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Hackers são presos por venderem dados de autoridades brasileiras

A prisão aconteceu nesta terça-feira, 20

Publicado terça-feira, 20 de junho de 2023 às 12:54 h | Autor: Da Redação
Investigação teve início na delegacia do Lago Norte, situada em uma área nobre de Brasília
Investigação teve início na delegacia do Lago Norte, situada em uma área nobre de Brasília -

Na manhã desta terça-feira, 20,  a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deteve uma dupla de hackers responsável pela venda de pacotes contendo informações confidenciais de mais de 200 milhões de cidadãos brasileiros.

Entre as vítimas, destacam-se ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores e parlamentares tanto no âmbito distrital quanto federal. O Instituto de Criminalística da PCDF confirmou, por meio de perícia, o vazamento de dados do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).

A investigação teve início na delegacia do Lago Norte, situada em uma área nobre de Brasília, após a análise de 100 inquéritos envolvendo pessoas que foram alvo de golpes ao longo de um ano. Segundo os policiais, o vazamento de informações pessoais contribuía para a ação de golpistas.

Entre os dados compartilhados ilegalmente, constam números de telefone celular, endereços residenciais e de e-mail, fotos e até mesmo assinaturas digitalizadas. Além disso, os grupos criminosos conseguiam obter informações sobre empresas e veículos registrados em nome das vítimas, bem como detalhes sobre seus parentes e vizinhos.

A PCDF declara que os criminosos também tinham acesso a câmeras de OCR (Optical Character Recognition, ou Reconhecimento Óptico de Caracteres), o que lhes permitia rastrear as últimas passagens das vítimas pelas rodovias do país e, consequentemente, monitorar suas rotinas.

Com a prisão de diversos indivíduos envolvidos nos golpes, a PCDF descobriu que esses dados estavam sendo comercializados na darknet, parte obscura da internet, por meio da aquisição de acesso aos chamados "painéis de consulta".

A investigação revelou que um total de 1.453 usuários adquiriram pacotes desse tipo, mediante pagamentos de até R$ 350, obtendo acesso válido por períodos de 7, 15 ou 30 dias.

“A investigação comprovou que esses painéis são a fonte de informação dos criminosos e que, a partir deles, são selecionadas as vítimas e montadas as estratégias para enganá-las”, explicou o delegado responsável pelo caso, Erick Sallum, em uma entrevista que concedeu ao Canal CNN.

Agora, os investigadores irão apurar a origem do que é considerado um dos maiores vazamentos de dados na história do país, bem como descobrir como os responsáveis estavam obtendo acesso a informações confidenciais da população brasileira. Especificamente, será investigado o hackeamento online das câmeras de reconhecimento de placas.

“Descobrimos indícios veementes de que grande parte dessas informações são oriundas de hackeamento de órgãos públicos. Contudo, também detectamos um comércio ilegal por pseudoempresas de proteção de crédito. À revelia da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os dados pessoais da população brasileira têm sido vendidos massivamente às escondidas e sem qualquer critério de sua destinação”, completou o delegado.

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