Entenda o que está acontecendo no Rio Grande do Sul

As chuvas que caem há dias no Rio Grande do Sul deixaram um rastro de destruição, mortes, desalojados, entre outros problemas graves. O estado já vem há uma semana sendo atingido pela chuva, e a previsão é de que o mau tempo permaneça ao longo do fim de semana.

O Portal A TARDE fez um compilado das principais informações e consequência das chuvas no estado do sul brasileiro. Confira:

QUANDO COMEÇOU E QUAL A CAUSA?

As fortes chuvas começaram a atingir o Rio Grande do Sul no dia 26 de abril. Segundo especialistas, o temporal é uma consequência de ao menos três fenômenos que afetam a região:

. Foi identificado um cavado na região, que é uma corrente intensa de vento, deixando o tempo instável;

. Além disso, havia um corredor de umidade vindo da Amazônia, que aumentou a força da chuva;

. Toda a situação foi agravada por um bloqueio atmosférico, reflexo da onda de calor, deixando o centro do país seco e quente, concentrando a chuva nos extremos.

NÚMEROS DO TEMPORAL

De acordo com informações divulgadas na tarde desta sexta-feira, 3, pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, as chuvas que atingem o estado deixaram:

. 37 mortos

. Ao menos 74 pessoas desaparecidas

. 235 cidades afetadas

. 7.949 pessoas estão em abrigos

. 23.598 pessoas estão desalojadas

PREVISÃO DO TEMPO NO RIO GRANDE DO SUL

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o temporal que atinge o Rio Grande do Sul deve continuar pelo menos até sábado, 4, com riscos de alagamentos, transbordamentos de rios e deslizamentos de encostas.

Ainda segundo a entidade, é previsto um volume de chuva acima de 60 milímetros por hora ou maior que 100 milímetros por dia.

Há ainda um alerta de perigo para ventos de até 100 km por hora e queda de granizo. Os ventos podem ocasionar corte de energia elétrica, estragos em plantações e queda de árvores.

PORTO ALEGRE DEBAIXO D’ÁGUA

Uma segunda comporta de segurança do Rio Guaíba, localizada em Porto Alegre, se rompeu no início da tarde desta sexta-feira , 3, deixando mais de 20 pontos da cidade alagados.

Entre os locais tomados pela água, estão os CTs do Internacional e do Grêmio, a rodoviária e o centro histórico da cidade. Através das redes sociais, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) orientou que a população evite deslocamentos para a cidade e busque locais seguros.

CONCURSO NACIONAL UNIFICADO (CNU) ADIADO

O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 3, o adiamento do Concurso Nacional Unificado (CNU), chamado popularmente de 'Enem dos Concursos', que aconteceria em todo o país neste domingo, 5. A decisão ocorreu por causa das fortes chuvas no Rio Grande do Sul.

O ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT), afirmou que o adiamento visa não prejudicar os inscritos que não possam participar do processo por conta da situação no estado.

"O compromisso do governo [é] que ninguém seja prejudicado. Ninguém pode deixar de participar do concurso porque está numa cidade em situação de emergência ou está numa cidade em que o bloqueio impede acesso à cidade onde vai ter a prova", disse.

CHUVAS AFETAM TELECOMUNICAÇÕES E DIFICULTAM RESGATES

As fortes chuvas no Rio Grande do Sul afetaram os serviços de telecomunicações, o que dificulta os trabalhos das equipes de resgate. Parte das cidades afetadas ficaram sem acesso à telefonia e internet.

A Defesa Civil do RS divulgou nesta sexta-feira que clientes da operadora TIM de 87 cidades estão sem acesso à telefonia e internet; usuários da Claro de 51 municípios também não conseguem acessar os serviços; enquanto a Vivo enfrenta problemas em 19 localidades. Para mitigar os problemas, as operadoras liberaram o roaming entre si, ou seja, os usuários de uma empresa poderão acessar a rede das outras duas companhias, se houver sinal disponível.

LAVOURAS DE ARROZ PREJUDICADAS

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Rio Grande do Sul produz 70% de todo o arroz no Brasil. A expectativa dos produtores seria de colher 7,48 milhões de toneladas ao final desta safra, no entanto, segundo especialistas, o número deve ser revisado para baixo.

De acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), 82,8% da colheita foi concluída, porém ainda restam cerca de 150 mil hectares para serem colhidos. O problema é que a região central do estado, que inclui as cidades de Santa Maria, Agudo e Dona Francisca, é a mais afetada pelas enchentes e com a colheita mais atrasada, com 62% da área colhida.

Com isso, especialistas dizem que a safra deve sofrer uma perda de 5% a 7%. Consequentemente, o arroz deve ter alta nos preços.

GOVERNO DO RS ORGANIZA DOAÇÕES VIA PIX

O governo do Rio Grande do Sul, diante da situação de calamidade pública enfrentada no estado, reativou o canal de doações para a conta SOS Rio Grande do Sul. Foi restabelecida a chave Pix (CNPJ: 92.958.800/0001-38), vinculada à conta bancária aberta pelo Banrisul.

Segundo o governo, a gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.

MINISTÉRIO DA SAÚDE ENVIA PROFISSIONAIS, MEDICAMENTOS E INSUMOS

O Ministério da Saúde confirmou a mobilização de 60 profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Grupo Hospitalar Conceição (GhC) para dar assistência à população gaúcha afetada pelos temporais que assolam a região.

Além disso, equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) foram enviadas ao estado para reforçar o atendimento. Em nota, o ministério informou ter enviado ao estado 20 kits emergência, compostos por 32 tipos de medicamentos e 16 tipos de insumos cada, incluindo luvas, seringas e ataduras. O material é suficiente para atender até 30 mil pessoas por um período de 30 dias.

FORÇA NACIONAL NO ESTADO

A Força Nacional de Segurança Pública está deslocando 100 militares ao Rio Grande do Sul para auxílio às vítimas das enchentes no estado. A medida foi autorizada nesta sexta-feira, 3, pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em nota, a pasta informou também o envio de 25 caminhonetes, dois ônibus, um caminhão e três botes de resgate, para apoio das ações.

Já a PRF mobilizou 75 agentes para operações de salvamento, além de sete especialistas em resgate. Três aeronaves da corporação estão mobilizadas – uma delas já está em Porto Alegre – e 20 viaturas atuam no suporte às vítimas.

CAIXA LIBERA FUNDO DE GARANTIA

Os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul poderão sacar o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), segundo anúncio da Caixa Econômica Federal. O dinheiro poderá ser retirado por meio do aplicativo FGTS.

O Saque Calamidade está disponível aos moradores de municípios que tiverem decretado estado de calamidade pública ou situação de emergência, devidamente reconhecidos por portaria do governo federal. Cada prefeitura passará à Caixa a declaração das áreas afetadas pelo evento climático extremo.