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Morte de jovens em BMW alerta sobre risco de modificações em carros

Contran permite 60 tipos de alterações, mas algumas delas podem trazer impactos negativos

Por Jane Fernandes

15/01/2024 - 7:00 h
O coordenador do curso de engenharia automotiva do Senai/Cimatec, Júlio Câmara
O coordenador do curso de engenharia automotiva do Senai/Cimatec, Júlio Câmara -

A morte de quatro jovens dentro de uma BMW parada com ar-condicionado ligado, em Balneário Camboriú, chamou a atenção para os riscos que modificações em carros podem trazer para seus usuários. Indícios de danos provocados por alterações no escapamento do veículo foram notados desde as primeiras investigações e confirmados na última sexta-feira pela Polícia Civil de Santa Catarina, com a divulgação do laudo comprovando morte por inalação de monóxido de carbono.

De acordo com o anunciado pela polícia, o escapamento passou por quatro alterações para aumentar o “ronco” do motor. Uma solda irregular na tubulação substituta provocou o rompimento da peça, possibilitando o escape do monóxido de carbono para dentro do veículo, através do sistema de ar-condicionado.

Alterações no sistema de exaustão do motor, o popular escapamento, não constam na lista de 60 modificações permitidas pela Resolução 916 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), publicada em março de 2022. Mas o primeiro inciso do Artigo 98 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), estabelece que as conversões em veículos e motores precisam atender aos limites legais de emissão de ruídos e poluentes.

“Modificação no escapamento não deve ser feita sob nenhuma hipótese. O carro foi projetado para ter um sistema de escape, que vai pegar os gases que o motor está queimando e vai conduzir de maneira segura, e vai reduzir o ruído do motor. Então praticamente 100% das vezes que modifica o escapamento, você vai alterar o ruído que o carro emite, automaticamente passa a ser ilegal, porque o carro tem uma legislação que envolve emissões”, esclarece o coordenador da graduação em Engenharia Mecânica do Senai/Cimatec, Júlio Câmara.

Outros possíveis impactos das alterações em escapamentos destacados por Câmara são o aumento no consumo de combustível e perda de rendimento do motor. “Um caso mais grave é que se essas modificações não forem feitas com critério, você pode fazer com que parte desses gases entrem no carro, e os gases que saem do motor são tóxicos”, alerta.

Os riscos relacionados a modificações no sistema de exaustão também foram destacados pelo Detran-BA (Departamento Estadual de Trânsito), em nota, junto com alterações de potência e instalação de sistema de GNV (gás natural veicular) em oficinas não credenciadas. O Detran-BA é o órgão indicado pelo Contran para autorizar modificações em carros com registro na Bahia.

Conforme definido na Resolução 916, a autorização prévia cabe ao órgão responsável pelo registro e emissão do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo Eletrônico (CRLV-e) na Bahia. O processo de regularização de um carro modificado, obedecendo às normas do Contran, é concluído com a “realização de inspeção de segurança veicular para emissão do Certificado de Segurança Veicular expedido por Instituição Técnica Licenciada”.

Segundo informado em nota pelo Detran, as alterações de componentes dos sistemas de suspensão de automóveis e caminhões estão entre as modificações mais solicitadas na Bahia. Os limites estabelecidos pelo Contran são divididos em dois grupos separados por peso - abaixo de 3,5 toneladas e acima de 3,5 toneladas - e incluem, por exemplo, a distância mínima do chassi para o solo.

Proprietário da Oficina Suzarte, especializada em serviços de suspensão esportiva - aquela dos carros rebaixados -, Panfilo Suzarte elenca a oferta de “suspensão pneumática, a famosa suspensão a ar; suspensão fixa, onde os amortecedores são preparados de acordo a altura escolhida; suspensão regulável, onde é feito preparo para que o proprietário escolha a altura desejada manualmente quando precise”.

“Fazemos somente o que está dentro do regulamento do Contran, sem projetos excessivos, pois o que prezamos é o bem-estar do cliente e primeiramente a segurança dos demais quando estiver transitando”, garante Suzarte. Ele conta que alguns clientes chegam sabendo exatamente qual projeto lhe atende, enquanto outros avaliam todas as opções e escolhem conforme a verba disponível.

Apreciador de carros rebaixados, Paulo César sempre modifica seus carros na oficina de Suzarte, mas acha que deveria haver uma maior flexibilidade dos órgãos reguladores quanto ao que é permitido alterar. O último serviço que contratou foi a colocação de uma suspensão pneumática num Corolla Cross GR.

Ainda que os rebaixamentos sejam feitos conforme as regras e com qualidade técnica, Júlio Câmara não considera uma boa ideia, a não ser em carros que serão utilizados em competições esportivas compatíveis. “Quando você rebaixa um carro, todo o projeto de suspensão e estabilidade do carro foi impactado” enfatiza, afirmando que fora só há prejuízos na circulação pelas ruas da cidade, com o fundo do carro batendo em guias e quebra-molas.

Rodas e pneus diferentes podem reduzir estabilidade

Embora alguns motoristas considerem a mudança do conjunto de rodas e pneus algo quase banal, o coordenador da graduação em Engenharia Mecânica do Senai/Cimatec, Júlio Câmara, aponta uma série de impactos se essa alteração não for feita de acordo com os parâmetros dados pelo fabricante do veículo. Um deles pode gerar acidentes, pois quando pneus mais largos são utilizados há maior risco de aquaplanar na pista molhada, perdendo o contato com o solo.

Câmara lembra que o sistema de freio ABS (obrigatório nos carros fabricados a partir de 2014) é dimensionado para as rodas e pneus originais do veículo, então as mudanças prejudicam o funcionamento do sistema. “O carro não vai frear tão bem quanto ele freava com pneu original, ele não vai ter um controle de estabilidade tão bom quanto a gente teria com o original”, adverte.

Em sua opinião, o risco mais grave está na utilização de rodas usadas que passaram por reparo ou rodas de baixa qualidade, pois há o risco de quebrar, e se isso ocorrer em alta velocidade pode resultar em um acidente muito grave. A lista de limitações quanto a rodas e pneus é extensa na Resolução 916 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), contemplando largura, diâmetro e outros aspectos.

Proibido desde 2018, mas amplamente anunciado em sites diversos, os faróis xênon chamam a atenção para outro risco muitas vezes subestimado. Câmara recorda que modificações na iluminação já foram bem comuns, mas atualmente ocorrem pouco. O risco principal é que o uso de faróis diferentes do tipo definido originalmente pode ofuscar a visão de outros motoristas, gerando riscos de acidentes, principalmente em estradas.

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