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Estudo aponta que cidades “super espalhadoras” ajudaram avanço da Covid

Publicado segunda-feira, 21 de junho de 2021 às 10:00 h | Atualizado em 21/06/2021, 10:17 | Autor: Da Redação
Rodovias e falta de restrições espalharam também a doença nas 5 regiões | Foto: Divulgação | Artesp
Rodovias e falta de restrições espalharam também a doença nas 5 regiões | Foto: Divulgação | Artesp -

Dados de um estudo feito por 4 cientistas brasileiros publicado nesta segunda-feira, 21, na revista Scientific Reports, apontam que a covid-19 conseguiu se espalhar pelo Brasil por causa de 3 principais fatores: cidades “super espalhadoras” do vírus, o tráfego em rodovias federais e uma distribuição desigual dos recursos de saúde.

De acordo com os pesquisadores, esses 3 fatores facilitaram a disseminação da doença em todas as 5 regiões brasileiras. Nos 3 primeiros meses da pandemia no Brasil, de 98% a 99% de todos os casos se concentravam em apenas 17 cidades. Mas a falta de medidas de restrição de circulação nestes locais facilitou que a covid-19 se espalhasse para o resto do país.

No total, 26 rodovias federais foram responsáveis por 30% da disseminação de casos da doença, segundo os dados de cidades próximas às vias. Com a chegada da covid-19 em regiões do interior com menor infraestrutura de saúde, como leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), o Brasil teve um aumento no número de mortes.

Os pesquisadores afirmam que a covid-19 chegou a Brasil por meio dos maiores aeroportos do país. A partir desse ponto, a dinâmica das cidades fez com que a doença se espalhasse. A cidade de São Paulo foi a maior disseminadora. Nas 3 primeiras semanas da pandemia, respondia por 85% dos casos de infecção pelo coronavírus.

O estudo mostra que cidades próximas de duas rodovias concentraram o número de casos depois da fase inicial da pandemia, em 1º de abril. O maior número de registros da covid-19 seguiram os caminhos da BR 101 e da BR 116, que vão do Sul ao Nordeste brasileiros.

Depois, a covid-19 chegou ao interior dos Estados, seguindo as rodovias mais importantes do Brasil. Com a interiorização dos casos, a falta de leitos de UTI criou o “efeito bumerangue”. As cidades pequenas enviaram seus pacientes graves para as capitais, o que fez o número de mortes dos grandes centros aumentar de forma distorcida.

De acordo com a pesquisa, se o governo brasileiro tivesse colocado em prática um lockdown nacional em março de 2020, a covid-19 não teria se espalhado tanto pelo Brasil. Os pesquisadores indicam que se bloqueios para testes de viajantes e restrições para viagens não essenciais nas rodovias federais tivessem sido realizados, “o número de casos e mortes de covid-19 seria significativamente menor em todo o país”.

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