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Incêndios continuam arrasando Amazônia e Pantanal

Publicado quinta-feira, 01 de outubro de 2020 às 15:51 h | Atualizado em 01/10/2020, 15:55 | Autor: AFP
Vegetações da Amazônia e Pantanal continuam sendo devastadas pelas chamas | Foto: AFP
Vegetações da Amazônia e Pantanal continuam sendo devastadas pelas chamas | Foto: AFP -

O número de focos de incêndio na Amazônia brasileira registrou um aumento de 61% em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, e triplicou na região do Pantanal - apontam dados oficiais divulgados nesta quinta-feira, 1º.

Na floresta amazônica, os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detectaram 32.017 focos de incêndio no mês passado, contra 19.925 em setembro de 2019.

Nos primeiros nove meses do ano, houve 76.030 focos, um aumento de 14% em relação aos 66.749 do mesmo intervalo do ano passado.

Mais ao sul, o Pantanal também está sendo arrasado pelas chamas. No mês passado, o INPE detectou 8.106 focos de incêndio, um recorde mensal desde o início dessas observações em 1998, com um aumento de 180% em relação a setembro de 2019.

Nos primeiros nove meses do ano, os incêndios do Pantanal mato-grossense totalizam 18.259. Já superaram o recorde de um ano inteiro, que remontava a 2005, quando foram registrados 12.536 focos.

Em 2020, as chamas devoraram 23% da parte brasileira desse bioma, que se estende ao Paraguai e à Bolívia, segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélite Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).

Neste santuário da biodiversidade, muitas paisagens foram reduzidas a cinzas e carcaças carbonizadas de jacarés e outros animais.

Gráfico enganoso

"O Brasil está em chamas. Da Amazônia ao Pantanal, o patrimônio ambiental de todos os brasileiros está se transformando em cinzas", denunciou Cristiane Mazzetti, gestora ambiental do Greenpeace Brasil.

"A gravidade da situação é, sobretudo, reflexo da política antiambiental do governo Bolsonaro que, apesar da previsão de um período mais seco no Pantanal, não empregou esforços para prevenir os incêndios", acrescentou Mazzetti.

O governo brasileiro, negacionista das mudanças climáticas e defensor da abertura de áreas protegidas às atividades mineradoras e agrícolas, divulgou no último final de semana nas redes sociais um gráfico que pretendia demonstrar a redução dos incêndios florestais em 2020.

Mas os números referem-se a incêndios nos primeiros oito meses deste ano frente aos 12 meses dos anos anteriores.

O avanço do desmatamento, uma das principais causas dos incêndios na maior floresta tropical do mundo, leva vários países europeus, inclusive a França, a se oporem à ratificação do acordo comercial assinado no ano passado entre a União Europeia e o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai).

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, no último 22 de setembro, Bolsonaro denunciou que o país é alvo de "uma das mais brutais campanhas de desinformação sobre a Amazônia e o Pantanal", apesar de os dados sobre incêndios e desmatamentos virem do INPE, instituição prestigiada mundialmente.

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