BRASIL
Marcola confirma greve de fome com 43 presos

Por Agencia Estado
O detento Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do Primeiro Comando da Capita (PCC) confirmou hoje à sua advogada que entrou em greve de fome às 17 horas de ontem, em protesto contra as condições carcerárias e em protesto contra o RDD. Além de Marcola, 43 detentos que cumprem pena no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, entraram hoje no segundo dia de greve, recusando o café da manhã, o almoço e o jantar.
Marcola foi atendido por meia hora pela advogada Ariane dos Anjos, que conversou mais 30 minutos com outro integrante do PCC, Luiz Henrique Fernandes, o LH, também preso no CRP. Os agentes desconfiam que Ariane tenha servido de pombo-correio na comunicação entre os dois detentos.
Na saída da prisão, Ariane disse aos agentes e jornalistas que foi proibida de sair com a carta de Marcola, na qual ele confirma que iniciou a greve contra as condições das celas do CRP, que estariam sem ventilação e com forte cheiro de tinta. Além disso, na carta, Marcola teria protestado contra o RDD, regime considerado inconstitucional por parte dos tribunais, mas que continua em uso pelo sistema penitenciário, o que o líder do PCC considera uma vingança do Estado contra ele.
Marcola ainda diz na carta, segundo a advogada, que a sentença do RDD é injusta e muito demorada porque em todas as oportunidades foi absolvido das sindicâncias nas quais era acusado. Agentes disseram à imprensa que a carta foi apreendida porque, inicialmente, a advogada pediu um pedaço de papel para escrever uma procuração que Marcola estaria passando a ela, mas como depois constataram que se tratava de uma carta, ficou retida com a diretoria da prisão.
Greve
Dos 57 detentos que ocupavam hoje as celas do CRP, 13 não aderiram ao movimento, entre eles Robson Lima Ferreira, o Marcolinha, e Orlando Mota Junior, o Macarrão, que fazem parte da cúpula do PCC. Os agentes suspeitam que os dois estejam se alimentando para servir de porta-vozes do PCC durante a greve. Outros líderes da cúpula do PCC presos no CRP, Júlio César Guedes, o Julinho Carambola, e Roberto Soriano, o Betinho Soriano, não se alimentaram.
O seqüestrador Maurício Norambuena, se alimentou normalmente. A suspeita é que o chileno, que atua como consultor do PCC, seja o idealizador do movimento e da atuação de Marcola. Hoje, outros quatro detentos que cumpriam pena no CRP e participaram do primeiro dia de greve foram liberados por vencimento de pena e transferidos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.
Para evitar que a alimentação recusada pelos detentos do CRP estrague, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) estuda a possibilidade de doá-la a entidades beneficentes de Bernardes. Hoje a direção da P-1 de Bernardes, onde a alimentação é preparada, já reduziu o volume de comida a ser oferecida aos detentos do CRP para evitar desperdício.
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