BRASIL
Sem Sair de Casa: Sites ajudam a encontrar cara metade

Por Thamires Tavares

Foi-se o tempo que os casais precisavam de um contato físico para despertar o sentimento. Nada mais de trocas de olhares, suspiros apaixonados ou mãos dadas. Para alguns, a melhor ferramenta da conquista é o mouse. Atendendo a essa demanda, surgem redes sociais especializadas em facilitar o envolvimento entre os que buscam um relacionamento sem sair de casa. Traçando perfis a partir de perguntas sobre as características de cada participante, os sites de relacionamento desenvolvem a sua maneira mais certeira de formar os pares.
A primeira característica em comum entre os participantes é a vontade de se relacionar online. A partir disso, a internet oferece redes variadas, das mais gerais às específicas. O "Parperfeito" e o "eHarmony" são redes pagas que fazem a busca por parceiros ideais de acordo com informações dadas no perfil feito pelo usuário. Fundado pelo psicólogo clínico Neil Clark Warren em 2000, o "eHarmony" funciona através do "Processo Científico de Compatibilidade eHarmony", que promete gerar relacionamentos todos os dias através de um Estudo de Personalidade traçado por perguntas feitas aos associados.
Apesar desses questionários que pretendem indicar os melhores perfis para cada pessoa serem detalhados, é preciso ter cuidado na eficiência do método utilizado. Traçar um perfil de uma pessoa é algo muito difícil, pois as pessoas sempre descrevem o melhor de si, explica o psicólogo doutorando do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), Leonardo F. Nascimento. "Existe um descompasso entre a vida real e virtual. Assim como as pessoas idealizam as outras, muitas também se idealizam", diz o psicólogo.
Há também redes para públicos segmentados. Para aqueles que já possuem relacionamento, mas tem interesse em casos extraconjugais, o site Ashley Madison estampa o lema "A vida é curta. Curta um caso", na sua página inicial. A rede é líder mundial em promover encontros entre pessoas casadas, segundo o próprio site.
Já a rede "Amor em Cristo" é especializada em promover o encontro entre evangélicos, e detém grande número de depoimentos de casos em que através do cadastro do site casais seguiram até o altar. "O topo do nosso bolo de casamento tinha um netbook com a frase 'O amor em Cristo nos uniu' na tela", conta Carine, que conheceu o seu atual marido Carlos Eduardo através do site.
Sucesso entre os homossexuais, diversas redes são específicas para o público. O Leskut, que se descreve como "uma Rede Social voltada para mulheres que amam mulheres" existe desde 2008. A rede é gratuita e conta com mais de 30 mil mulheres inscritas, segundo dados do próprio site. O aplicativo para o público gay masculino Grindr possui mais de 3 milhões de usuários em 192 países, de acordo com informações do aplicativo.
Ele funciona fazendo uma varredura a procura de outros smartphones com o aplicativo instalado nas redondezas e atrai usuários à procura de encontros. "Há quem procure por um encontro casual, mas também existe espaço para encontros duradouros. Outras pessoas são mais tradicionais e conversam por dias, marcam de sair, como se tivessem se conhecido na rua ou em qualquer outro lugar que não por intermédio do aplicativo" relata Alexandre Galvão, usuário do Grindr.
O sucesso desses sites de relacionamento pode ser associado à correria do dia-a-dia. "Nós vivemos em uma sociedade urbana complexa. É muito difícil conhecer automaticamente as pessoas. Tendemos a nos isolar à medida que convivemos com mais pessoas. O uso das redes sociais facilita essa aproximação", esclarece Leonardo. Porém, essa procura desenfreada pelo perfeito nos sites de relacionamento pode não ter tanto resultado. Para o psicólogo, as relações são mutáveis e feitas de altos e baixos. "A sociedade tende a ter dificuldade de aceitar o lado sombrio do amor. As pessoas querem atingir um certo padrão de qualidade relacional inexistente, ao meu ver", completa.
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