LUTA CONTRA O FEMINICÍDIO
Marido de vítima quer mudar nome de praia para iniciar novo capítulo
Mudança do nome é proposta como forma de homenagear a estudante e associar o lugar à luta contra o feminicídio

Por Jair Mendonça Jr

Roger Gusmão, marido de Catarina Kasten, manifestou apoio à mudança do nome da Praia do Matadeiro, em Florianópolis, para Praia Catarina. O posicionamento ocorreu por meio de uma carta lida na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
A professora de inglês Catarina Kasten, estudante, 31 anos, foi estuprada e assassinada na trilha da Praia do Matadeiro, na última sexta, 21. O casal morava na Praia do Matadeiro há quatro anos.
Na carta, Gusmão argumenta que o nome atual da praia está ligado à morte histórica de baleias. Ele também defende que o assassinato de Catarina estabelece um marco para um novo capítulo no local.
A mudança do nome é proposta como forma de homenagear a estudante e associar o lugar à luta contra o feminicídio.
A proposta de renomear a praia é objeto de uma petição. O processo de alteração de nome do logradouro envolve a Câmara Municipal e questões culturais da cidade.
Leia a carta na íntegra
“Caros Vizinhos,
Aqui é Roger Gusmão.
Sou morador da Praia do Matadeiro há aproximadamente 4 anos junto com minha parceira de vida, Catarina Karsten. Assim como vocês, sempre amamos esse lugar. Um paraíso onde carro não chega e a comunidade é pacífica e acolhedora. Alguns pensam que apoiar a mudança do nome é apagar a história. Mas a história é exatamente o acompanhamento das mudanças que vivemos ao longo do tempo. A Praia do Matadeiro tem esse nome porque se tornou um lugar onde matavam-se baleias. É um lugar onde, historicamente, há morte. E infelizmente, Catarina foi violentada e brutalmente assassinada ali. Esse acontecimento fez nascer no coração de outros a compreensão de que é hora de escrever um novo capítulo dessa história. A vontade não é de apagar o que passou de começar algo novo a partir desse marco. Nossa cidade, Florianópolis, também teve outro nome. Chamava-se Desterro. Foi renomeada depois da revolta. Hoje vivemos outra revolta. Catarina é um marco que veio para ficar, um marco da luta contra o feminicídio. Nós dois adorávamos aquela praia. No último final de semana a gente estava lá, sentado do lado esquerdo, no fundo, olhando pro mar. Ela tinha uma câmera Polaroid e disse: “A próxima vez que a gente vier aqui, a gente traz a Polaroid”. Eu tenho um conjunto de fotos dessa câmera ao longo da vida dela, mas não daquele dia. Praia Catarina remete tanto à minha Catarina quanto ao nosso estado Santa Catarina. Que reescrevamos agora essa história, para que esse lugar lembre luz e esperança de um mundo melhor para as mulheres.
Ilumina Catarina.
Do seu vizinho,
Roger Gusmao”
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