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OMS vai certificar versões genéricas de insulina para reduzir preço

Publicado sexta-feira, 15 de novembro de 2019 às 18:14 h | Atualizado em 19/11/2021, 10:20 | Autor: Estadão Conteúdo
A doença é a sétima principal causa de morte do mundo | Divulgação | PMSJ - RJ
A doença é a sétima principal causa de morte do mundo | Divulgação | PMSJ - RJ -

A fim de reduzir o preço de insulina em todo o mundo e aumentar o número de pessoas em tratamento contra diabete, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou na última quarta-feira, 13, um programa piloto de avaliação de insulina humana produzida por diversos fabricantes.

A ideia é fazer o que a OMS chama de pré-qualificação - testar e aprovar novas versões genéricas da droga de modo a encorajar as farmacêuticas a entrarem nesse mercado. Hoje, apenas três empresas controlam a maior parte do mercado global. Aumentando a competição, a expectativa é que os preços caiam.

A pré-qualificação também vai permitir que agências da ONU e organizações médicas não-governamentais, como Médicos sem Fronteiras, comprem as versões genéricas.

A medida, anunciada um dia antes do Dia Mundial do Diabete (celebrado na quinta, 14), é parte de uma série de ações da organização para lidar com o número crescente de casos da doença em todo o mundo, principalmente nos países em desenvolvimento.

Segundo a OMS, estima-se que haja cerca de 420 milhões de pessoas com diabete em todo o mundo - o número quadruplicou desde 1980. Cerca de 20 milhões de pessoas sofrem com diabete tipo 1 e precisam de injeções de insulina para sobreviver. Entre os pacientes com o tipo 2, estima-se que cerca de 65 milhões precisam de insulina, mas apenas metade tem condições de acessar a droga, em parte por causa dos altos preços.

A doença é a sétima principal causa de morte e uma das principais causas de complicações de alto custo e debilitantes, como ataques cardíacos, derrame, insuficiência renal, cegueira e amputações de membros inferiores.

"O simples fato é que a prevalência de diabete está crescendo, a quantidade de insulina disponível para tratar o diabete é muito baixa, os preços são muito altos, por isso precisamos fazer alguma coisa", disse Emer Cooke, diretora de Regulamentação de Medicamentos e outras Tecnologias de Saúde da OMS durante o lançamento da iniciativa.

Dados coletados pela OMS entre 2016 e 2019 em 24 países de quatro continentes mostraram que a insulina humana estava disponível apenas em 61% das unidades de saúde e versões análogas em 13%. De acordo com o levantamento, o suprimento de um mês de insulina custaria para um trabalhador em Acra, Gana, o equivalente a 5,5 dias de seu salário mensal - ou 22% de seus ganhos

Mesmo nos países ricos, revelou o estudo, há pessoas que precisam racionar suas doses de insulina, comprometendo o tratamento, o que pode ser fatal. A expectativa é que a pré-qualificação possa aumentar a oferta, permitindo que a droga esteja disponível de modo constante para esses pacientes.

Experiência com HIV

O sistema de pré-qualificação já foi usado pela OMS no passado para drogas usadas no tratamento da tuberculose, da malária e do HIV. De acordo com a diretora da organização, isso foi o que possibilitou que 80% dos pacientes com HIV hoje usem produtos genéricos.

"Quando os anti-retrovirais foram produzidos, o custo por paciente por ano era de US$ 10.000", afirmou Emer. "Quando abrimos a pré-qualificação para produtos genéricos contra o HIV, o preço caiu para US$ 300 por ano."

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