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07/06/2021 às 9:31 • Atualizada em 19/11/2021 às 12:14 | Autor: Osvaldo Lyra

BRASIL

“Não ter o São João gera um prejuízo para o Nordeste em torno de R$1,2 bi”, diz ministro do Turismo

Gilson Machado Neto, ministro do turismo comentou a perda financeira causada pela pandemia | Foto: Divulgação
Gilson Machado Neto, ministro do turismo comentou a perda financeira causada pela pandemia | Foto: Divulgação -

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, é sanfoneiro e já foi empresário da banda de forró Brucelose. Conhece muito bem o São João e a sua importância para o Nordeste brasileiro. De acordo com ele, a não realização da festa esse ano vai ocasionar um prejuízo em torno de R$1,2 bilhão. Nessa entrevista exclusiva ao A TARDE, ele analisa os impactos da pandemia sobre o turismo, que “gerou uma perda em torno de R$290 bilhões para o país. E é otimista ao profetizar: “O turismo tem condição de ser muito maior do que o agronegócio no Brasil”

Ministro, o senhor já foi sanfoneiro, empresário da banda Brucelose, conhece muito bem o São João e a importância dele para a Bahia e para o Nordeste do país. Como o senhor avalia o impacto da não realização da festa esse ano?

Eu quero primeiro agradecer pela oportunidade de falar com o povo da Bahia. Mas eu quero dizer que eu não “já fui” não, eu estou ministro do turismo, mas eu sou sanfoneiro, sou músico, cantor, compositor da banda Brucelose, que está na estrada há mais de 28 anos, e que assim que a pandemia acabar, a gente vai continuar do mesmo jeito. Agora, pelo segundo ano consecutivo, a gente está na maior tristeza do mundo. Você tira por mim, que já fiz 3.178 shows com minha banda, o que é passar uma véspera de São João, 23 de junho, em casa. E a Bahia é o maior São João do Nordeste. Porque a Bahia tem a quantidade de cidades que juntando tudo dá Pernambuco, Alagoas e Paraíba juntos. Eu já toquei em todos eles. Não ter o São João gera um prejuízo para o Nordeste em torno de R$1,2 bilhão. E muitas pessoas vivem do São João para sobreviver o resto do ano.

Está sendo pensada alguma medida por parte do governo federal para amenizar os impactos para essas pessoas que vivem do São João?

Nós criamos já os R$3 bilhões que foram da Lei Aldir Blanc, foi para socorrer o setor. E tem também o Pronamp que tem ajudado muito, inclusive hoje ele foi assinado como sendo definitivo e com 20% dele reservado, exclusivamente, para o setor de eventos. Então você vê que nós temos uma capacidade de agregação muito grande agora pelas pequenas e microempresas. Além disso, com a Lei Aldir Blanc, nós distribuímos esses recursos para mais de 4 mil municípios pelas secretarias de cultura que capilarizaram para os pequenos artistas, os artesãos, os sanfoneiros, o cara que toca no sábado à noite para comer na segunda-feira de manhã. E fora isso, nós estamos agora trabalhando com a Secult, com o nosso secretário Mário Frias, para justamente disponibilizar em torno de R$1 bilhão para o setor de eventos, que é o que mais sofreu na pandemia, diretamente com os artistas e com as prefeituras.

Como o senhor avalia o momento atual da pandemia e os impactos disso sobre o turismo?

Olhe, nós vínhamos tendo uma recuperação muito grande. Vou te dar um exemplo. Você teve aí em Porto Seguro esse ano, no final do ano, um engarrafamento de jatinhos. Não tinha lugar onde colocar jatinho lá, em Ilhéus, em Salvador. Porque o Nordeste vem se recuperando por causa do turismo interno. Nós tínhamos já recuperado também a nossa malha aérea, em torno de 85%. Então você vê que o impacto foi grande, a gente já vinha em recuperação, e agora com essa segunda onda, com a possibilidade de uma terceira onda, eu não acredito que vai haver porque a vacinação está ocorrendo a pleno vapor . E quem já foi vacinado, a gente vê nos índices, o pessoal de 60 anos diminuiu de 85% de internação para 6%. Então a vacina, sim, está fazendo efeito. O impacto no turismo gerou uma perda em torno de R$290 bilhões, e nós perdemos em torno de 650 mil empregos do turismo como um todo. Mas a gente está na luta. O governo tem feito medidas para apoiar o setor, como o Fungetur, que disponibilizou crédito de R$5 bilhões para quem é cadastrado no Cadastur do Ministério do Turismo, através de 29 instituições financeiras, como Caixa Econômica, o Banco do Nordeste, o Banco do Brasil... Enfim. A gente tem lutado pelo setor, nós tivemos a medida provisória do “não cancele, remarque”, que flexibilizou as diárias e as reservas de quem já tinha pago para a pessoa ter um ano para escolher se vai querer remarcar ou se vai querer o dinheiro de volta. E se ele optar por receber o dinheiro de volta, nós teremos em torno de um ano para poder devolver em prestações paulatinas, mês a mês.

O que tem sido feito pelo governo para preparar essa retomada?

A gente tem trabalhado, investido nos protocolos de segurança. Nós somos inclusive aplaudidos pela Organização Mundial do Turismo, que vai vir montar um escritório aqui. E a gente criou esse protocolo, o primeiro da América Latina. Por exemplo, antigamente quando você ia num restaurante, você não tinha nenhum protocolo. Hoje você para entrar tem que medir a temperatura, você tem que colocar uma luva para poder se servir no self service, você tem o distanciamento das mesas. Então tem todo um protocolo. Quando você vai num avião hoje, na hora de você entrar, aquele equipamento foi todo esterilizado. As mesinhas da frente, o ducto do ar-condicionado. Enfim. Mais de 15 atividades receberam o selo do protocolo de segurança. Aí você pode perguntar: como é que fiscaliza isso? Bom, quem fiscaliza é o próprio hóspede, o próprio usuário, o próprio turista. Você fiscaliza, as prefeituras fiscalizam na ponta se os funcionários estão usando EPIs, se estão usando álcool em gel, se estão usando máscaras... Na última instância, se você for num hotel ou em um restaurante e ver que não está sendo seguido os protocolos, você simplesmente liga para 136, no Ministério da Saúde, e denuncia. Que nós vamos correr atrás de punir esses estabelecimentos.

O plano é incentivar o turismo doméstico no país, ministro?

Com certeza. Nós temos 11 milhões de turistas brasileiros que viajam para o exterior atualmente. E com a crise sanitária que o mundo passa, esse pessoal passou a viajar dentro do Brasil. Descobriu o Brasil. Então o que acontece, hoje esses 11 milhões gastam, eles deixam no exterior em torno de U$$19 bilhões. Então o Brasil é um país que exportava turista. Ele tinha um déficit de turistas. Então esse pessoal brasileiro voltou a redescobrir Porto Seguro, Arraial d'Ajuda, Porto de Galinhas, São Miguel dos Milagres, o Pantanal, Mato Grosso. Enfim. E aí o turismo de 10 anos pra cá, de 15 anos pra cá mudou muito. Nós temos várias pousadas que não devem nada às pousadas das Maldivas, do Caribe, de canto nenhum do mundo. Tanto pousada ecológica como nós temos também pousadas de praia. E outra coisa, nós temos também excelentes resorts, que ano após ano vêm se comparando aos melhores resorts do mundo. Então não tenho dúvidas de que o brasileiro hoje que redescobriu o Brasil está vendo que o Brasil é a última fronteira do turismo. Nada se compara ao nosso país quando o evento é turismo de natureza. E eu digo outra coisa, o mundo no período pós-pandemia, segundo o Google, vai querer turismo de natureza. 54% das procuras por turismo no mundo hoje são turismo de natureza. Antes, apenas 10% eram por turismo de natureza. Hoje, 54%. Então eu te pergunto, qual é o país que é vertical? Quando você tem neve na Serra Catarinense, você vai ter no mesmo dia e na mesma hora temperaturas de 35º em Piauí, na Paraíba, no Ceará, em Jericoacoara. Então esse é o nosso país. É um continente que tem várias nuances tanto na parte geográfica e na parte de climas diferentes, como na parte de gastronomia, cultura. Cada região nossa tem uma cultura diferente. Então é uma miscelânea, você vai no Rio Grande do Sul é uma cultura; você vai no Pantanal, tem a cultura do pantaneiro; você vai no Maranhão, tem a cultura do reggae maranhense, do boi-bumbá; você vai no Nordeste, temos o forró; vai em Salvador, temos o nosso axé; vai no Rio de Janeiro, tem o samba; vai em São Paulo, tem o maior rodeio do mundo, turismo rural, agroturismo. Nada se compara ao Brasil, que é a última fronteira do planeta.

O que está sendo feito pelo governo pra ajudar o empresário do setor?

Nós estamos liberando R$5 bilhões agora para as empresas de turismo. Agora, na semana passada, nós incrementamos o Fungetur, aumentamos em 8 meses o prazo para período de carência, aumentamos também em mais 1 ano o prazo de pagamento, e aumentamos o valor que as empresas podem captar que agora vai até 80 milhões. Antes era até 30. Então a gente tem lutado por isso aí. Tem valores atrativos do Fungetur e eu digo a você o seguinte: hoje, apesar de toda a crise, nós temos no Brasil 147 novos hotéis sendo construídos. Mais de R$6,5 bilhões de investimento. No último leilão nós conseguimos vender os 22 aeroportos para grupos internacionais, por 18 vezes o lance que a gente esperava vender. Então, meu amigo, a gente vê que o país da gente está sim com o mercado 100% acreditando. O presidente Bolsonaro acabou de fazer um pronunciamento brilhante, que mostrou que tivemos o maior bem da balança comercial da história. Recuperamos a autoconfiança do empresariado, do investidor estrangeiro, a segurança jurídica, a seriedade do recurso público. Então isso daí é muito importante. Um país que hoje nós estamos há dois anos e meio sem um caso de corrupção. O brasileiro sabe que nós estamos trabalhando. Agora, por exemplo, nós temos uma expectativa de crescimento do PIB em torno de 1,5-2%, vamos ter mais 5% no final do ano. Só de 0,5% foi no primeiro trimestre, enquanto países como os Estados Unidos tiveram - 4,1% no primeiro trimestre do PIB, o Brasil foi um dos que mais cresceu. E o turismo tem condições sim de ajudar o país nesse crescimento, porque o turismo tem condição de ser muito maior do que o agronegócio no Brasil. Vou te dar um exemplo. O turismo no Brasil é apenas 8% do PIB. Países como Espanha, Portugal, é mais de 5% do PIB. Países como San Martin, no Caribe, como Anguilla, como as Ilhas Maldivas, chegam a ser 95% do PIB o turismo. Então o Brasil tem condições de ter na matriz econômica dele com tanta importância quanto o agronegócio, gerando muito mais emprego do que o próprio agronegócio, o turismo, que gera empregos em uma cadeia de 52 atividades, que vai do piloto do avião ao piloto da van.

Como o senhor viu aí a polêmica agora sobre a realização da Copa América no Brasil?

Rapaz... a Copa América no Brasil, vamos lá. Eu até escrevi algumas coisas direcionada a governadores, eu vou ler para você. “Se você é contra a realização de um campeonato de futebol em que todos os participantes estão vacinados, governador, então você confessa que não acredita na eficácia das vacinas. Se você é contra a realização de um campeonato de futebol em que todos os participantes estão testados, com PCR negativo, você confessa, governador, que não acredita na eficácia dos testes. Se você é contra a realização de um campeonato de futebol sem público, você confessa, governador, que não acredita no seu próprio lockdown que o senhor está fazendo e no distanciamento social. Se você ainda é contra a realização de um campeonato de futebol que segue os protocolos de segurança sanitária definidos pelo Ministério do Turismo, pelos cientistas e pelas autoridades de vigilância sanitária do nosso país, você confessa que não acredita na eficácia dos protocolos. E se você for contra a realização de um campeonato de futebol que atenda a todas essas condições acima expostas, você confessa, amigo, ser um negacionista. Então é isso. Se você nunca foi contra a realização de qualquer dos campeonatos de futebol que estão em curso no Brasil, como por exemplo a Taça Libertadores, mas só é contra a realização da Copa América, você passa o recibo de que você é um hipócrita”.

Que avaliação o senhor faz da política e do Governo Bolsonaro? Ânimos sempre tensionados, ministro?

Olhe, eu acho o seguinte, eu acho que a gente trabalha. Eu acho que os ânimos tensionados são de quem não vê, uma parte da imprensa que não está recebendo as verbas que recebiam. Uma parte dos políticos que não estão recebendo as verbas que recebiam. A síndrome de abstinência. Antigamente o dinheiro do Brasil ia para Cuba, Venezuela, Argentina, África, longe da fiscalização do Ministério Público, longe da fiscalização da imprensa brasileira. E hoje não. Você vê agora, nós fomos inaugurar perto de Feira de Santana com o ministro Tarcísio uma parte da BR101, que fazia 20 anos que era uma piada na região. Nós tivemos entre Sergipe e Alagoas uma ponte que inauguramos sobre o Rio São Francisco, que fazia 18 anos que estava parado. Então nós somos um Governo com mais de 40 mil obras em andamento, entregas semanais, só o Ministério do Turismo tem 3.200 obras. Semana passada eu entreguei 12 obras do Ministério do Turismo. Toda semana praticamente eu estou entregando. E a gente vê que as coisas estão acontecendo hoje porque o dinheiro do Brasil está sendo investido para o Brasil e para o brasileiro, para o pagador de imposto. E não para outros países, não está sendo drenado para corrupção.

Para finalizar, que mensagem o senhor deixa para a população da Bahia e para as pessoas que vão nos ler na segunda-feira?

Eu deixo que a Bahia é um dos estados mais maravilhosos da América Latina. Que se a Bahia só fosse um país, já era o melhor país para turismo no mundo. Sou louco pela Bahia, a Bahia tem cultura, a Bahia tem a vaquejada, tem um dos maiores São Joões do mundo. A Bahia da Ivete, a Bahia do Moraes Moreira, que infelizmente não está mais entre nós, a Bahia de Porto Seguro, a Bahia da história do Brasil, o berço da civilização, o berço do Brasil. E eu deixo um abraço a todos os baianos. Eu também me sinto em casa quando estou na Bahia, afinal de contas o Nordeste é um só país. E eu brevemente vou voltar aí para a Bahia. Contem sempre com a gente, com o Governo Bolsonaro. E outra coisa, nós temos um baiano arretado no Ministério, um Governo que tem seis ministros nordestinos e que é o nosso João Roma Neto, que está fazendo um grande trabalho.

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