MINISTRO DO SUPREMO
PF entrega laudo que pode favorecer Moraes em processo sobre agressão
Laudo é referente a imagens do aeroporto de Roma, onde aconteceu suposta agressão em julho
Por Da Redação
A Polícia Federal entregará na segunda-feira ,11, ao Supremo o laudo das imagens do aeroporto de Roma sobre a agressão ao ministro Alexandre de Moraes, em julho. O material foi enviado pelo Ministério da Justiça italiano e chegou no início da semana em Brasília, contendo cenas de três câmeras da área em volta da sala VIP onde o ministro estava quando houve a confusão.
Em meados de julho, Moraes queixou-se à PF de ter sido agredido por um grupo de brasileiros, o casal de empresários Roberto Mantovani e Andreia Munarão e o corretor de seguros Alex Zanatta, no aeroporto de Roma, quando voltava de um fórum jurídico em Siena.
Foi aberto um inquérito para apurar se houve agressão e atos antidemocráticos, sob o comando do ministro Dias Toffoli. Em notas públicas e em depoimentos, o grupo apresentou uma versão bastante diferente da do ministro, segundo a qual seriam eles as vítimas de agressão.
Para aferir quem falava a verdade, a PF conseguiu uma ordem de busca e apreensão dos aparelhos, mas os agentes não encontraram os telefones nas casas dos acusados. O advogado Ralph Tortima, que representa o casal de empresários, recusou-se a entregar os celulares, mas apresentou um vídeo de 10 segundos que, por ter sido previamente editado, não foi considerado prova válida pela PF.
O que estará no laudo:
O que é possível aferir pelas imagens e que estará no laudo que serve de base para o relatório final do inquérito é que não havia nenhuma confusão na hora em que Mantovani e Andreia, começaram a provocar Moraes a partir da porta da sala VIP do aeroporto.
Em seu depoimento, Andreia disse que não xingou o ministro e que foi confundida com outras pessoas que estariam hostilizando Moraes. Mas as cenas gravadas pelas câmeras do aeroporto mostram que não havia ninguém no entorno da sala VIP quando o Mantovani passou, comendo uma salada de frutas, olhou para dentro, reconheceu o ministro e mostrou para a mulher, Andreia. A seguir, Andreia chega, vai até a porta da sala VIP e passa a falar alguma coisa para o lado de dentro.
Na versão de Moraes, Andreia o chamou de “bandido, comunista e comprado”. Já ela disse que reclamou do privilégio do ministro de ter acesso à sala VIP, o que as imagens sem som também não permitem conferir.
O que é possível ver é que o filho do ministro, que também se chama Alexandre, vem até a porta da sala VIP e conversa com Andreia – parecendo tirar satisfação, mas sem gestos de confronto. A mulher, então, sai de perto e chama o marido, que já volta para a porta da sala VIP gesticulando em atitude tensa e intimidatória.
Mantovani tem compleição física maior do que a do filho de Moraes e, nas imagens, aparece falando de cima para baixo. Começa então uma discussão em que o empresário, agitado, esbarra nos óculos do filho de Moraes, que caem no chão. De acordo com os investigadores, não houve propriamente um soco, mas sim um gesto estabanado no meio da agitação da briga.
Neste caso também, a cena destoa da versão divulgada tanto por Moraes, que diz que o empresário empurrou seu filho e deu um tapa em seus óculos, mas também pelo casal, segundo o qual houve uma discussão acalorada, com graves ofensas a Andreia, e que Mantovani “precisou conter os ânimos do jovem ofensor”.
As imagens também mostram que, depois disso, o genro do casal, Alex Zanatta, se aproxima e fica conversando com a sogra e o filho do ministro. Só nesse momento surge Alexandre de Moraes, tentando tirar o filho do local para voltar para a sala VIP. Zanatta então saca o celular e começa a filmar. Na cena seguinte, Moraes vira para o rapaz e diz algo.
No vídeo apresentado pelo advogado do casal de empresários, Ralph Tortima, Moraes os chama de bandidos, mas não se sabe o que foi dito antes e nem depois. Na descrição dos policiais federais que já analisaram as cenas, é possível ver que Moraes se volta para dar uma resposta a algo que foi dito.
Como o advogado Ralph Tortima não entregou os celulares e, ao mesmo tempo, não há sinais de agressão nos gestos de Moraes e seu filho, o laudo final deverá pesar no inquérito a favor da versão do ministro.
A polícia ainda avalia se é o caso de pedir alguma ordem adicional de apreensão para checar as imagens. Mas, se ficar tudo como está, o grupo de brasileiros que se envolveu no entrevero com o ministro do Supremo muito provavelmente acabará indiciado por crimes contra a honra, agressão e atos antidemocráticos.
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