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'Dilema moral sempre existirá, mas é preciso pensar na criança', diz médica sobre aborto

Publicado quarta-feira, 19 de agosto de 2020 às 08:30 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Da Redação
Médica falou ao programa 'Isso é Bahia', da rádio A TARDE FM
Médica falou ao programa 'Isso é Bahia', da rádio A TARDE FM -

A menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada em São Mateus, no Espírito Santo, e interrompeu a gestação legalmente na última segunda-feira, 17, levantou um debate sobre a moral do aborto. Sobre isso, a médica ginecologista Isabelle Cantídio esclareceu na manhã desta quarta-feira, 19, no programa 'Isso é Bahia', da rádio A TARDE FM, que é preciso pensar primeiro na vida da vítima.

"Dilema moral sempre existirá, a gente tem que levar em consideração o risco de vida para essa criança e a questão de suas conseqüências e suas repercussões, de hoje e do amanhã. As questões morais e religiosas sempre vêm à tona, precisamos respeitá-las, no entanto, precisamos respeitar também e entender as condições dessa criança”, salientou.

A lei brasileira prevê o direito ao aborto quando a gestação decorre de estupro e quando há risco de morte para a mãe - o episódio atual se insere em ambos os casos -, além de nos casos de anencefalia do feto. A violência contra a menina de São Mateus, cidade a 218 km de Vitória, ganhou repercussão nacional.

Na teoria, não seria necessário uma judicialização para realizar a interrupção da gravidez. Nesta situação, a criança só precisaria da autorização de sua responsável, no caso a avó, para que o procedimento fosse realizado em uma instituição de referência. No entanto, uma batalha judicial, médica e religiosa se formou em torno do caso.

A vítima precisou sair de seu estado, Espirito Santo, porque o hospital procurado pela família em Vitória, o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), negou-se a fazer o procedimento legal com urgência.

Isabelle, que também faz parte da Comissão Nacional Especializada em Violência Sexual e Interrupção Gestacional Prevista em Lei, explica que objeção de consciência, um conceito defendido no Código de Ética da Medicina, é quando tem algo previsto em lei e o profissional não consegue fazer porque é contra seus princípios.

No entanto, a médica lembrou que a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia, desde 2012, diz que qualquer objeção é secundária ao seu dever, ao bem-estar de seus pacientes.

A médica esclareceu ainda que, para o Direito, o aborto é a interrupção da gestação entre a concepção e antes do início do trabalho de parto. E que, para a medicina, é considerado um dos procedimentos mais seguros quando feito em um ambiente hospitalar, com uma equipe qualificada.

Confira a entrevista completa:

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