ACUSAÇÕES
Permanência é insustentável e presidente da Caixa deve deixar o cargo
Aliado de Bolsonaro, Pedro Guimarães foi denunciado por um grupo de funcionárias
Por Da Redação
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, deve deixar o cargo em meio a denúncias de assédio sexual que já são investigadas pelo Ministério Público Federal. Ao menos cinco funcionárias da instituição financeira acusam Guimarães e relataram ter sofrido algum tipo de assédio. As acusações foram reveladas pelo portal Metrópoles. O caso tramita sob sigilo.
Por conta das denúncias, a avaliação entre integrantes do Palácio do Planalto é de que a permanência de Pedro Guimarães na presidência da Caixa se tornou insustentável, de acordo com relatos da Folha de S.Paulo. Um evento com a presença do presidente na manhã desta quarta-feira, 29, foi cancelado pela instituição financeira.
Como Guimarães faz parte do conselho da instituição financeira, sua saída teria de ser via colegiado da Caixa ou por renúncia. No entanto, aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) apontam que o próprio presidente da Caixa deve pedir para deixar o cargo.
Guimarães é um forte aliado do presidente Bolsonaro e está no cargo por indicação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele chegou a ser cotado como candidato a vice do chefe do Executivo na eleição deste ano e em certo momento também foi cotado para assumir o Ministério da Economia em momento de crise da pasta.
O presidente da Caixa também foi figura frequente nas tradicionais transmissões on-line feitas por Bolsonaro nas noites de quinta-feira, principalmente como maneira de propagandear ao máximo o auxílio emergencial distribuído aos brasileiros mais carentes.
As acusações
De acordo com reportagem do Metrópoles, no fim do ano passado, um grupo de funcionárias da Caixa decidiu denunciar episódios de assédio sexual cometidos por Pedro Guimarães. Todas elas trabalham ou trabalharam em equipes que servem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.
As mulheres relatam toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis com o que deveria ser o normal na relação entre o presidente do maior banco público brasileiro e funcionárias sob seu comando. Uma investigação foi aberta e corre sob sigilo no Ministério Público Federal. Este é o primeiro caso público de assédio sexual envolvendo um alto funcionário do governo Jair Bolsonaro.
A maioria dos relatos citam viagens realizadas por Pedro Guimarães como parte do programa Caixa Mais Brasil. Desde janeiro de 2019, foram realizadas mais de 140 visitas a cidades de todas as regiões. As viagens ocorrem principalmente nos finais de semana.
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas”, disse uma funcionária. “Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele.”
“Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não”. “Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, completa.
Além disso, também há relatos de que funcionárias são promovidas hierarquicamente mesmo sem preencher os requisitos necessários e acabam transferidas para a sede.
Outro relato é de que a escolha das mulheres que integram a comitiva nas viagens do programa Caixa Mais Brasil é feita diretamente pelo gabinete de Guimarães "Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar”. “Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, afirma.
Em uma viagem, duas funcionárias da equipe foram chamadas para ir à piscina do hotel encontrar Pedro Guimarães. Na ocasião, uma pessoa próxima a Guimarães fez uma proposta. “E se o presidente quiser transar com você?”.
Em uma viagem, uma funcionário foi surpreendida. Ela afirma que, depois de concluídos os trabalhos, Guimarães a chamou para repassar a agenda do dia seguinte e enquanto caminhavam, a tocou. “Ele passou a mão em mim. Foi um absurdo. Ele apertou minha bunda. Literalmente isso”.
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