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Pesquisa: 52% dos abortos são feitos por mulheres de 19 anos ou menos

74% dos casos de aborto no país são de mulheres negras

Publicado sexta-feira, 24 de março de 2023 às 21:37 h | Atualizado em 24/03/2023, 22:09 | Autor: Da Redação
Mulheres fazem marcha pela legalização do aborto, com lenços verdes em referência à campanha que derrubou a criminalização na Argentina (2016, RJ)
Mulheres fazem marcha pela legalização do aborto, com lenços verdes em referência à campanha que derrubou a criminalização na Argentina (2016, RJ) -

A Pesquisa Nacional de Aborto 2021 (PNA 2021), realizada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual do Piauí e da Columbia University, descobriu que, em 52% dos casos, o primeiro aborto ocorreu ainda com mulheres de 19 anos ou menos. Além disso, 21% das entrevistadas interromperam a gravidez mais de uma vez na vida, sendo em 74% dos casos, mulheres negras.

Ademais, 67% das entrevistadas teve o último aborto realizado no intervalo de idade entre os 20 aos 39 anos.

“Esse dado revela um subgrupo de mulheres que se deparam com níveis mais altos de vulnerabilidade em suas vidas reprodutivas e que provavelmente estão expostas ao aumento de resultados negativos na saúde”, explica um trecho da pesquisa.

Por outro lado, o número de mulheres que afirmaram que tomariam a decisão de realizar um aborto diminuiu.  Em 2010, 15% confirmaram; em 2018, esse número caiu para 13%; e em 2021, foram 10%. Soma-se a esses dados, o fato de ter diminuído também o número global de gravidezes indesejadas, assim como a tendência de uso de contraceptivos reversíveis, como a pílula do dia seguinte, ou de longa duração, como o DIU.

A antropóloga Débora Diniz, coordenadora do estudo, disse que o perfil das mulheres que abortam no país “é o perfil da mulher comum.” E complementa: “ela faz aborto muito jovem, tem filhos, professa alguma religião e está em todas as classes sociais.” Além disso, há concentração em negras e indígenas, de baixa escolaridade e que vivem no Nordeste. “Estamos falando de meio milhão de mulheres por ano”, disse em entrevista ao podcast “O Assunto”, da Globo.

“Há muito o que fazer e urgente. O mais importante é que o STF movimente a ação que pede a descriminalização do aborto nas doze primeiras semanas. É sobre não prender. É sobre cuidar e prevenir. É sobre a vida, a dignidade, em particular da juventude vulnerável deste país”, defendeu, no Twitter a pesquisadora ao falar do estudo.

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