BRASIL
Ex-paraquedistas do exército são presos no RJ
Por Agencia Estado
O ex-soldado da Brigada de Pára-Quedistas do Exército, Marcelo Soares Medeiros, de 35 anos, o Marcelo PQD, foi preso hoje com pelo menos três outros ex-paraquedistas quando o grupo formado por sete homens se preparava para invadir o Morro do Dendê, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio. Entre eles, estava um funcionário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), apontado como um dos responsáveis pelo treinamento militar a traficantes em favelas, o criminoso estava escondido no Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão (zona norte), onde a polícia realiza operações há mais de um mês.
O traficante tentava retomar o controle das bocas-de-fumo do Dendê, onde era chefe do tráfico até ser preso em 2000. O chefe de Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, evitou críticas ao critério de seleção do Exército, mas disse que hoje "muitos ingressam nas forças armadas com intuito de se capacitar para atuar junto ao tráfico". "Estávamos monitorando ele e o bando há três meses por meio de escutas telefônicas. Durante este tempo evitamos outras invasões que eles chamam de golpe de estado. Ontem descobrimos um novo plano cuja base seria uma casa nas proximidades da favela e fizemos o cerco. PQD escolheu os comparsas pela experiência militar, pois quatro deles são conhecidos como kamikases pela ousadia. Eles treinavam traficantes jovens do Complexo do Alemão", declarou o delegado da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Ronaldo Oliveira.
As escutas da polícia descobriram a casa que seria usada pelos criminosos como base para a invasão. Policiais civis e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) tiveram apenas uma hora para planejar o cerco aos bandidos, que saíram do Complexo do Alemão sem armas. A presença da polícia nos acessos impediu que os traficantes saíssem do conjunto de favelas em um "bonde", como são conhecidos comboios de marginais armados que circulam pela cidade. O arsenal de quatro fuzis, uma metralhadora antiaérea, cinco granadas caseiras, seis pistolas e acessórios como luvas e coletes à prova de bala estava na casa, na localidade conhecida como Jardim Carioca. O grupo se utilizou até o Google Maps para planejar a ação. "Eles fariam um estrago. Evitamos um banho de sangue", disse o delegado da DRFA.
Por volta da meia-noite, 50 policiais cercaram a casa. Houve um intenso tiroteio, que se repetiria duas horas depois quando os criminosos fingiram ter reféns. Acuados, os criminosos aceitaram negociar na presença de familiares e jornalistas, por volta das 4h. PQD chegou a exigir que a rendição fosse transmitida ao vivo por um rede de televisão, mas a exigência não foi aceita pela polícia. Após a chegada de parentes, o delegado-titular da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, negociou com os criminosos. "Eles perceberam que não tinham saída", contou o delegado, que exigiu que o bando saísse da casa apenas de cuecas.
"Alguns tinham treinamento militar, por isso precisava de garantias que eles não tentariam nada", explicou Oliveira. Além de PQD, foram presos o seu irmão de criação, Antonio Carlos Correia do Amaral, o dono da casa, Carmelo Gomes de Lima, Fernando Ribeiro da Cruz Jr., Marcos Robson Rodrigues dos Santos, José Henrique Almeida Nascimento e o funcionário da Alerj Rony Ribeiro, cujo desligamento da casa foi anunciado hoje mesmo pelo gabinete da deputada estadual Cidinha Campos (PDT), onde ele prestava serviços burocráticos.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes