DELAÇÃO PREMIADA
Lessa diz que quase matou Marielle 3 meses antes: 'Perdi oportunidade'
Plano era executar vereadora em bar
Por Da Redação
Mais que admitir a execução de Marielle Franco, Ronnie Lessa disse em delação premiada que esteve próximo de matar a vereadora três meses antes. Aos investigadores, o ex-PM revelou que o plano era matar a vereadora enquanto ela estava em um bar com amigos.
"Esse bar da Praça da Bandeira. Porque esse bar, é, eu já tinha perdido uma oportunidade porque o Macalé não tinha chegado a tempo. E ela estava sentada nesse bar, não sei como o Macalé soube disso. Mas alguém que estava seguindo ela falou: 'ela está no bar'. Alguém estava seguindo ela", disse Lessa na delação, que foi divulgada pelo G1.
O Macalé citado é Edmilson Oliveira da Silva, apontado pelas investigações como interlocutor dos executores com os mandantes. Ele foi morto em novembro de 2021.
Lessa foi preso em março de 2019 ao lado do suposto comparsa Élcio de Queiroz. Élcio também já participou da delação premiada, onde confirmou dirigir o carro usado para matar Marielle e o motorista Anderson Gomes, em fevereiro de 2018.
Dificuldades
Um dos principais contratempos para a execução, narrou Lessa, foi o local onde Marielle morava, que era muito policiado.
"Endereço dela era um lugar muito difícil. Com policiamento e sem estacionamento. Tentativas sem êxito levaram que a gente procurasse outros meios", disse Lessa aos policiais.
"A gente já tinha informações sobre endereço dela, e a partir dali nós tentamos que fosse feito a partir dali, tentamos algumas vezes em vão dar prosseguimento ao fato, só que sem sucesso. ali é uma área de difícil acesso, não tem onde parar, tem policiais andando na calçada, ali é um lugar difícil de monitorar", continuou.
A decisão foi por matar Marielle na saída de um evento na Casa das Pretas, no Estácio, bairro do centro do Rio de Janeiro.
Dia D
No dia em que ocorreu o crime, Lessa recebeu ligação de Macalé, que cobrou agilidade para a execução. Macalé, então, informou o endereço que Marielle estaria naquela noite.
Lessa disse ainda que foi neste momento que Élcio Queiroz, também preso por ser mandante, foi chamado para a emboscada.
"Dia 14, no dia do crime, eu recebi a ligação do Macalé. 'Tenho uma novidade, cara. É hoje, e eu não estou aí'. Eu falei: 'Tudo bem, vou acionar aquele amigo lá [Élcio] que estava aguardando o contato para cobrir'. 'Tem que ser hoje, tem que ser hoje. Porque está ficando estranho, era pra ter acontecido', relatou Lessa, reportando as palavras de Macalé.
"Me passa aí o que tu tem", disse Lessa a Macalé.
"Ele me passou a Casa das Pretas. Resumindo, onde ela [Marielle] teria uma reunião. E o Élcio veio", contou.
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