os contraventores não venham a se precaver", disse.

Desde 2019, o Deter registra desmate por garimpo na área yanomami todos os anos. O programa aponta que até 2022, foram 958 hectares de floresta amazônica perdidos para esse fim, o equivalente a seis parques Ibirapuera.

Claudio Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas do Inpe, afirma que o sistema diferencia o tipo de desmate de acordo com o contexto, conforme a Folha.

"Se aquela mancha que você vê está na beira do rio, se existe retirada do solo, se aparecem aquelas lagoas [que se formam em pontos de garimpo], é sinal de mineração. Então, o que a gente percebeu é que, em 2022, todo o desmatamento que aconteceu na TI yanomami foi de mineração."

O Deter foi criado para possibilitar ações mais rápidas de fiscalização e combate a crimes ambientais. A precisão de detecção de derrubada do programa é, de forma geral, menor em relação à do sistema usado para o cálculo oficial de desmatamento, o Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).

Apesar de não ser destinado à mensuração de desmate, o Deter pode ser usado para observar as tendências de crescimento, queda ou manutenção do desmatamento na Amazônia.

Segundo a Folha, o geógrafo Estevão Senra, pesquisador do Instituto Socioambiental, diz acreditar que o salto na devastação na TI no ano passado pode ser atribuído a dois fatores.

O primeiro é a maior facilidade de expandir uma estrutura já instalada na floresta. O segundo tem a ver com 2022 ter sido um ano eleitoral.

Ao longo de seu mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro adotou políticas de incentivo à destruição do meio ambiente.

Um decreto revogado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao tomar posse, criava um programa para estimular a “mineração artesanal”. Na prática, o ato era um impulso ao garimpo ilegal em terras indígenas e áreas de proteção ambiental.

Os Yanomami

O território Yanomami tem quase 10 milhões de hectares de extensão, o que pode fazer com que o tamanho da devastação causada pelo garimpo não pareça tão grave, mas essa é uma impressão enganosa.

A Terra Yanomami passa por uma crise humanitária, com casos de desnutrição, malária e doenças respiratória, agravada pela permanência de mais de 20 mil garimpeiros invasores na área demarcada.

O aumento da malária está associado ao garimpo, principalmente porque a perturbação no ambiente favorece a proliferação de vetores.

O mercúrio usado na mineração também polui os rios e o solo, causando perda de biodiversidade e afeta diretamente o modo de vida dos indígenas.

Além disso, a presença da atividade ilegal tem um impacto social nas comunidades, com aumento da violência, do consumo de álcool e da prostituição.

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Tags:

desmatamento ilegal garimpo ilegal Terra Indígena Yanomami

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